Congregação Judaica Shaarei Shalom – שערי שלום

ב״ה

Sinagoga Hebraica Portuguesa de São João de Meriti

Tempo de leitura: 21 Minutos

 

  1. Introdução: Em comparação a um conceito como o “Mundo Vindouro”, reencarnação não é, tecnicamente falando, uma verdadeira escatologia. A reencarnação é meramente um veículo para se atingir um fim escatológico. É a reentrada da alma num corpo inteiramente novo no mundo atual. A ressurreição, em contraste, é a reunificação da alma com o corpo anterior (recém reconstituído) no Mundo Vindouro, um mundo que a história ainda não testemunhou.

 

A ressurreição é assim um conceito puramente escatológico. Seu objetivo é recompensar o corpo com a eternidade e a alma com perfeição mais elevada. O propósito da reencarnação geralmente é duplo: compensar uma falha na existência prévia ou criar um estado de perfeição pessoal novo, mais elevado, ainda não atingido. Assim, a ressurreição é um tempo de recompensa; a reencarnação um tempo de reparar. A ressurreição é um tempo de colher; a reencarnação um tempo de semear.

 

O fato de que a reencarnação seja parte da tradição judaica é surpresa para muita gente. Apesar disso, é mencionada em numerosos locais em todos os textos clássicos do misticismo judaico, começando com a preeminente obra da *Cabalá, o Zohar. Se alguém é mal sucedido no seu propósito neste mundo, o Eterno, Bendito seja, o desenraiza e planta mais e mais vezes. (Zohar I 186b). *(A Cabala, é uma palavra de origem hebraica que significa recepção, é uma sabedoria que investiga a natureza divina. A Cabala é um corpo de sabedoria espiritual mais antigo – contém as chaves, que permaneceram ocultas durante um longo tempo, para os segredos do universo, bem como as chaves para os mistérios do coração e da alma humana.

Os ensinamentos cabalísticos explicam as complexidades do universo material e imaterial, bem como a natureza física e metafísica de toda a humanidade. A Cabala mostra em detalhes como navegar por este vasto campo, a fim de eliminar toda forma de caos, dor e sofrimento). (O Sefer ha-Zohar – o Livro do Esplendor – É, sem sombra de dúvida, a obra principal e mais sagrada da Cabalá, a dimensão mística do judaísmo. Fonte inesgotável de sabedoria e conhecimento, seus ensinamentos e revelações se equiparam, em importância, aos da Torá e do Talmud.)

Durante milhares de anos, os grandes sábios cabalistas têm nos ensinado que cada ser humano nasce com o potencial para ser grande. A Cabala, ou Kabbalah, é o meio para ativar este potencial. A Kabbalah sempre teve a intenção de ser usada, e não somente estudada. Seu propósito é trazer clareza, compreensão e liberdade para nossas vidas.

 

Todas as almas estão sujeitas à reencarnação, e as pessoas não conhecem os caminhos do Eterno, Bendito seja! Eles não sabem que são trazidos perante o Tribunal, antes de entrar neste mundo e depois de tê-lo deixado; são ignorantes das muitas reencarnações e obras secretas que têm de passar, e do número de almas nuas, e quantos espíritos nus vagam no outro mundo, incapazes de entrar no véu do Palácio do Rei. Os homens não sabem como as almas se revolvem como uma pedra atirada de um estilingue. Mas está aproximando-se a época a em que estes mistérios serão revelados. (Zohar II 99b)

 

  1. Á reencarnação – O Zohar e a literatura paralela estão repletos de referências à reencarnação, tocando em questões como: qual corpo ressuscitará e o que acontece com aqueles corpos que não atingem a perfeição definitiva; quantas chances uma alma recebe de atingir a perfeição por meio da reencarnação; se um marido e mulher podem reencarnar juntos; se a demora no sepultamento pode afetar a reencarnação; e se uma alma pode reencarnar em um animal.

