Congregação Judaica Shaarei Shalom – שערי שלום

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  1. Judaísmo: a religião monoteísta mais antiga. Família – O judaísmo é uma religião da família. Os judeus se consideram parte de uma comunidade global com laços estreitos com outros judeus. Grande parte da fé judaica é baseada nos ensinamentos recebidos no lar e nas atividades em família. [1]
  2. Como vivem as Famílias Judaicas – A vida familiar, tão importante no judaísmo, gira em torno do Shabat, das festas e refeições familiares. Isto inclui aprender, cantar e conversar. A comida casher e a separação de carne e do leite são traços importantes da maneira judaica de viver. Os princípios do comportamento de uma família judaica incluem: honrar os pais, ajudar aqueles que têm menos possibilidades, respeitar os mais velhos, dar hospitalidade aos estrangeiros, visitar os doentes e não fazer fofoca ou mentir sobre outras pessoas. A educação judaica começa em casa. As crianças aprendem pelo exemplo e são incentivadas a praticar os rituais judaicos desde a infância.

Mezuzá – Toda casa judia deve ter uma mezuzá pregada no umbral de suas portas. Esse pergaminho escrito á mão contém a Shema, a reza mais importante, e deve ser fixado no lado direito do batente. Há uma celebração familiar especial para a colocação da mezuzá na porta da frente de uma nova casa. Normalmente a mazuzá é enrolada dentro de uma caixa especial. [2]

III. Momentos importantes na vida de um Judeu

Circuncisão – Aos oito dias de vida, o menina é circuncidado, para mostrar sua entrada no pacto da Abraão. Ele recebe um nome judaico e todos rezam para que seja abençoado com o estudo da Torá, casamento e boas ações. Uma menina pode receber o nome na sinagoga, por seu pai, logo após o nascimento ou em uma cerimônia especial. [2]

Pidyon Haben: a mitsvá de redimir o primogênito – A Torá menciona que todo primogênito é sagrado para D’us. Esta mitsvá é mencionada três vezes na Torá. O que éCada judeu (exceto cohen ou levi) deve redimir seu filho primogênito nascido (de parto natural, sem aborto anterior) de mãe judia (não filha de cohen ou levi) no 31º dia de vida, com cinco shecalim (moedas de prata equivalentes a 101 g de prata pura). Esta quantia de resgate deve ser entregue, em prata, ao cohen durante a cerimônia. Se o 31º dia coincidir com Shabat ou Yom Tov, (que proíbe transações comerciais) deve ser adiada para o dia seguinte. Origem – Os primogênitos foram inicialmente escolhidos por D’us para exercerem os deveres do sacerdócio (kehuná) em virtude de terem sido poupados quando o Criador matou os primogênitos egípcios. Entretanto, quando os primogênitos judeus executaram os rituais sacerdotais diante do bezerro de ouro, esse chamado sagrado foi transferido para os cohanim. A fim de libertá-los legalmente dessa obrigação original, eles devem ser resgatados com cinco moedas de prata (shecalim), pagos a um cohen. O procedimento deste resgate não se aplica a um primogênito cujo pai é um cohen ou levi, ou a mãe filha de cohen e levi. [3]

Bar Mitzvah – Aos 13 anos, o menino se torna Bar Mitzvah filho da obrigação, e adquire as obrigações legais e religiosas dos adultos. Por exemplo, deve usar filactérios, duas caixinhas pretas amarradas com tiras de ouro, todas as manhãs, como o menino á esquerda está aprendendo. O Bar Mitzvah é celebrado em muitas comunidades, chamando-se o menino para ler a Torá na manhã do Shabat, um privilégio do adulto. O Bar Mitzvah toda a leitura matinal da Torá e diz as bençãos pela primeira vez.

 Bat Mitzvah – A menina celebra o Bat Mitzah aos 12 anos. Entre os progressistas, ela pode aprender a ler a Torá. As meninas ortodoxas podem celebrar seu Bat Mitzvah na sinagoga, em casa, na escola ou em uma cerimônia no domingo á tarde.

