- Introdução – O judaísmo é uma religião da família. Os judeus se consideram parte de uma comunidade global com laços estreitos com outros judeus. Grande parte da fé judaica é baseada nos ensinamentos recebidos no lar e nas atividades em família.
A cerimônia de circuncisão, por exemplo, acontece no oitavo dia de vida de um bebê do sexo masculino, seguindo assim as instruções que D’us deu a Abraão, mais do que 5 mil anos atrás. Um outro exemplo é a refeição do Shabat celebrada em família, etc. [1]
- O Quinto Mandamento – O ABC da honra aos pais (por Rabino Shraga Simmons)
- No Judaísmo, todos os dias é o dia dos pais e das mães – É um dos Dez Mandamentos, próximo do mandamento que nos manda acreditar em D´us e “não matar”. O Talmude diz que está é a mitzvá mais difícil de se cumprir. Mas, o que há de tão especial na mitzvá de honrar os pais?Muitas pessoas pensam que honrar os pais é como se fosse um pagamento pelo que fizeram pela gente, como trocar as fraldas e pagar a escola. Atualmente, esta mitzvá foi dada a geração que passou 40 anos no deserto, onde D´us provia todas as necessidades do Povo. Os pais não alimentavam seus filhos, pois tinham o maná para comer. Os pais não precisavam comprar roupa, pois cresciam com elas e também não havia necessidade de lavar roupas. Entretanto, esta foi a geração que esteve no Monte Sinai e ouviu D´us dizer: “Honre seu pai e sua mãe”.
Aprendemos daí uma grande lição: que não honramos nossos pais pelos que nos deram ou porque foram bons pais. Muito além disso, honramos os pais por terem nos dado o presente da vida.Imagine você se afogando e um estranho lhe salve. Você estará em débito com esta pessoa a vida inteira. Por isso, devemos ser gratos pelos nossos pais, pois eles nos deram o presente da vida.
O Talmude ensina que há 3 parceiros na formação de uma pessoa: o pai, a mãe e D´us. Se somos gratos aos pais por terem nos dado o presente da vida, então seremos muito gratos a D´us por criar e sustentar o mundo todo, por nos dar o ar que respiramos, as flores e o solo em que andamos. Honrando as pessoas que nos deram a vida, aprendemos a não ser mal-agradecidos e desenvolvemos o valor de fazer bondade ao próximo. Com esta introdução, vamos à pratica de “como” honrar os pais. - Como honrar – Há 2 partes nesta mitzvá: Honre seus pais (em hebraico, kibud av v ‘eim) – que são os mandamentos positivos, o que sim devemos fazer. Venere seus pais (em hebraico, morah) – que são os mandamentos negativos, ou seja, o que não devemos fazer. A maneira fundamental de honrar os pais é cuidar de suas necessidades, o que inclui, especificamente: Dar ajudar em tudo possivel… Se possível, é preferível morar próximo dos pais, para melhor atender suas necessidades. Realmente, o Talmude conta que não há limites para esta mitzvah…
…Devemos…entender o fato de que os pais têm uma preocupação natural pelos filhos. Tente manter contato e comunicar….especialmente quando estiver viajando…para que saibam que voltou bem para casa. Se seus pais estão idosos e enfermos, o filho deve cuidar e organizar tudo para o seu devido cuidado…E, é claro, não devemos deixar que os pais pensem que são um peso na sua vida, ou que o fato de ajudá-los seja uma obrigação para você. Como gratificação adicional, quando seus filhos virem o cuidado que você tem com seus pais, irão aprender a importância desta mitzvá. Isto é, a vez deles cumprirem a mitzvá com seus pais.