 

A reencarnação é mencionada pelos comentaristas bíblicos clássicos, incluindo o Ramban (Nachmânides) (n. Girona, 1194 – f. Israel, 1270 E.C.), Rabi Menachem Recanti (Italia, 1250- 1310 E.C.) e Rabeinu Bachya (Saragossa, 1255-1340 E.C.). Entre os diversos volumes de Rabi Yitschac Luria (Jerusalem, 1534, Safed, 1572 E.C.), conhecido como o “Ari”, dos quais a maioria nos chega através da pena de seu principal discípulo, Rabi Chayim Vital (Calabria, Italia, 1543 – Damascus, Síria, 1620 E.C.), são profundos discernimentos relacionados à reencarnação.

De fato, seu Shaar HaGilgulim, “Os Portões da Reencarnação”, é um livro dedicado exclusivamente ao tema, incluindo detalhes a respeito das raízes da alma de muitas personalidades bíblicas e em quem eles reencarnaram, desde os tempos da Bíblia até o Ari. Os ensinamentos do Ari e os sistemas de ver o mundo espalharam-se como fogo após sua morte, em todo o mundo judaico na Europa e no Oriente Médio. Se a reencarnação tinha sido geralmente aceita pelo povo judeu e pela Inteligentsia anteriormente, tornou-se parte do tecido do idioma e estudos judaicos depois do Ari, fazendo parte do pensamento e dos escritos de grandes eruditos e líderes, desde os comentaristas clássicos sobre o Talmud (por exemplo, o Maharsha, Rabi Moshe Eidels (Cracovia, Polonia, 1555- Ostrog,, 1631), até o fundador do Movimento Chassídico, o Báal Shem Tov (Rabbi Yisroel (Israel) ben Eliezer Ucrânia, 1698-1760 E.C.).

A ressurreição é um tempo de recompensa; a reencarnação um tempo de reparar. A ressurreição é um tempo de colher; a reencarnação um tempo de semear.

Muitos ficam igualmente surpresos ao descobrir que a reencarnação era uma crença aceita por numerosos das mentes notáveis nas quais se baseia a civilização Ocidental. Embora o Judaísmo, obviamente, não concorde necessariamente com todas suas idéias e filosofias, mesmo assim Platão, por exemplo, (em Meno, Fedo, Timeus, Fedro e a República), partilha a crença na doutrina da reencarnação. Ele parece ter sido influenciado pelas primeiras mentes clássicas gregas, como Pitágoras e Empédocles. No século Dezoito, na Era do Iluminismo e Racionalismo, pensadores como Voltaire (“Afinal, não é mais surpreendente nascer duas vezes que nascer uma vez”) e Benjamim Franklyn expressaram uma afinidade pela noção da reencarnação.

No século Dezenove, Schopenhauer escreveu (Parerga e Paralipomena), “Se um asiático me pedisse uma definição de Europa, eu seria forçado a responder-lhe: É aquela parte do mundo que é assombrada pela incrível ilusão de que o presente nascimento da pessoa é sua primeira entrada na vida…” Dostoievski (em Os Irmãos Karamazov) refere-se à idéia, ao passo que Tolstoi parece ter sido categórico em afirmar que tinha vivido antes. Thoreau, Emerson, Walt Whitman, Mark Twain e muitos outros reconheceram e/ou partilharam alguma forma de crença na reencarnação. Deve-se registrar, no entanto, que algumas clássicas autoridades da Torá, mais especificamente, a autoridade do Século Dez, Saadia Gaon, negaram a reencarnação como dogma judaico. Emunot V’Deyot 6:3.

O Talmud relata que o sábio do segundo século, Rabi Shimon bar Yochai e seu filho Elazar se refugiaram numa caverna para escapar à perseguição romana. Durante os treze anos que se seguiram, eles estudaram noite e dia, sem distração. Segundo a tradição cabalista (Ticunei Zohar 1a) foi durante estes treze anos que ele e seu filho primeiro compuseram os principais ensinamentos do Zohar. Oculto por muitos séculos, o Zohar foi publicado e disseminado por Rabi Moshe de Leon, no Século Treze. Embora o Zohar seja geralmente considerado uma obra de um único volume, compreendendo o Zohar, Tikunei Zohar e Zohar Chadash, na verdade é uma compilação de diversos pequenos tratados ou sub-seções. Segue abaixo apenas alguns deles.