Casamento – Os casamentos judaicos, mais do que qualquer outra cerimônia, variam em cada país. Podem ser cerimônias informais, ao ar livre, ou muito formais, na sinagoga. Todos os casamentos têm a Chupá ou, Pálio Nupcial, o símbolo da nova casa do casal. A noiva sempre cobre o rosto com o véu e o noivo quebra o copo para lembrar a destruição dos dis templos.

 Morte e Luto – Os judeus ortodoxos são enterrados, mas alguns progressistas permitem a cremação. Depois do funeral, os familiares da pessoa falecida observam o shiva, um luto de sete dias. Sentam em cadeiras  baixas e recebem a família e os amigos para rezar, confortá-los e trazer-lhes comida. Todos os anos, acende-se uma vela e faz-se uma prece especial na data da morte. [2]

  1. O que os Judeus fazem no Shabat

Á luz de Velas – O Shabat começa em casa, com o acender de pelo menos duas velas, que simbolizam a alegria e o sagrado, e uma bênção. Algumas famílias adicionam uma outra vela para cada criança. Quem acende as velas, em geral as mulheres, dá as boas vindas ao Shabat com um gesto sobre as velas, depois cobre os olhos.

 Lendo a Torá – Cada Shabat recebe o nome do trecho da leitura semanal da Torá, a parte central do serviço matinal. O rolo da Torá, o objeto mais sagrado do judaísmo, é levado para a bima, a mesa de leitura no palco, em uma procissão. É uma grande honra ler a Torá, como rabino á direita, ou ser chamado para ficar de pé na bima durante a leitura.

 Havdalá – Assim como sua chegada, a partida do Shabat é celebrada com orações e cerimônias. Quando podem ser vistas três estrelas, o Shabat é suspenso até a próxima semana e celebra-se Havdalá com uma bênção sobre o vinho, especiarias e uma vela trançada. Isso é separação entre o sagrado do Shabat e os dias comuns da semana. As crianças se revezam pars segurar a vela e sentir o cheiro doce das especiarias. [2]

  1. Calendário Judaico – O calendário judaico tem 12 meses lunares, e não solares, como o calendário civil. Cada mês judaico tem 29 ou 30 dias e cada ano é 11 dias mais curto que o civil. O calendário judaico tem de seguir o calendário civil, para que as festas não caiam em estações trocadas . Para isso, o calendário tem anos bissextos, com um mês extra de Adar em janeiro-fevereiro. O mês normal de Adar é chamado Adar 2. Existem sete anos bissextos a cada 19 anos. Há uma celebração, Rosh Chodesh para o começo de cada mês.

Iom Haatsmaut – O dia de Independência de Israel é a única festa que foi adicionada ao calendário em séculos. O Estado de Israel foi criado pelas Nações Unidas em 14 de maio de 1948. Esta data é comemorada em comunidades judaicas de todo o mundo e, em Israel, com feriado nacional. A celebração inclui agradecimentos e festas com danças típicas.

Mês – Duração – Equivalente ao calendário gregoriano

Nissan  30 dias  Março-Abril   Iyar  29 dias  Abril-Maio                  Sivan  30 dias  Maio-Junho 

Tammuz  29 dias  Junho-Julho                  Av  30 dias  Julho-Agosto     

Elul  29 dias  Agosto-Setembro                  Tishrei  30 dias  Setembro-Outubro 