- Admiração – A honra aos pais vai muito além do que simplesmente fazer “favores” . Um princípio desta mitzvá é admirar seus pais e considerá-los pessoas eminentes. Como, por exemplo, se por acaso ouvir pessoas falando de forma negativa sobre seus pais, é sua função falar e defender sua honra perante as pessoas a sua volta. Devemos, mais do que isso, fazer um esforço específico para amar nossos pais, a ponto de acharmos que são nossos heróis! …A definição da palavra amor é: “o prazer de identificar pessoas com suas virtudes”. Assim, você deve descobrir as qualidades que fazem de seus pais pessoas extraordinárias, entre as outras. Quanto mais ciente estiver de suas virtudes, mais irá apreciá-los e honrá-los. Embora algumas vezes não desenvolvemos este chamado “amor”, a obrigação de honrá-los continua.O Talmude sugere outros caminhos para reforçar a admiração: Se você precisar de um favor, …aumenta a estima por seus pais aos olhos dos outros. Outra forma de admiração é se levantar quando seus pais entram no quarto ou na sala. À 1° vista pode parecer estranho para uma sociedade moderna. Mas…em geral, um filho deve satisfazer as vontades de seus pais avidamente, porém há alguns limites…alguma coisa que viola as leis judaicas, …quando ele lhe pede para fazer algo doloroso, humilhante, etc…a fazer algo que seja perigoso ou que não seja saudável para os pais.
Há 3 áreas específicas, devido a sua natureza pessoal intensa, em que o filho não deve respeitar os desejos de seus pais: Na escolha de com quem se casará; Maximizar o estudo da Torá; Se quiserem se mudar para Israel.
- Temor e Reverência – Além da mitzvá de honrar os pais, existe um segundo aspecto de temor e reverência. Os pormenores de como cumprir esta parte da mitzvá depende da sociedade em que vivemos. Mas o princípio básico é que deve haver linhas claras: “Eu sou o pai e você é meu filho. Nós não somos iguais”.Alcançamos isto observando algumas diretrizes: …Porém, validar a opinião dos pais quando estes não estão presentes, faz com que você dê honra a seus pais. Não chame seus pais pelo seu primeiro nome…etc… Não levante a voz nem fale de forma desrespeitosa ou que humilhe seus pais. Além disto, bater ou amaldiçoar seus pais é uma transgressão extremamente séria. Às vezes, pode parecer desconfortável para os pais essas regras de honrar, especialmente quando devem ensinar aos filhos (e reforçar) aos filhos mais jovens. Mas, é importante ter em mente que muito mais do que honrar os pais, estaremos instilando em nossos filhos boas características de caráter, lhes dando estrutura para os relacionamentos futuros com amigos, colegas, filhos e com D´us.
- Honra póstuma – A obrigação de honrar os pais ainda permanece depois de seu falecimento. Quando nos referimos a um pai ou mãe que faleceram, deve-se acrescentar uma expressão de honra, como no exemplo abaixo:
“Meu pai, zichrono Li ‘vrachá” , ou seja, de abençoada memória. (Para uma mãe, a primeira palavra é zichroná).
“Meu pai, alav ha ‘shalom” , que descanse em paz. (Para uma mãe, a primeira palavra é aleh ‘há).
Se a pessoa for casada e tiver filhos, dar o nome de seus parentes falecidos, como pais, avós e outros parentes é considerado uma honra para seus pais. Há também o costume sefaradi de dar nomes dos parentes vivos.
Outras formas de honrar os pais postumamente incluem: Dar tzedaká em seu nome. Recitar o Kadish nos primeiros 11 meses depois da morte, e em cada yurtzait (aniversário da morte)
Fazer a oração de Yizkor nos feriados judaicos Acender uma vela em seu yurtzait (aniversário de morte) Segurar a Torá no yurtzait. Aumentar seu compromisso com a Torá e as Mitzvot é uma grande fonte de mérito para seus pais, mesmo depois que falecerem.
- Os parentes – Há também um número de parentes secundários que os filhos também têm a obrigação de honrar: Avós – Sogros – Padrastos e madrastas – Irmãos mais velhos – Tios e tias
Num caso de reivindicações conflitantes, a honra aos pais vem em 1° lugar.