O Zohar (I 131a): “Rabi Yossi respondeu: ‘Aqueles corpos que não são merecedores e não atingiram seu propósito, serão considerados como não tendo sido… ‘ Rabi Yitschac [discordou e] disse: ‘Para estes corpos o Eterno providenciará outros espíritos, e se forem considerados merecedores, eles obterão uma morada no mundo; caso contrário, eles serão cinzas sob os pés dos justos.’ Cf Zohar II 105b. O Zohar III 216a; Ticunei Zohar 6 (22b), 32 (76b) sugerem três ou quatro chances. Ticunei Zohar 69 (103a) sugere que mesmo que seja feito um pequeno progresso a cada vez, a alma recebe mil oportunidades de reencarnação para atingir sua plenitude. Zohar III 216a sugere que uma pessoa essencialmente justa que passa pela provação de perambular de cidade em cidade, de casa em casa – até para tentar vender pela insistência (Zohar Chadash Ticunim 107a) – é como se ele passasse por muitas reencarnações.

Depois que a alma deixou o corpo e o corpo permanece sem vida, é proibido deixá-lo insepulto (Moed Katon, 28a; Baba Kama, 82b). Pois um corpo morto que é deixado insepulto por 24 horas causa uma fraqueza nos membros do Chariot e impede que o desígnio de D’us seja cumprido;

pois talvez D’us tenha decretado que ele deveria passar pela reencarnação imediatamente, no dia em que morreu, o que seria melhor para ele, mas como o corpo não foi enterrado, a alma não pode ir até a presença do Eterno, nem ser transferida para outro corpo. Pois uma alma não pode entrar num segundo corpo até que o primeiro seja sepultado…” Zohar III 88b. [1]

  1. A Era Messiânica e a Ressurreição (ponto de vista ortodoxo)- Sabe-se que no ano 5507 (1747) o Baal Shem Tov teve “Aliyat Neshamá (elevação da alma) para os mais elevados mundos espirituais, tendo se encontrado com a alma de Mashiach (Messias). Perguntou-lhe o Baal Shem Tov: “Quando virá o Mestre (a fim de redimir o nosso povo)?” A resposta, foi: “Quando suas fontes (do estudo chassídico e prática) se estender para o exterior”. Através dos intensos esforços do primeiro Rebe de Chabad-Lubavitch e dos rabinos que o sucederam, incluindo o nosso Rebe, as fontes do Chassidismo foram trazidos para os quatro cantos da Terra, aproximando muito mais a realização do nosso antigo e acalentador sonho, a era de Mashiach.

0 Midrash explica que a razão para a criação é o desejo de D’us de possuir “um lar” neste mundo tão baixo e terreno. Quando um indivíduo vive na sua própria casa, ele age naturalmente, sem esconder nada e sem se restringir. De maneira similar, D’us deseja que o homem, e através dele, toda a Terra, sejam purificados e desenvolvidos espirituaImente até que se tornem um recipiente apropriado, um lar para a Presença Divina, revelada no Seu todo.

0 primeiro Rebe escreve no Tanya (cap. 36) que a Era Messiânica, e particularmente a época da Ressurreição dos mortos, será o derradeiro e perfeito cumprimento deste Divino Propósito na Criação. Não ocorrerá automaticamente, mas está ligado diretamente com nossas ações e devoção a D’us, ou seja, de forma prática no cumprimento de Torá e mitsvot enquanto perdurar a galut, Diáspora.

Há três estágios no desenvolvimento da Terra para tornar-se moradia Divina: A Era Presente, a Era Messiânica e a Era da Ressurreição.

