Discute-se muito o que hoje constitui uma alimentação saudável.
Buscam-se opiniões consultando endocrinologistas, nutricionistas, e outros especialistas ou …todos eles de uma vez! Buscam-se opções avaliando cardápios, calorias, benefícios de certos alimentos ou a eliminação de outros na dieta como os “vilões”, carboidratos. Mas nada que radicalize demais é recomendável.
Há pessoas que optam pelo vegetarianismo por não apreciarem o sabor da carne, ou por encontrarem em seu consumo um grande malefício: para sua saúde e outros por considerarem moralmente errado matar um animal para comer.
A dieta vegetariana é uma das opções adotadas por quem quer levar uma vida equilibrada e saudável. Mas do ponto de vista judaico como ela é avaliada?
Para o judaísmo atividades comuns entre as quais comer, dormir, dirigir os negócios, relacionar-se, etc. – são parte do serviço a D’us, não menos que a observação ritual da tefilá (oração), limudei Torá (estudos da Torá), tsedacá (caridade) e outras mitsvot (preceitos).
Atividades de nosso dia-a-dia são a ponte através da qual acessamos níveis mais elevados, entre os quais o simples ato de comer. Mais que visar nossa sobrevivência, alimentar-se é um meio de trazer santidade a nossa vidas. De que forma isto é possível? Observando as leis conforme indicadas na Torá: é permitido que se coma carne, desde que o animal seja: de uma espécie permitida pela Torá (Levítico/Vayicrá cap. 11);
ritualmente abatida (shechitá – Deuteronômio/ Devarim 12:21), tenha removidos os elementos não-casher (sangue e determinadas gorduras e nervos – Vayicrá 3:17; Gênesis/Bereshit 32:33); seja preparado sem misturar carne e leite (Êxodo/Shemot 34:26); e as bênçãos apropriadas sejam recitadas (Devarim 8:10). Ao alimentar-se conforme a maneira prescrita pela Torá, e com a intenção apropriada, diz o Talmud, a mesa da pessoa torna-se um altar virtual a serviço de D’us.
O enfoque da Torá sobre o cuidado com animais:
Consta no Talmud que D’us escolheu Moshê (Moises) como líder do povo judeu observando como ele preocupava-se em carregar o peso de uma única ovelhinha desgarrada, jamais abandonando seu rebanho ou permitindo que um único animal fosse abandonado a sua própria sorte.
A Torá enfatiza a compaixão e atenção que devemos nutrir pelos animais. Aqui seguem alguns exemplos de legislação judaica sobre o tratamento que devemos dispensar aos animais:
É proibido causar sofrimento aos animais – tzaar ba’alei chaim. (Talmud – Baba Metzia 32b, baseado em Shemot 23:5); a obrigação de aliviar o sofrimento de um animal, mesmo se o animal pertencer ao seu inimigo. (Shemot 23:5); é proibido comer antes de alimentar o animal (Talmud Berachot 40a, baseado em Devarim 11:15); nossos animais devem descansar no Shabat. (Shemot 20:10); É proibido usar duas espécies diferentes para puxar o mesmo arado, pois seria injusto para com o animal mais fraco (Devarim 22:10); É uma mitsvá espantar a ave mãe antes de tirar seus filhotes. (Devarim 22:7); É proibido matar uma vaca e seu bezerro no mesmo dia (Vayicrá 22:28);
É proibido cortar e comer o membro de um animal vivo. (Bereshit 9:4; faz parte das Sete Leis de Nôach cuidar deste preceito que se aplica tanto a judeus como a não-judeus); Shechitá, o abate ritual conforme a halachá, Lei judaica, deve ser feito com o mínimo de sofrimento para o animal. A lâmina deve ser meticulosamente examinada para assegurar a forma de morte mais indolor possível (Chinuch 451; Pri Megadim – Introdução às Leis de Shechitá-Abate Casher ); Caçar animais por esporte é proibido pelos nossos Sábios (Talmud – Avodá Zara 18b; Noda BeYehuda 2-YD 10).
Hierarquia da Criação
Embora a Lei Judaica defenda o tratamento ético aos animais, o Judaísmo também afirma que os animais são feitos para servir ao homem, como está escrito: “Que o homem domine sobre os peixes, as aves e todos os animais” (Bereshit 1:26). Maimônides aponta os quatro níveis na hierarquia da criação, e cada criatura deriva seu sustento do nível abaixo do ser:
Nível 1 : Domaim – o reino inanimado (terra e minerais) constitui a existência de nível mais baixo, e se auto-sustenta.
Nível 2: Tzomey’ach – da vegetação nutrida pelo nível anterior, a terra.
Nível 3: Chai – o reino animal que se alimenta da vegetação.
Nível 4: Medaber – seres falantes (humanos) que se sustentam da vegetação e dos animais.