E, a obrigação de honrar os parentes não inclui os aspectos descritos em “temor e reverencia”… etc. E, finalmente, todos os pais têm um desejo profundo de ver sua família em paz um com o outro. Então, os filhos devem levar em consideração este desejo, e tomar cuidado, evitando brigas com irmãos e outros parentes, para não causar dor a seus pais.
- Quando os pais são pessoas difíceis – Na realidade os pais não são perfeitos. E muitos deles podem ser objetivamente problemáticos. Porém, não importa o quão complicado seja o comportamento do pai, o filho deve honrá-lo e respeitá-lo. E esta regra também se aplica quando um pai biológico abandona seu filho ou se é um pai rude, desagradável ou embaraçoso. O Talmude conta sobre uma mãe que cospe no rosto do seu filho, mas, mesmo assim o filho preserva sua compostura e continua a honrá-la.
Ao mesmo tempo, enquanto a honra aos pais é uma tremenda mitzvá, também é preciso ser responsável por seu próprio bem-estar. Não é permitido arriscar sua saúde emocional ou física por causa de seus pais. Então, se o filho não consegue lidar com o comportamento dos pais, é permitido que mantenha distância. Porém, a mitzvá ainda existe… E deve sempre ter consideração aos pais por terem lhe dado o presente da vida. Com certeza, tudo isto não isenta um pai que seja abusivo. Pelo contrário, os pais não devem ser excessivamente rigorosos com relação a sua honra, e podem até escolher privar-se dela quando apropriado.
Os filhos são como jóias que os pais possuem e devem, por sua vez, polir e educar. Aqueles que falham em seu dever de construir uma relação afetuosa e amorosa com seus filhos, pagarão um alto preço por esta negligência.
- Paradigma divino – Como mencionado anteriormente, a honra aos pais serve como um trampolim para a gratidão que devemos sentir com relação a D´us. Mas, este assunto vai mais a fundo. Os comentaristas enfatizam que os primeiros cinco dos Dez Mandamentos, isto é, a primeira tábua, possui mitzvot que dizem respeito ao homem e D´us: não sirva a ídolos, não use o nome de D´us em vão, etc. Já a segunda tábua possui mitzvot que se referem ao homem com o homem: não assassine, não roube, etc.
Onde se encontra a mitzvá de honrar os pais? No primeiro conjunto de 5. Pois desde o momento da infância e mais além, a forma como os pais atuam com seus filhos cria, na consciência da criança, um paradigma de como D´us se relaciona conosco. O papel fundamental dos pais, então é falar a seus filhos: “Nós lhe amamos muito. Você é único e especial, criativo e talentoso. Nós nos preocupamos e cuidamos sempre de você”.
A mensagem mais importante que os pais devem passar é: “você não está sozinho no mundo”. Esta idéia é o fundamento de nossa relação com D´us. Uma pessoa pode estar numa situação terrível, como enfermidade, pobreza ou guerra, mas, ainda assim, sabe que D´us está com ele.
Se um pai é indigno de confiança e não se importa com o sentimento do próximo, é uma pessoa muito severa ou permissiva, o filho, subconscientemente fixará em sua mente que D´us também é assim e este é um obstáculo emocional difícil de superar mais tarde na vida.
Um pensamento final: Com o progresso da sociedade, os filhos tendem a se sentir “à frente” de seus pais. Certo, as crianças hoje em dia são mais tecnologicamente desenvolvidas, e estão sempre de olho na música e no que está na moda atualmente. Mas, na consciência judaica, os pais devem ser respeitados, pois são a fonte de nossa tradição. Em outras palavras, nossos pais não somente nos deram o presente da vida, como também são nossa conexão com nossa herança judaica. [2]
III. A mulher no Judaísmo (ponto de vista ortodoxo) – Numa família judaica, a esposa e mãe é chamada em hebraico Akeret Habayit. Isso significa literalmente o “esteio” da casa. É ela que em grande parte determina o caráter e a atmosfera do lar.