  1. A Era Presente – A Era Presente é o tempo para a luta entre o Bem e o Mal, o Espiritual e o Material; “E um poder será mais forte do que outro poder”: às vezes o bem é vitorioso e às vezes não. Cada Mitsvá que praticamos, cada palavra da Torá que estudamos, atrairá para nós e para o mundo a Presença Divina. A Santidade invisível se acumula através dos anos e gerações até finalmente transparecer sua visibilidade depois do advento de Mashiach. Por outro lado, as más influências trazidas para o mundo através de ações erradas, não possuindo existência real própria (semelhante à escuridão que é meramente a falta de luz), são eventualmente neutralizadas e devolvidas à nulidade. Em outras palavras, os efeitos dos maus atos têm somente existência temporária e eventualmente desaparecem, ao passo que a Santidade é permanente e, embora dormente, cresce em poder através do bem que é realizado constantemente.

Isto responderá a uma pergunta feita por muitos: Por que devemos nós, entre todas as gerações, merecer as revelações da Era Messiânica? Certamente nossos antepassados, os grandes sábios, teriam sido mais merecedores do que as gerações que os sucederam.

Agora a resposta torna-se simples: Não depende de mérito pessoal, mas sim do grau de pureza que o mundo tenha alcançado. Nossos ancestrais, com sua Torá e mitsvot cumpriram a maior parte da tarefa atraindo e preenchendo o mundo de Santidade. Somente uma quota relativamente pequena deve ser finalizada, e nossa geração foi a escolhida para esta tarefa. Quando Mashiach virá? Os judeus antecipam a chegada de Mashiach todos os dias. Nossas preces estão repletas de pedidos a D’us para apressar a Era Messiânica. Até mesmo nos portões das câmaras de gás muitos judeus cantavam: “Ani Maamin” – Eu creio na vinda de Mashiach! No entanto, o Talmud declara que há um tempo predestinado para Mashiach chegar. Este “fim do tempo” permanece um mistério, porém o Talmud declara que será antes do ano hebraico de 6.000. (na eepoca do ano em que nos encontramos, 2007 e antes de R. Hashaná, seu correspondente hebraico é o ano 5767). Isso não exclui a possibilidade de Mashiach chegar hoje e agora se formos merecedores. Deve-se notar que muitas autoridades de Torá são da opinião que “estamos na época de Mashiach” e o Rebe de Lubavitch declarou em diversas ocasiões que a Redenção Messiânica é iminente. Então, depois de tudo concluído, o que ocorrerá?

  1. A Era Messiânica e a Ressurreição: Após a revelação de Mashiach (o Redentor e Rei, O ungido de Israel), os passos serão:

– A Restauração do Templo Sagrado de Jerusalém;

– O Retorno de todos os judeus da Diáspora para a Terra Santa;

– A Ressurreição dos mortos.

(1) O Terceiro Templo Sagrado – Nossos sábios afirmam que o Terceiro e último Templo Sagrado já está construído – em estado espiritual – pelo próprio D’us, e está aguardando o momento – o advento de Mashiach – quando será materializado na forma física, no seu lugar designado em Jerusalém, após o que jamais será destruído. Na verdade, existe uma opinião no sentido de que um “Cohên” (Sacerdote) deve sempre manter-se sóbrio, estando desta maneira preparado para, de um momento para outro, participar do serviço sacerdotal do Templo. Pois, quando Mashiach se revelar, o Templo será restaurado imediatamente e os serviços dos cohanim serão instantaneamente requisitados.

(i) Descrição da Era Messiânica – Isaías descreve Mashiach: “E um espíríto (profecia) de D’us repousará sobre ele, um espírito de sabedoria e compreensão… de conhecimento e temor a D’us… ele será dotado extraordinariamente de sentidos que o habilitarão a perceber o bem e o mal nos homens… e com justiça julgará… golpeará (os maus) da Terra com o bastão (a expressão) de sua boca e com o sopro de seus lábios destruirá os perversos.”