Heshvan  29/30 dias  Outubro-Novembro  Kislev  30/29 dias  Novembro-Dezembro 

Tevet  29 dias  Dezembro-Janeiro     Shevat  30 dias  Janeiro-Fevereiro 

Adar  29/30 dias  Fevereiro-Março   Adar II  29 dias  Março-Abril 

  1. Quais são os Lugares sagrados dos Judeus? O lugar mais sagrado do judaísmo era o Templo, construído no monte Moriá em Jerusalém. Ele foi destruído pelos gregos . O segundo Templo, construído no mesmo lugar, foi destruído pelos romanos. Um outro lugar sagrado em Jerusalém é o monte das Oliveiras, um cemitério. Ainda que os locais onde foram enterrados Moisés (Moshê), Aron e Miriam não não sejam conhecidos, os túmulos de outros líderes são locais de peregrinação e oração. Estes incluem a tumba de Davi, a caverna de Machepelah (onde foram enterrados os patriarcas Avraham (e Sará), Isaac e Jacob) e tumbas de muitos rabinos famosos.

Parede do Templo – A única parte remanescente dos dois templos é a parede ocidental, também conhecida como Muro das Lamentações, em Jerusalém. Judeus e não judeus de todoo mundo o visitam. Os peregrinos vão rezar sozinhos ou em grupo, e olocam pequenos pedaços de papel com orações e pededos entre as pedras sagradas do muro.

 Jerusalém – Jerusalém, a cidade judaica mais sagrada na Terra, abrigou os Templos por centenas de anos. Sagrada também para os cristãos e muçulmanos, nela oram pessoas de todas as fés. Jerusalém foi designada como capital pelo rei Davi há cerca de 3.000 anos e foi a capturada por muitos governantes que a queriam apenas para membros de sua própria fé. As Cruzadas foram guerras religiosas que começaram em 1096 porque o papa queria tomar Jerusalém dos muçulmanos.

Jerusalém de Ouro – Israel é um país pequeno com cerca de: 5.239.000 habitantes, tem uma Área: 21.946 km, sua capital é: Jerusalém, Língua: Hebraico e inglês, Org. política: República. Jerusalém, a capital de Israel, esta situada no centro do pais, aninhada as colinas da Judeia. Suas pedras milenares, impregnadas por milênios de historia e seus numerosos pontos históricos, santuários e locais de culto, atestam sua importância para os judeus, cristãos e muçulmanos. Sua moderna arquitetura, seus jardins bem cuidados, as zonas industriais, as periferias da cidade e os subúrbios em permanente expansão, proclamam suas expectativas em relação ao futuro.

VII. Festas que os Judeus Comemoram

Rosh Hashaná – O Rosh hashaná marca o início do ano novo judaico. Entre os principais preceitos estão o toque do shofar e refeições festivas. É costume as famílias se reunirem em refeições festivas.

Iom Kipur – Dez dias depois de Rosh hashaná, é o dia da expiação. Os principais preceitos são serviços religiosos, jejum, toque do shofar, compenetração, expiação.

Sucot – Festa das Cabanas – são erguidas sucot. Espécies necessárias ao rito especial da prece festiva: a palma, o cidrão, ramos de murta e galhos de salgueiro.

Shmini Atzeret  e Simchat Torá – Caracterizam por danças em público, com a Torá, e pela recitação dos capítulos final e inicial da mesma, renovando-se assim o ciclo anual de leitura.

Chanucá – comemora o triunfo dos Judeus, sob a liderança dos Macabeus, contra os dominadores gregos. Acende-se velas todas as noites até completar oito velas, começando com uma na primeira noite, duas na segunda, etc.

Tu Bishvat – Data de referência quanto ao ano sabático para as frutas das árvores, do ambientalismo como símbolos.

Purim – Recorda o salvação da comunidade judaica do Império Persa.As crianças  se fantasiam e são feitos donativos (em alimentos), leitura do livro de Ester, troca de doces e frutas.

Pessach (A Pascoa Judaica) – Comemora o Êxodo do Egito e a libertação da escravidão. Nas primeiras e segundas noites são realizados os sidurim que inclui a leitura da Hagadá e come-se  alimentos somente alimentos não fermentados, particularmente a matzá. A Hagadá conta a odisséia do povo judeu na saída do Egito.