Quando o alimento é consumido, sua identidade se transforma naquela do ser que o comeu. Assim o Talmud (Pessachim 59b) considera como moralmente justificado comer animais somente quando estamos envolvidos em atividades sagradas e espirituais. É somente então que o ser humano concretiza seu potencial mais elevado, e o animal consumido é também elevado.
Na percepção judaica, o nível mais alto que um animal pode atingir é ser consumido por um ser humano e usado para o serviço Divino.
Se a pessoa, por outro lado, age como um animal, sem escrúpulos e por instinto que aperfeiçoamento espiritual poderia estar conferir sobre este animal ao comê-lo?
Portanto, antes de consumir carne, devemos nos questionar se estamos elevando o animal a um nível superior santificando-o, se realmente estamos beneficiando este animal. Comer deve tornar-se em nossa vida um ato que gera força e energia utilizada para beneficiar o mundo.
O cabalista do Século Dezoito, Rabi Moshe Chaim Lutzatto, explica que todas as criaturas possuem uma alma. No entanto, a natureza destas almas são distintas. Os animais têm uma alma que os anima e carrega dentro de si os instintos para a sobrevivência, procriação, etc. Somente os seres humanos, com uma alma Divina, têm a capacidade de manter um relacionamento com D’us, de fazer escolhas mais elevadas.
Consumir carne: uma opção ou obrigação? No Shabat e chaguim a Torá prescreve o consumo de vinho e carne para celebrar estes dias especiais em nosso calendário de uma forma festiva e que aumente em alegria. Mas para quem não aprecia o consumo de carne, isto é necessário? É uma obrigação? Ou pode tornar-se uma opção não aplicável?
Historicamente, Adam e Eva foram vegetarianos, pois está escrito: “vegetais e frutas serão seu alimento” (Bereshit 1:29). D’us somente permitiu carne a Nôach/Noê e seus descendentes após o Dilúvio (Bereshit 9:3; Talmud Sanhedrin 59b).
Por que a mudança?
Alguns comentaristas explicam que antes do Dilúvio, o homem estava acima da cadeia alimentar. Após o Dilúvio, o homem caiu de nível e tornou-se ligado à cadeia alimentar, embora no topo dela. A humanidade tinha descido em sua capacidade de influenciar o mundo animal através de ações, e assim foi necessário influenciar o mundo animal mais diretamente: ingerindo-os. Desta forma, a carne foi permitida a Nôach para enfatizar a superioridade do ser humano sobre o reino animal.
Alguns citam o precedente de Adam e Eva como uma indicação de que num mundo perfeito, i.e., na época futura de Mashiach (Messias), os seres humanos retornarão ao vegetarianismo universal.
A grande maioria de eruditos rabínicos, no entanto, afirma que as oferendas de animais serão retomadas na Era Messiânica. O Talmud (Baba Batra 75a) de fato declara que quando Mashiach chegar, D’us preparará um banquete baseado em carne para os justos.
Em conclusão, o Judaísmo aceita a idéia da dieta vegetariana, embora dependendo da intenção da pessoa. O vegetarianismo baseado na idéia de que não temos o direito moral de matar os animais não é uma opinião aceita pelos judeus. O vegetarianismo é plenamente aceitável embora muitos judeus observantes e que ao mesmo tempo cuidam da dieta vegetariana acabam consumindo carne, abrindo uma exceção somente quando prescrito pela Torá, como Shabat e Yom Tov.
Na ordem da Torá que prescreve de nos “guardar cuidadosamente” (Devarim 4:15) exige que prestemos atenção aos assuntos de saúde relacionados a uma dieta baseada em carne. Devemos conhecer sua procedência, se as leis da Torá foram aplicadas em suas minúcias, se os animais foram criados sem administração de hormônios, antibióticos e outras drogas que possam colocar em sérios riscos nossa saúde. A consciência judaica exige constante atenção no sentido de preservar e proteger nosso mundo natural.
Devemos levar sempre em consideração que tudo que existe na natureza , todas as aves, plantas, cada folha de uma árvore – tudo aquilo que D’us criou neste mundo, possui uma conexão Divina. Se eles forem utilizados como alimento, se tornarão espécies mais elevadas se apropriadamente preparados, ingeridos e tratados com respeito. Porém causar sofrimento desnecessário a qualquer criatura, mesmo não percebendo o mal causado em um simples ato como arrancar a folha de uma árvore sem motivo é desperdiçar seu potencial.