A isto segue uma descrição da Era: “E o lobo habitará com o cordeiro, e o leopardo se deitará com o cabrito… e o bezerro com o filhote do leão… e uma criancinha os guiará. Eles não causarão dano nem destruição, pois a Terra estará plena de conhecimento de D’us e de Torá, da mesma maneira que as águas cobrem os oceanos.”

De acordo com o Chassidismo, esta profecia, além de seu profundo significado, deverá ser tomada literalmente. Onde o conhecimento de D’us não somente elevará a humanidade, mas provocará urna completa mudança no comportamento da vida animal; e, como Habakúk profetizou, sua poderosa influência penetrará até nos domínios vegetais e nas matérias inorgânicas: “Pois a pedra (se tiver sido roubada) clamará das paredes e a viga (roubada) do teto lhe responderá (anunciando que haviam sido roubadas e usadas na Construção).” Isto será Possível, porque a Centelha Divina criativa, encontrada ainda que em reino inorgânico, se comunicará na criação com os seres humanos. Desta forma todos os males serão conhecidos e. consequentemente, retificados.

0 Rebe anterior, de Santificada Memória, escreveu certa vez a este respeito: “Hoje as coisas inanimadas, como o solo, é silencioso. Pisam nele, e ele permanece calado. Mas tempo virá em que começará a falar e a contar os fatos. Exigirá urna explicação: Porque as pessoas pisaram nele sem pensar ou conversará sobre assuntos da Torá. É um fato que o ser inanimado na verdade sente quando falamos e pensamos sobre a Torá. Embola hoje se encontre silencioso, no futuro relatará tudo.”

(ii) Mashiach será rei: porque? 0 Tsêmach Tsedek (o Terceiro Rebe de Lubavitch) escreve que após as revelações Messiânicas todos os judeus serão reunidos em um só povo, estudioso da Torá e temente a D’us. Em seguida pergunta: Se assim for, porque Mashiach deve ser um “Rei”; qual a necessidade de tornar-se um dirigente absoluto? Comumente é necessário um Rei para manter a Lei e a ordem, “pois sem temor ao governo as pessoas se engoliriam vivas” (Pirkei Avot, 3:2). Ou no caso de uma sociedade mais altamente desenvolvida, o dever do Rei seria imbuir no seu povo a submissão devotada a D’us e na maneira de viver, conforme estabelecida pela Torá.

Na época Messiánica, entretanto, todo o povo de Israel será observante da vontade de D’us, da maneira mais completa. Tudo que poderia ser necessário seria um grande juiz ou profeta (como fora SamueI em seus dias); mas porque um Rei? Aparentemente isto parece completamente desnecessário!

O termo “Rei”, conforme interpretado pelos Rebes de Lubavitch. conota uma autoridade que deveria ser obedecida, não por temor ao castigo ou porque se compreende o motivo de tal procedimento, mas principalmente porque a inteligência do Rei (o Rei ideal como a Torá o concebe; um exemplo vivo da Torá e da vontade do Criador) está na verdade muito acima daquela de seus súditos. Certamente o Rei possui sérias razões para dar certas ordens e, embora sejam elas incompreensíveis aos outros, devem ser obedecidas implicitamente.

Da mesma maneira, encontramos na Torá estes dois aspectos: 1. A Torá é para ser compreendida até o ponto que a mente limitada de um mortal possa atingir. 2. Existe também uma porção da Torá que se acha além do nosso alcance e compreensão. Aceitamos, entretanto a verdade completa que está em toda a Torá, porque esta nos foi dada por D’us.

Mashiach também, terá dois tipos de relacionamento conosco, baseados nestes dois aspectos da Torá: 1. Ele revelará e explicará a todo o povo judeu os segredos profundos da Torá, para que tudo seja bem entendido. 2. Ele terá revelações Divinas pessoais na Torá infinitamente acima e além do alcance e compreensão de outros judeus; revelações que julgará Impossíveis de revelar e ensinar devido às suas capacidades Intelectuais limitadas.