Iom Ha’atzmaut – É o Dia da Independência, o aniversário da Proclamação do Estabelecimento do Estado de Israel, em 14 de Maio de 1948. No calendário judaico corresponde ao dia 5 de Iyar.

Lag Baomer – Caracterizada por fogueiras, em comemoração a eventos ocorridos durante a revolta de Bar Kochbá contra os romanos. É o 33º dia da contagem do Omer (vide Shavuot).

Iom Ierushalaim – Marca a reunificação de Jerusalém, capital de Israel, em 1967, que estava dividida por muralhas de concreto e cercas de arame farpado quando em domínio da Jordânia (de 1948 a 1967).

Shavuot – Final da colheita de cevada e início da colheita do trigo. Aniversário da entrega da Torá no Monte Sinai. É o período entre a saída do e a entrega da Torá (contagem do Omer – são contados 49 dias entre Pessach e Shavuot. É um período de semi-luto).

Datas tristes comemoradas –  

Iom Hashoá – Dia da Recordação dos Mártires e Heróis do Holocausto – honra-se a memória dos 6 milhões de Judeus assassinados pelos nazistas durante a segunda guerra. Neste dia, em Israel, as sirenes de alarme soam  e guardam-se 2 min. de silêncio, sob o lema de “lembrar e recordar – jamais esquecer”.

Iom Hazikaron – O Dia de Recordação dos Caídos nas Guerras de Israel é dedicado à lembrança de todos aqueles que pereceram nas lutas pelo estabelecimento do Estado de Israel e por sua defesa. Em Israel, são guardados 2 min. de silêncio, juntamente com o toque das sirenes.

Tishá Be’Av – Data da destruição do Primeiro e do Segundo Templo. Neste dia são observados ritos de privação e, semelhantemente a Iom Kipur, de “aflição da alma”, inclusive um jejum completo por um dia.

VIII. Em quem os Judeus acreditam?

Existe uma grande quantidade de crenças judaica. Os judeus progressistas acreditam que der judeu lhes permite participar da cultura comum, enquanto os judeus ortodoxos tentam manter todas as leis e costumes estabelecidos durante séculos. A crença básica da religião judaica é a existência de um D’us único, eterno e indivisível. Os judeus também acreditam que foram escolhidos para receber de D’us a Torá (o Pentateuco) a primeira parte do Tanach ( a Bíblia judaica). Eles acreditam que, percebendo os seus vários significados e vivendo de acordo com as suas leis, podem espalhar justiça por todo o mundo. Creem também que, no momento certo, virá o Messias (Moshiach), para trazer a perfeição a este mundo. As boas ações serão largamente recompensadas no mundo Vindouro.

As Tábuas da Lei – Os judeus acreditam que, sete semanas depois que os israelitas deixaram o Egito, D’us escolheu-os para receber a Torá. Moisés subiu no Monte Sinai, ouviu a Torá e trouxe os Mandamentos gravados em tábuas de pedra. As tábuas eram guardadas na Arca, caixa especial de ouro, dentro de uma tenda magnífica, o Tarbernáculo ao ar livre.

A Estrela de Davi – A estrela de Davi, de seis pontas, ou selo de Salomão, também chamada de Magen Davi tornou-se um símbolo dos judeus no fim de Idade Média. Em tempos anteriores, ela figurava também em símbolos cristãos e islâmicos. Foi mais tarde, adotada pelo movimento sionista e na bandeira de Israel. Em 1948, depois de quase 2000 de exílio, o Estado de Israel foi reestabelecido como o Lar Nacional Judaico. A nova bandeira foi apresentada na ONU em 1949. A bandeira é símbolo do orgulho do retorno da Nação Judaica ao seu lar.