D’us exige que todo lar judaico tenha um caráter judaico não somente no Shabat e nos Dias Festivos, mas também nos dias comuns e nos assuntos cotidianos em todos os aspectos.
O que torna um lar judaico especial é que ele é conduzido em todos os detalhes segundo as diretrizes da Torá. Assim o lar se torna uma morada para a Presença Divina, sobre a qual D’us declara: “Façam para Mim um santuário, e eu habitarei entre eles” (Shemot/Êxodo 25:5).
É um lar no qual a Presença Divina é sentida todos os dias da semana, e não apenas quando estão engajados na prece e no estudo de Torá, mas também quando realizam atividades comuns como comer e beber, etc., segundo a diretriz: “Conhece-O em todos os teus caminhos.”
É um lar onde a hora da refeição não é apenas um tempo para comer, mas se torna um serviço a D’us, santificado pela ablução das mãos antes da refeição, recitar a bênção antes de comer e dar Graças após a refeição, sendo que cada alimento ou bebida trazidos para casa são estritamente casher. Um ambiente onde o relacionamento mútuo entre marido e mulher é santificado pelo cumprimento meticuloso das leis de Taharat Hamishpachá (Leis da Pureza Familiar, que incluem a ida ao micvê – o banho ritualistico), e permeado com a consciência de um ativo terceiro “parceiro” – D’us – na criação de uma nova vida, no cumprimento do Divino mandamento “Frutificai e multiplicai”. Isso assegura também que os filhos nasçam em pureza e santidade, com coração e mente puros, que lhes permitam resistir à tentação e evitar as armadilhas do ambiente quando crescerem. Além disso, a estrita observância das Leis da Pureza Familiar é um fator fundamental na preservação da paz e da harmonia (Shalom Bayit) no lar, que assim é fortalecido – obviamente, um fator na preservação da família como uma unidade.
É um lar onde os pais sabem que sua primeira obrigação é instilar nos filhos, desde a mais tenra idade, o amor e o temor a D’us, permeando-os com a alegria de cumprir mitsvot.
Apesar do seu desejo de dar aos filhos todas as boas coisas da vida, os pais sabem que o maior, na verdade o único legado eterno que podem conceder aos filhos é fazer da Torá, das mitsvot e das tradições judaicas sua fonte de vida e um guia para a conduta diária.
Em tudo aquilo que foi dito acima, a esposa e mãe judia tem um papel fundamental, o mais importante de todos. Cabe a ela – e em muitos aspectos somente a ela – a grande tarefa e privilégio de dar ao lar sua atmosfera realmente judaica.
Ela recebeu a tarefa, e está encarregada, da cashrut dos alimentos e bebidas que entram na sua cozinha e aparecem na mesa de jantar. Ela recebeu o privilégio de dar as boas vindas ao sagrado Shabat, acendendo as velas na sexta-feira, antes do pôr-do-sol. Assim ela ilumina seu lar com paz e harmonia, e com a luz da Torá e mitsvot. É em grande parte por seus méritos que D’us concede as bênçãos da verdadeira felicidade ao seu marido e filhos, e a toda a família.
Além das mitsvot como o acendimento das velas, separar a chalá da massa, e outras que a Torá confiou especialmente às filhas judias, existem assuntos que, pela ordem natural das coisas, estão no domínio da mulher. O motivo para isso estar na ordem natural é que se origina da ordem supra-natural de santidade, que é a fonte e origem do bem no mundo físico. Isso se refere à observância das Leis da Pureza Familiar, que por sua própria natureza está nas mãos da mulher. O marido é encorajado a facilitar esta observância mútua; e certamente não impedi-la, D’us não o permita. Porém a principal responsabilidade – e privilégio – recai sobre a esposa.