O Judaísmo permite e as vezes, como no Shabat (dia de descanso) e Yom Tov (dia solene), até prescreve a ingestão de carne, desde que a intenção de elevar a energia Divina contida dentro dela seja colocada em prática em seu nível mais elevado. Devemos utilizar a energia e potencial existente em cada elemento da natureza a fim de cumprir nossa responsabilidade e obrigação: a de servir a D’us usufruindo da perfeição do mundo ao mesmo tempo em que preservamos seu poder de renovar-se para as futuras gerações. [1]
- Vida Casher, vida saudável – Por Dr. Kenneth J. Storch, M.D., é médico americano de grande reputação. Recebeu seu Ph.D. em Bioquímica nutricional do Massachusetts Institute of Technology (M.I.T).
Minhas concepções sobre Cashrut (o termo que se refere às leis alimentares do judaísmo) foram formuladas sobre muitas perspectivas: como nutricionista, como médico, como consumidor de alimentos casher e como judeu americano. Durante anos tive o privilégio de mesclar minha profissão a assuntos que são pessoalmente importantes para mim. Cashrut se tornou um deles.
As leis de Cashrut transformam cada bocado de comida que entra em nossas bocas em uma oportunidade para cumprir uma mitsvá, um preceito. De maneira semelhante nossas opções pelo alimento e estilo de vida podem nos capacitar a seguir os preceitos da Torá para a preservação da vida humana e da saúde.
A injunção bíblica, “Portanto, cuidai bem de vossas almas” (Devarim IV:15), prescreve prioridade ao nosso bem-estar, tanto físico como espiritual. De fato, é um sólido preceito em que os dois se encontram inexplicavelmente acoplados. O célebre médico e erudito judeu, Maimônides, afirmou em sua codificação da Lei Judaica, o Mishnê Torá:”Uma vez que é impossível entender ou ter conhecimento do Criador quando uma pessoa está doente, é obrigatório ao homem evitar coisas que sejam prejudiciais ao corpo e acostumar-se com aquelas que o curam e o fortalecem.” Não apenas este erudito do século XII pressagiou os conceitos médicos correntes de medicina terapêutica e preventiva, como também estabeleceu recomendações que podem ser lidas como um manual contemporâneo de boa saúde: não coma demais, vigie seu peso, pratique exercícios físicos e durma horas suficientes. Maimônides também reconheceu a importância do temperamento moderado na busca da saúde física, convocando os judeus a “amar a paz e aspirar a paz.” Desta forma, ele preparou o palco para o reconhecimento, no século XX, das doenças emocionalmente induzidas e para a pesquisa das reações entre mente e corpo.
Os Sábios do Talmud achavam que um judeu não deve se apoiar somente em D’us para a preservação da saúde, mas que também deve procurar assistência médica, bem como tomar medidas para prevenir a ocorrência da doença, em primeiro lugar. Os autores do Talmud estavam cientes não apenas da importância do médico, mas também dos avanços de seu pensamento clínico. Eles prescreveram aos judeus de todas as gerações que procurassem o melhor conhecimento médico em suas respectivas eras.
Atualmente, a medicina avançou a passos largos no campo da nutrição. Sabemos que a dieta alimentar é um fator preponderante na prevenção e controle de problemas comuns de saúde, tais como cardiopatias, câncer, hipertensão, taxa elevada de colesterol e diabetes. Nos Estados Unidos, seis de cada dez óbitos estão vinculados a fatores nutricionais. O interesse público no consumo de alimentos saudáveis está em alta. Nossa sociedade está consciente da importância de prevenir as doenças e promover a saúde através de bons hábitos alimentares.
Embora a Cashrut seja um mandamento da Torá e não seja observada em função da saúde, a dieta casher cria uma excelente estrutura para a alimentação saudável, através de suas três categorias: carne, laticínios e pareve (neutro). Somos proibidos de combinar os grupos carne/ave à laticínios (ambos os quais têm alto teor não apenas de proteínas, mas também de colesterol). Mas podemos comer alimentos neutros, que incluem grãos integrais, frutas e legumes em qualquer refeição. Como resultado, podemos misturá-los e combiná-los (já que contêm os complexos carboidratos e nutrientes naturais recomendados pelos nutricionistas) tanto com alimentos de carne como com os de leite, para proporcionar uma dieta balanceada a cada refeição. E como este grupo pareve compreende a mais ampla variedade na cadeia alimentar, pouco esforço é necessário para se obter uma boa variedade culinária com a dieta Casher.
A Iuz deste conhecimento atual, podemos ler com renovada apreciação a descrição bíblica de Erets Yisrael: “Uma terra de trigo e cevada, videira, figueira e romã; uma terra de azeite e mel.” Os consumidores de hoje conscientizados com a saúde poderiam virtualmente fazer suas compras de supermercado baseados neste versículo.
A comida judaica inclui iguarias como kishke, fígado batidinho, salame e peixe defumado. Podemos nos deleitar com estes alimentos, mas como conciliar o fato de comê-los com a preocupação de o que é bom para nós? Podemos sim, e facilmente. Estes alimentos podem ser saboreados como um regalo ocasional; não são necessariamente elementos principais de uma dieta casher. Um cardápio mais balanceado incluiria os alimentos recomendados agora pelos nutricionistas e que foram também apreciados pelos nossos antepassados. Mais ainda, a rica herança culinária da Europa Oriental pode ser saboreada pelo judeu que se preocupa com a saúde, se modificada com algumas simples substituições.