(iii) Bilhões de estudantes – A transcendente grandeza de Mashiach torna-se mais admirável quando consideramos o assunto abordado pelos Rebes. Nossos sábios dizem que Mashiach ensinará pessoalmente o povo judeu e também aqueles que retornarem a vida durante a Ressurreição (incluindo os Patriarcas e Moshê Rabêinu (Moises, Nosso Mestre)). Quando imaginamos que ele terá como discípulos tantos bilhões de pessoas, ficamos admirados como uma pessoa pode ensinar a tantos, e de acordo com a capacidade individual, relativa a cada um, em entender seu mestre!

A explicação: o método de ensino de Mashiach será visual. Ele estimulará uma profunda introspecção em relação ao tema do estudo, de modo que, devido â clareza do quadro mental visto por cada um, eles captarão em uma ou duas horas o que levaria 60 a 80 anos para ser explicado verbalmente! E mesmo assim tudo que lhes fosse ensinado não seria processado completamente.

Estas revelações de Mashiach do modo acima descritas, lhe fornecerá o título de Rav e Professor. 0 segundo, e mais elevado tipo de revelações que Mashiach experimentará pessoalmente, estará além do alcance dos outros, mesmo através do método “visual” acima referido. Esta sua tremenda superioridade inspirará a todos maior temor e reverência, e o fará merecedor do título de Rei, a autoridade absoluta em assuntos de Torá e do Serviço Divino. Os Rebes acrescentam que até certo ponto todo o povo judeu poderá se beneficiar e até receber estas revelações infinitamente sublimes. Entretanto isto será conseguido não através de esforços do intelecto, mas sim através de total submissão, e devoção ao Rei, Mashiach.

(iv) Chassidut e messirut nefesh (auto-sacrifício): uma preparação – Eles enfatizam mais adiante, que ambos os tipos de revelações através de Mashiach dependem de nosso preparo durante o período da Diáspora. O estudo e compreensão do Chassidismo hoje – o qual nos dá um vislumbre dos segredos profundos da Torá – nos traz o primeiro tipo de revelação de Mashiach como nosso Rav e Professor, revelações estas que serão por nós compreendidas; enquanto que o fortalecimento da Torá e dos preceitos de hoje com messirut nefesh, com total submissão e auto-sacrifício, traz a nós o segundo tipo superior de revelação de Mashiach como nosso Rei, revelações que recebemos, embora estejam infinitamente acima de nossa compreensão.

  1. Ressurreição: quando? O Zohar ensina que a Ressurreição começará quarenta anos após o retorno de todos os judeus à Terra Santa, e continuará intermitentemente até que todos voltem à vida. De acordo com o Talmud, os que foram enterrados na Terra Santa serão revividos primeiro e em seguida os que estiverem em outros países e locais. No Zohar está escrito que os Justos (tsadikim) e os que estudam a Torá serão os primeiros. O importante, entretanto, é que todos serão ressuscitados eventualmente, mais cedo ou mais tarde, para uma vida eterna.

(i) Exceções ao plano – O Rebe explicou há um tempo, baseado nas palavras dos nossos sábios, que haverá exceções a este Plano. Certos indivíduos retornarão à vida imediatamente, por ocasião do advento de Mashiach. A esse respeito o Rebe afirmou: “Logo testemunharemos o cumprimento da profecia”.

  1. Ressurreição: onde? Nossos sábios dizem que a alma retornará ao corpo na Terra de Israel. Os corpos dos que jazem enterrados em outros solos terão que rolar através da terra até alcançar a Terra Santa onde retornarão à vida. Os justos, entretanto, serão poupados de rolar através da terra; serão formados túneis, através dos quais eles andarão em pé até alcançarem a Terra Santa, surgindo da terra, e retornando à vida.
  1. Processo da Ressurreição – É contada a História de Andaryanus, que perguntou ao Rabi Yehoshua, filho de Chanânya, “De que maneira D’us restaurará o corpo no futuro?” O Rabi respondeu: “A partir de um minúsculo osso na coluna espinhal chamado ‘Luz’.” “Como o Senhor sabe que o osso não apodrecerá até então?” “Traga-me o osso, e eu lhe mostrarei,” respondeu o Rabi.