Esta é a grande tarefa e missão que D’us concedeu às mulheres judias – observar e disseminar o cumprimento das Leis da Pureza Familiar e outras instituições vitais da vida familiar judaica. Pois além de ser a mitsvá fundamental e a pedra angular da santidade na vida familiar judaica, bem como estar relacionada ao bem-estar dos filhos em corpo e alma, estas leis se estendem a todas as gerações judaicas, até a eternidade. É importante salientar que o Criador dotou cada mulher judia com a capacidade de cumpri-las na vida diária, da maneira mais completa, pois caso contrário não seria lógico ou justo D’us dar obrigações e deveres impossíveis de cumprir.
Deve-se notar que o próprio Judaísmo da pessoa depende da mãe. Na Lei Judaica, se a mãe do indivíduo é judia, então ele é judeu. Se apenas o pai é judeu, mas a mãe não é, então o filho não é judeu. Este fato indica o papel fundamental da mulher na preservação da identidade e dos valores judaicos.
Isso não significa que o lugar da mulher judia é somente no lar e que ela não deveria ter uma carreira. Ao contrário, é a constatação de que o papel mais importante da mulher judia é o de dona de casa – o lar e a família são o núcleo da comunidade judaica.
Os psicólogos estão cada vez mais afirmando aquilo que a Torá sempre nos ensinou: que um lar seguro e amoroso, construído sobre valores éticos e sólida moral, é o edifício básico da sociedade. Ter uma carreira ao custo de abandonar as próprias obrigações e privilégio nesta área é um equívoco. Quando uma mulher judia cria um lar judaico e educa seus filhos em Torá e mitsvot, está sendo merecedora do elogio do Rei Shelomô: “Uma mulher de valor, quem pode encontrar… uma mulher temente a D’us, ela deve ser louvada.”
A. De volta às raízes – Toda mulher judia é descendente das Matriarcas Sará, Rivcá, Raquel e Leá. Cabe a cada mulher judia relembrar suas raízes. Na verdade, ao refletir sobre as funções vitais das raízes no mundo vegetal, pode-se deduzir, através de uma analogia, uma lição para a mulher judia contemporânea. As raízes são a fonte de vitalidade da planta desde seu nascimento, quando a semente se enraíza e depois, levando-a a crescer e nutrindo-a constantemente durante a vida com os elementos vitais da água e os minerais do solo. Embora as raízes também trabalhem para sua própria existência, crescimento, desenvolvimento e força, sua função principal é nutrir a planta e assegurar seu crescimento, bem como seus poderes de produzir frutos, e frutos dos frutos. Ao mesmo tempo, as raízes fornecem uma base firme e ancoram a planta para que ela não seja levada pelo vento ou outros elementos da natureza.
É nesse sentido, destas funções básicas das raízes físicas, que devemos entender nossas raízes espirituais. As “raízes fundamentais” do nosso povo judeu são nossos Patriarcas Avraham, Isaac e Jacó como declaram nossos sábios: “Somente eles são chamados Avot (Pais)”. No lado materno nossas raízes são nossas Matriarcas. Cada um desses fundadores e construtores da Casa de Israel contribuiu com uma qualidade distinta que, mesclada às outras, produziu o caráter singular do povo judeu.
Típico – e original – (no sentido de parentesco) – é o Avraham, sobre quem está escrito: “Único foi Avraham”, pois ele foi o único em sua geração a reconhecer a unidade de D’us e, com completo auto-sacrifício, proclamou a unidade de D’us (puro monoteísmo) a um mundo mergulhado no politeísmo e na idolatria.
Sua descendência, o povo judeu, ainda é único na continuação de sua obra – uma pequena minoria num mundo que tem muitos deuses. É dele que herdamos e extraímos força, do atributo de Mesirat Nefesh (auto-sacrifício), bem como a suprema obrigação de transmitir nosso legado aos nossos filhos; pois foi por seu grande mérito que, através de sua devoção e dedicação total a D’us, “ele legou aos seus filhos e descendentes para guardarem os caminhos de D’us.”