  1. Orações dos Judeus

Rezando pela Manhã – (a pessoa religiosa) ortodoxo, faz seu rito matinal (durante) a semana. Ele cobre a cabeça com o solidéu, também chamado yarmulke ou kippah, e os ombros com o tallit, ou manto de orações. As tiras de couro na testa e no braço são os filactérios, ou tefilin, á cabeça e próximo ao coração. Filactérios são duas caixinhas com orações, usadas para lembrá-lo da importante mensagem da Shema. (Também, rezar pela a tarde e a noite durante a semana.)

Oração Shema (Yisrael)  – Escuta ó Israel, o Eterno é nosso D’us! O Eterno é Único. Bendito sejam o nome e a glória do seu Reino por todo o sempre. “Amarás ao Eterno, teu D’us, de todo o teu coração, de toda a tua alma e de toda tua força. Que estas palavras que hoje te ordeno sejam gravadas no teu coração! Tu as ensinarás aos teus filhos, falando delas ao te sentares na tua casa, quando estiveres caminhando, ao te deitares e ou te levantares. E as atarás de sinal á tua mão e as manterás com um símbolo entre os teus olhos. E as escreverás nos batentes da tua casa e nas tuas portas.”

 Abençoando as crianças – Antes de refeições, nas sextas e nas noites de festas, os pais abençoam seus pedindo a D’us que os proteja. A bênção das meninas evoca as boas qualidades das quatro matriarcas do povo judeu: Sara, Rebeca, Raquel e Léa. Os meninos recebem as bençãos de Jacó para os seus netos, Efraim e Manashe.

  1. Cozinha Judaica – As leis do ‘kashrut’ são referentes aos hábitos alimentícios dos judeus, essas leis encontram duas explicações totalmente opostas uma a outra. A primeira afirma que esse modo de se alimentar foi instituído para garantir a saúde do povo, fazendo com que só fossem ingeridos pelos judeus alimentos com poucas chances de serem “sujos” ou portadores de doenças. A segunda diz que qualquer melhoria na saúde do povo judeu foi totalmente inesperado, e que a única razão para que fossem observados esse modo de alimentação está na Bíblia (Levictus 11:44-45). Os rabinos da época talmúdica não fizeram comentários a respeito das lei do ‘kashrut’, e as classificam como sendo mandatórias, ‘chukim’, ou seja, cuja razão está além das capacidades humanas. Independentemente da razão dessas leis, foi concluído que elas treinam-nos a tornar-nos mestres de nossos apetites; nos acostumam a restringir nossos desejos; e evitam que comer e beber tornem-se a razão da existência de um homem.

Essas leis tornaram-se um fator de união dos judeus, lembrando sempre de suas origens. A única razão apresentada par isso na Bíblia é D’us afirmando que Ele é sagrado e quer que Seu povo também o é. A palavra sagrado, em Hebráico “kedusha” deriva da palavra “kadosh”, cujo significado é ‘separado’. Algo que é sagrado é algo diferente, e o povo de Israel tinha que ser diferente, diferente de seu “vizinhos” que referenciavam falsos ídolos. Todo tipo de comida próprio para ser ingerido é chamado de “kosher” ( palavra derivada de ‘Kasher’, em Hebráico, que significa “bom” e “próprio”), porém essa palavra inicialmente não era utilizada para se referir a comida. Primeiramente, essa palavra (‘Kasher’) tinha o significado de “bom”, posteriormente a literatura rabínica usou-a para os objetos utilizados nos rituais (‘talit’, ‘tefilin’ , etc…) e significava “próprio para o uso em rituais”. Hoje ela também é usada para designar as pessoas que são “próprias” e capazes de julgar o que é “próprio” e “bom”.

A palavra “terayfa” é utilizada para descrever comida não “kosher”, essa palavra significa rasgado e seu uso vem do livro do Êxodo (22:30) que não se deve comer carne que tenha sido “rasgada” por outro animal, ou seja não se deve comer um animal morto por outro. Posteriormente essa palavra foi extrapolada para definir aquilo que não se deve comer. [2]

  1. Família Judaica por Valmir Sarmento

Desde pequeno ouço meus avós e minha mãe falando: não coma carne de porco e nem peixe de couro. É remoso, diziam. Não sabíamos, eu e meus irmãos, que eles não tiraram esta recomendação de suas cabeças, mas da tora e das tradições judaicas de nossa família.