O osso foi trazido e tentaram moê-lo, mas não se desfez; foi jogado ao fogo, mas não queimou; foi embebido na água, mas não se dissolveu; foi colocado na bigorna e golpeado com um martelo, até que a bigorna se partiu em dois e o martelo quebrou-se. O osso, no entanto, permaneceu intacto. Este osso se nutre somente de alimentos preparados para a refeição de Shabat à noite e no Melavê Malká, refeiçnao realizada após o teermino de Shabat; a morte e a podridão não conseguem tocá-lo.

(i) A explicação dada: Adão e Eva comeram da Árvore da Sabedoria na sexta-feira, véspera do Shabat. O fruto proibido os nutriu e assim trouxe o pecado para cada parte do corpo, menos para o osso “Luz”, porque aquele osso só se alimenta na sexta-feira, o dia da semana em que o pecado ocorreu.

0 Zohar descreve que na época da Ressurreição D’us amaciará este osso com o “Orvalho da Ressurreição (também chamado de o “Orvalho da Torá). Todas as outras partes remanescentes do corpo serão unidas através deste osso amolecido até se tornarem uma massa única. Ela será então condensada, expandida e tomará forma.

Sobre essa forma serão colocados pele, carne, ossos e vasos sanguíneos. Finalmente, na última etapa do processo da Ressurreição, D’us dotará o corpo com um espírito vivo.

(ii) Ressurreição dos feridos e doentes – Nossos Sábios ensinam: “Como a pessoa era antes de morrer, assim será ela quando trazida de volta à vida. Se quando faleceu era cega, voltará cega; se surda, voltará surda; se privada de fala, privada de fala voltará; as roupas que trajava na ocasião do seu falecimento, com estas retornará. Disse o Santíssimo, Bendito Seja, ‘Que eles se erguerão como eram antes, então Eu os curarei.’”. Isto D’us fará, removendo o “escudo” que rodeia o sol. Permitindo que os raios mais intensos radiem os poderes Divinos de cura e alcancem a terra, curando todos aqueles que têm um lugar no Mundo Futuro.

(iii) Aqueles que ainda estiverem vivos no tempo da Ressurreição – Já foi mencionado que também aqueles vivendo na Era Messiânica devem falecer antes da Ressurreição. “Pó és e ao pó retomarás,” foi decretado sobre todos os seres humanos, desde o tempo do Pecado Original. Mas a morte e desintegração do corpo terreno com seus instintos e impulsos terrenos não têm a intenção de ser um castigo. São antes um meio para a máxima purificação e um prelúdio para a forma superior de vida no corpo reconstituído do Futuro, um corpo de pureza e santidade absolutas.

A Alma também tem que ser limpa de todas as influências terrenas e foi gerada para receber as revelações do futuro. Esta preparação, a alma receberá na sua passagem para o mundo, espiritual superior. Ali, no Paraíso, no Jardim do Éden, ela verá e compreenderá as revelações e a Sabedoria Divinas, que a tomam capaz de viver a vida mais exaltada no futuro (Tanya). Aquelas pessoas nascidas antes e que se encontrarão vivas na época da Ressurreição também terão de falecer, mas serão restauradas à vida imediatamente. Embora elas venham a ter uma permanência muito breve no Jardim do Éden, dando-lhes pouco tempo para se prepararem para a vida no corpo futuro, apesar disso, a maior intensidade das revelações que estão ali receberão o equivalente, em força e vigor, do que as revelações que os outros recebem durante um período de preparação mais prolongado.