Referindo-se aos nossos Patriarcas como “raízes”, nossos Sábios indicam um aspecto ainda mais essencial das raízes que vai além do papel dos pais. Para assegurar, os pais têm filhos e transmitem a eles algumas de suas próprias qualidades físicas, mentais e espirituais.
No entanto, a sobrevivência dos filhos não depende diretamente dos pais, pois podem afastar-se dos pais e do lar, e continuarem a prosperar depois que os pais se forem. O mesmo não se aplica a uma planta e suas raízes. As raízes são indispensáveis para a existência da planta e sua influência vivificadora deve fluir continuamente para manter a planta viva e crescendo. Da mesma maneira, nossos Pais e Mães devem sempre vitalizar e animar nossas próprias vidas.
Todo judeu e judia deveria entender que faz parte do grande “sistema de raízes” que começou com nossos Patriarcas e Matriarcas e continuou a florescer através dos tempos, nutrindo e sustentando nosso povo, que D’us chama de “um ramo da Minha planta, a obra de Minhas mãos, para ter orgulho deles.” Porém, infelizmente, existem alguns judeus que, por um motivo ou outro, não são conscientes de suas raízes, que ficaram tão atrofiadas a ponto de correrem perigo de secar (D’us não permita). Portanto, cabe às plantas e raízes sadias trabalhar para reviver e fortalecer as outras, a ajudá-las a redescobrir sua identidade e seu lugar no sistema de raízes.
Nesta obra que salva vidas, o papel da mulher judia é de suprema importância, pois ela é a Akeret Habayit, o alicerce do lar, que em grande parte determina o caráter e a atmosfera da família, e o futuro dos filhos em particular.
Tendo isso em vista, não pode haver maior realização para uma menina judia do que preparar-se para seu papel vital de construir a Casa de Israel como uma digna descendente das Matriarcas. É um processo duplo: buscar ativamente o próprio crescimento e ao mesmo tempo trabalhar pela preservação e crescimento do nosso povo, espalhando e fortalecendo Judaismo (“Idíshkeit”) na comunidade judaica em geral, especialmente em áreas nas quais mães e filhas judias mais podem contribuir como cashrut, Leis da Pureza Familiar, acendimento das velas, chinuch (educação judaica), etc.
Ainda seguindo com a analogia das raízes, temos mais um ponto importante: não se procura a cor mais brilhante ou a beleza externa nas raízes, nem estas estão preocupadas com aquilo que se fala a respeito da sua aparência. As raízes fazem humildemente seu trabalho, na verdade, ocultas durante a maior parte do tempo. Assim é o trabalho das verdadeiras mães e filhas judias.
Num mundo onde a última moda é importante, e onde a esperteza muitas vezes tem precedência sobre valores e princípios eternos, nossas valorosas mães e filhas não estão preocupadas com aquilo que alguns vizinhos ou transeuntes possam dizer sobre sua maneira de se comportar e sobre seus lares de acordo com a lei da nossa sagrada Torá. Se elas parecem “antiquadas” para o observador com idéias “modernas” de “nova moralidade”, nós judeus nos orgulhamos de nossas raízes “antiquadas” – porém sempre novas e eternas; nós nos esforçamos para nos tornar cada vez mais enraizados e fiéis às primeiras raízes do nosso povo, que D’us designou como “um reino de sacerdotes e uma nação sagrada”.
Faríamos bem em relembrar o dito chassídico: “A verdadeira riqueza judaica não é o dinheiro nem a propriedade. A riqueza judaica eterna está em judeus que guardam a Torá e mitsvot, e trazem ao mundo filhos e netos que seguirão o caminho de Torá e mitsvot.” [3]
Fontes:
[2] Aish Brasil: http://www.aishbrasil.com.br/new/artigo_abc_honra_aos_pais.asp
[1] http://noticias.terra.com.br/mundo/interna/0,,OI141894-EI312,00.html
[3] Chabad: http://www.chabad.org.br/BIBLIOTECA/artigos/akeret/home.html
Coordenador: Saul S. Gefter
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