Devemos também distinguir entre Cashrut e cozinha típica. A comida “judaica” é amplamente variada. Por exemplo, os alimentos sefarditas tradicionais baseiam-se em arroz, lentilhas, peixe, nozes e mel. Qualquer livro de receitas israelenses contemporâneo inclui dezenas de receitas de hortaliças. Os judeus viveram em todas as partes do mundo e adaptaram com sucesso os pratos de muitos países para os requisitos da Cashrut.
A dieta de qualquer povo, inclusive de uma população judaica, é determinada pelo que está disponível. Nossos ancestrais eram limitados em suas opções a alimentos cultivados na própria região onde moravam. E se isto incluía um número significativo de gorduras saturadas, eles trabalhavam arduamente durante longas horas para queimá-las.
Nós, que geralmente desempenhamos pouco esforço físico, sentamos durante grande parte do tempo e temos a gordura acumulada no corpo para demonstrá-lo, temos à nossa disposição uma quantidade exagerada de alimentos. Não mais existem estações determinadas para a maioria das frutas e hortaliças. Se não são obteníveis no local, são trazidas por terra, por mar ou ar. Nossas aves, carnes e queijos vêm em embalagens esmeradas e podemos conservá-los comestíveis por semanas a fio em freezers ou geladeiras. Leite, sucos, pães, para não mencionar bolos, balas, e biscoitos estão disponíveis em quantidades ilimitadas. É possível perder-se neste vasto mar de opções. Mas existe uma outra maneira de encarar isso.
A variedade de alimentos à nossa disposição, hoje em dia, inclui não apenas a cozinha típica de nossos antepassados em particular, como a de virtualmente todas as outras populações judaicas que existem na atualidade. E aqui está a nossa vantagem. Usando nosso novo conhecimento de nutrição, podemos selecionar as combinações mais desejáveis de comidas tradicionais judaicas de todas as partes do mundo. Podemos também adaptar receitas favoritas de certos alimentos ricos, com alto teor calórico, substituindo alguns ingredientes por outros mais saudáveis. E graças aos processadores de alimentos, espremedores de frutas, fornos microondas e outros dispositivos, podemos fazer tudo isso em tempo recorde.
Os consumidores de alimentos casher possuem ainda outra vantagem. Como nosso dispêndio de alimentos se faz dentro da estrutura da Halachá, Lei Judaica, constituímo-nos o paciente ideal aos olhos de um nutricionista. Somos acentuadamente conscientes no momento de nos alimentarmos; paramos para recitar uma benção antes de colocar qualquer coisa em nossas bocas; aguardamos períodos prescritos entre comer alimentos de carne e derivados de leite. Nossa própria noção de alimento é vinculada à idéia de limitação e autodisciplina, uma vez que certas categorias de alimentos estão fora dos domínios de nossa possibilidade. Acrescenta-se o valor que atribuímos à vida e à saúde, e tem-se o candidato ideal para o incremento da saúde através da modificação dietética.
Estamos recebendo uma assistência sem precedentes de novas fontes em nossa busca para uma melhor nutrição. A recente explosão de alimentos naturais teve grande impacto na indústria casher. Alimentos orgânicos Casher, temperos sem sal, produtos derivados da soja, substitutos para ovos nas versões de pratos de laticínios baseadas em tofu e mesmo antepastos ou entradas vegetarianas congeladas estão literalmente ao alcance de nossas mãos.
Grande número de empresas estão começando a prestar serviços ao consumidor casher, conscientizados com a saúde. Se continuarmos a demonstrar nossas necessidades, adquirindo alimentos benéficos, elas irão corresponder.
Nossa geração tem a oportunidade de “cuidar bem de nossas almas” como nenhuma outra ainda teve. Temos acesso à informação médica e nutricional avançada; e nossa capacidade de aplicar este conhecimento dentro do contexto da observância da Cashrut tem sido aumentada pela tecnologia moderna e por alguns produtores prontos a nos atender. A cada dia que passa novas descobertas médicas revelam a sabedoria dos conceitos que têm sido parte de nossa herança por milhares de anos.
Quem pode imaginar que surpresa nos reserva o futuro? [2]
Fontes [1] 30/01/15 Posted by Coisas Judaicas: http://www.coisasjudaicas.com/2015/01/alimentacao-na-visao-judaica.html
[2] Chabad – http://www.chabad.org.br/mitsvot/cashrut/artigos/VidaCasherVidaSaudavel.html
Coordenador: Saul Stuart Gefter,
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