As “coincidências” não paravam por aí. Outro fato que nos chamou a atenção foi que o nome do nosso avô era Naasom. Esta escrita estava de acordo com a transliteração do nome do personagem relatado no Pentateuco e no talmud, livro de costumes judaicos, que se lançou ousadamente sobre o mar Vermelho, sob ordem de Moisés, para vê-lo abrir.

Descobrimos também que nosso avô se reunia frequentemente com a comunidade judaica de Recife e que muitos judeus falavam que ele era parte da família.

Cada vez mais fomos encontrando fortes indícios de que a nossa família procedia mesmo de origem judaica . Meu irmão, Valdemir encomendou uma pesquisa e descobriu que a família Sarmento é oriunda da Espanha, de judeus sefaradi (espanhóis em hebraico) que plantavam uvas. Daí talvez venha o sobrenome, que significa ramo ligado à Videira. Da Espanha eles migraram para Portugal e de lá para terras brasileiras, no nosso caso, para o Recife, como cristãos-novos. Porém nossa imigração foi mais recente. Meu bisavô, Perciliano Espíndola Sarmento, nasceu na Espanha e veio para o Brasil por volta do início do século XX, ainda não sabemos o por quê.

Paralelamente, o amor pelo povo de Israel, independente destes indícios, foi crescendo no seio de nossa família. Começamos a guardar o shabat, as festas e o estudo da Torá de acordo com a tradição judaica.

Desde que compreendi nossa história, sensibilizei-me com o drama do povo judeu sefaradi. Passei, então, a estudar a história desses tais cristãos novos. A inquisição que assolou a Europa fez com que muitos dos judeus fossem deixando suas terras, fugidos da intolerância religiosa. Muitos vieram para o Brasil. Forçados a se converter ao cristianismo, daí o termo cristão-novo. Sempre ouvi histórias que nossa família tinha terras na Espanha e que tínhamos direito a elas. Bastava irmos lá reivindicar. Ninguém nunca levou essa história a sério, mas ela coincide com a história dos judeus sefaradi. Mas mesmo debaixo dessa forte perseguição, alguns cristãos novos conseguiram guardar certas tradições pelas gerações, no nosso caso o costume de não comer carne de porco e os nomes judaicos. Foram misturando sua herança judaica ao cristianismo, e, com o tempo, esquecendo-se dos costumes de seus antepassados.

Quando decidimos, como família, resgatar as raízes de nossos antepassados, entendemos que talvez seja um caminho longo a prosseguir. Estamos cada vez mais entendendo o judaísmo de nossos pais e compreendendo que ele não se contradiz. Pelo contrário, ele se completa e se confirma no messias. Independentemente do nosso retorno aos costumes de nossos antepassados, compreendemos que muito mais importante é que fazemos parte de um movimento que vem crescendo no Brasil e em todo o mundo: a restauração da Igreja do Senhor na Terra. Creio que este é o motivo de tal revelação para nossa família nestes dias. Queremos nos unir aos muitos irmãos que se empenham para dizer à Igreja que ela precisa voltar às suas origens. E suas origens não estão em outro lugar se não conectada ao povo de Israel. [4]

Fontes:

[1] http://noticias.terra.com.br/mundo/noticias/0,,OI141894-EI312,00-Judaismo+a+religiao+monoteista+mais+antiga.html

[2] http://jerusalemdeouro.tripod.com/index.html

[3] Chabad: http://www.chabad.org.br/ciclodavida/index.html

[4] 18/04/2009  – http://valmirsarmento.wordpress.com/2009/04/18/familia-judaica/

Coordenador: Saul Stuart Gefter



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