(iv) Descrição da vida futura, pós Ressurreição – Ao descrever a Era da Ressurreição, nossos Sábios dizem que não haverá ali a necessidade de comer e beber, nem de se ocupar com negócios. Não existirão os sentimentos do ciúme, ou ódio, ou rivalidade, mas os Justos ficarão “sentados”, com suas “coroas nas cabeças’ e gozarão do prazer das radiações da Presença Divina. 0 Rambam (Maimônides) interpreta a expressão, “Os Justos ficarão sentados” com as “coroas, etc.: “Sentar” implica em que os Justos terão providas todas suas necessidades materiais sem esforço de qualquer espécie. As “coroas”” em suas cabeças é um termo essencialmente alegórico: seu conhecimento das relevações e da Sabedoria Divinas serão como uma “coroa” nas suas cabeças, por assim dizer.

O Primeiro Rebe de Lubavitch dá o conceito chassídico dessas expressões: “Ficarão sentados” se refere à tranquila completa e perfeita compreensão das revelações e Sabedoria Divinas.

As “coroas” sobre suas cabeças se refere àquelas revelações que estão acima de suas cabeças, isto é, além da sua compreensão. O Talmud menciona que no futuro uma refeição especial será servida aos Justos. Embora tenha sido dito acima que não haverá necessidade de comida e bebida no tempo da Ressurreição, a explicação dada é que o acontecimento da refeição especial terá lugar antes da era do “não comer nem beber”.

(v) Quem será ressucitado? Nossos Sábios fazem primeiro uma declaração de ordem geral: todos possuem uma parte no Olám Abá, Mundo Vindouro (isto é, Ressurreição). Depois partem para a enumeração de várias exceções. Rambam escreve que serão excluídos somente aqueles que morrerem sem arrependimento. Mas se o indivíduo de fato se arrependeu da sua maldade, mesmo que somente no derradeiro instante da sua vida, ele merecerá uma parte no Mundo Futuro. Esperança adicional nos é dada por nossos Sábios: se um filho é justo, ele ganha uma parte no Mundo Vindouro para o seu pai ou sua mãe, embora normalmente ele (ou ela) seriam excluídos da Vida Futura. Mais ainda, se alguém intercede e dirige preces para o bem de seus pais ou a um filho mau, ou faz mitsvot e dá tsedacá em nome deles, essa intercessão tem um efeito benéfico elevando suas almas a níveis mais elevados. [2]

III. A vida além da morte – O Rabino Nilton Bonder disse: Trabalhei em hospitais, com doentes terminais, nos Estados Unidos. E presenciei várias situações dessas. O que mais impressiona é a euforia com que as pessoas relatam suas experiências. Eu acho que, nessas ocasiões, elas realmente fazem contato com a verdadeira natureza humana, com a fonte da existência. Mas não têm, necessariamente, uma visão objetiva. Porque há também um aspecto onírico, alucinatório, causado pela intoxicação do corpo. Para o judaísmo, a morte é um longo processo, que dura 11 meses. Segundo a mística judaica, a alma possui sete camadas e a morte só se completa quando a mais sutil delas finalmente se desprende do mundo físico. (Nilton Bonder é rabino da Congregação Judaica do Brasil(Barra de Tijuca, Rio RJ) e escritor. É autor, entre outros livros, de A Alma Imoral.) [3]

Fontes: [1]Judeus.Org : http://judeus.org/Misticismo_Judaico/reencarnacao_e_ressurreicao_conteudo.htm

[2] Chabad: http://www.pt.chabad.org/library/article_cdo/aid/666767/jewish/A-Era-Messinica-e-a-Ressurreio.htm

[3] Portal do Espirito:  http://www.espirito.org.br/portal/artigos/diversos/desencarne/a-vida-alem-da-morte.html

Ver: Congregação Judaica P´Nei Or, Centro de Estudos e Pesquisas:

– Judaismo eReencarnação, 25 de abril de 2008 – 20 de Nissan de 5768

Vidas Passadas – Guilgul Neshamot – Reencarnação das Almas (Parte 2), 11 de Tishrei de 5769 -1 0 de outubro de 2008.

– Vida Após A Vida (parte 1, 5770), 03/Kislev/5770-20/nov/2009

 

Coordenador: Saul S. Gefter



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