Congregação Judaica Shaarei Shalom – שערי שלום

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1) Parashát Chayê Sara (Bereshit/Gênesis 23:01- 25:18) – Sara morre aos 127 anos de idade. Abrão (Avraham) compra-lhe um túmulo na cidade de Hevrón, na Maarát HaMachpelá (caverna “Machpelá”). Ele manda seu servo, Eliezer, de volta à sua terra natal, Harán, para procurar uma esposa para Isaac. Eliezer impõe condições aparentemente muito estranhas para que a candidata ao matrimônio se qualifique para Isaac. Confira o capítulo 24, a partir do versículo 12. Rivka (Rebeca), sem saber, preenche os requisitos. Eliezer tem sucesso em conseguir a aprovação da família dela, apesar de não ficarem entusiasmados com a idéia de Rebeca abandonar sua Terra natal. Abrão casa com Ketura e tem mais 6 filhos. Ele os manda para o Oriente, antes de morrer com 175 anos de idade. Isaac e Ishmael enterram Avraham na Maarát HaMachpelá, ao lado de Sara. A parashá se encerra com a lista dos 12 filhos de Ishmael e com seu falecimento, aos 137 anos de idade.

2) D’Var Torá – Sara não morreu… Sara viveu! Por Prof. Sami Goldstein – Sinagoga Francisco Frischmann CTBA (Curitiba, PR) A passagem de um ente querido é sempre uma tragédia para as pessoas mais próximas. Quando a pessoa em questão é um dos alicerces de todo um povo, o desespero é redobrado. A Matriarca Sara não suportou a idéia de ter seu único e tão esperado filho sacrificado sobre o altar, o episódio sobre o qual lemos na semana passada. Muito idosa, aos 127 anos, a grande companheira de Abraão desde os tempos em que este era um total desconhecido, falece. O Patriarca, num último gesto de amor e devoção, ocupa-se de seu funeral, procurando-lhe e adquirindo o melhor local para sua sepultura. Todas as honrarias são-lhe rendidas.

A morte sempre mancha de negro a existência humana. O enigma de nossa temporalidade obscurece a visão, fazendo-nos cair no abismo do saudosismo e inconformismo. “Por quê?” – a pergunta ecoa sem resposta. Custa-nos aceitar o fato do abandono, mesmo estando cientes de que assim é o ciclo natural das coisas. E com Sara não foi diferente. Mortal que era, vê sua passagem desvanecer na corrente da eternidade. Seria um triste desfecho (assim como qualquer outra morte) para a saga deste heróico casal, não fosse a linguagem utilizada pela Torá: “E foi a vida de Sara 127 anos, 127anos; os anos da vida de Sara”(Gênesis,23:1).

Algumas palavras são repetidas neste versículo e aparentemente são desnecessárias. “Ano” consta 4 vezes e “anos” 2. Curiosamente, o relato sobre o falecimento de Sara não menciona sequer uma vez a palavra “morte”. Apenas a “vida” é lembrada. Mas o que é a vida? Nem todos conseguem preenchê-la com conteúdo. Muitos passam seus anos dedicando-se a animalesca existência de comer, beber e dormir; um completo vazio. Tal vida só pode ser descrita em termos de números: quanto ele ou ela viveram…Essa é grande diferença entre viver e existir.

O verdadeiro teste para o ser humano não é responder a pergunta “quantos anos você viveu?”, mas sim perguntar-se constantemente: “o que você fez com os dias de sua vida?” …Podemos pensar: se colocássemos sua vida numa balança e pesássemos os fatores positivos e negativos de sua existência, que prato prevaleceria? Rashi (o comentarista françês medieval) dá-nos a resposta: “eles (os anos) foram igualmente bons”… Muitas pessoas vivem como se não fossem morrer; outros morrem como se não tivessem vivido. “E esta foi a vida de Sara”, a lição de alguém que soube apreciar cada dia sobre a Terra e dizer, no final de tudo: value a pena! Se hoje for um dia triste; se você se lembrar de alguém que partiu; se estiver recitando Kadish ou observando o “Yahrtzeit” (o aniversario do luto) de alguém muito especial, não pense em como ele morreu. Pense em como ele ou ela viveu! Não importa o “quanto”; importa o “como.”



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