Congregação Judaica Shaarei Shalom – שערי שלום

Tempo de leitura: 10 Minutos
  1. …Por que os judeus não acreditam em Jesus? Por Rabino Shraga Simmons – Aish.com …Por séculos os judeus foram perseguidos por sua fé e prática religiosa. Muitos tentaram impor suas ideias e aniquilar o judaísmo. Nem as cruzadas, nem a inquisição implacável, nem os pogroms conseguiram manipular nossas almas cumprindo seu intento. O judaísmo mantém sua chama sempre viva. A história comprova: os judeus continuam rejeitando o Cristianismo. Por quê? Porque somos simplesmente judeus, nascemos e vivemos o judaísmo e temos nossas próprias convicções. Mas quando judeus são seguidamente questionados sobre esta questão e não-judeus frequentemente perguntam: “Por que os judeus não acreditam em Jesus?” Preparamos alguns argumentos com o objetivo, não de depreciar outras religiões, pois respeitamos a todos e por esta razão não fazemos proselitismo, mas sim apenas para esclarecer a posição judaica.

Por que os judeus não acreditam em Jesus? Porque:

  1. JESUS NÃO PREENCHEU AS PROFECIAS MESSIÂNICAS

O que o Messias deveria atingir? A Torá diz que ele:

a – Construirá o terceiro Templo Sagrado (Yechezkel 37:26-28)

b – Levará todos os judeus de volta à Terra de Israel (Yeshayáhu/Isaias 43:5-6).

c – Introduzirá uma era de paz mundial, e terminará com o ódio, opressão, sofrimento e doenças. Como está escrito: “Nação não erguerá a espada contra nação, nem o homem aprenderá a guerra.” (Yeshayáhu 2:4).

d – Divulgará o conhecimento universal sobre o D’us de Israel – unificando toda a raça humana como uma só. Como está escrito: “D’us reinará sobre todo o mundo – naquele dia, D’us será Um e seu nome será Um” (Zecharyá 14:9).

O fato histórico é que Jesus não preencheu nenhuma destas profecias messiânicas.

 

  1. CRISTIANISMO CONTRADIZ A TEOLOGIA JUDAICA

a – D’us em três? A ideia cristã da trindade quebra D’us em três seres separados: o Pai, o Filho e o Espírito Santo (mateus 28:19). Compare isto com o Shemá, a base da crença judaica: “Ouve, ó Israel, o Eterno nosso D’us, o Senhor é UM” (Devarim/Deuteronômio 6:4). Os judeus declaram a unicidade de D’us todos os dias, escrevendo-a sobre os batentes das portas (Mezuzá), e atando-a à mão e cabeça (Tefilin). Esta declaração da unicidade de D’us são as primeiras palavras que uma criança judia aprende a falar, e as últimas palavras pronunciadas antes de morrer.Na Lei Judaica, adorar um deus em três partes é considerado idolatria – um dos três pecados cardeais, que o judeu prefere desistir da vida a transgredir. Isto explica porque durante as Inquisições e através da História, os judeus desistiram da vida para não se converterem.

b – Um homem como deus?  Os cristãos acreditam que D’us veio à terra em forma humana, como disse Jesus: “Eu e o Pai somos um” (João 10:30). Maimônides devota a maior parte do “Guia para os perplexos” a ideia fundamental que D’us é incorpóreo, significando que Ele não assume forma física. D’us é eterno, acima do tempo. É infinito, além do espaço. Não pode nascer, e não pode morrer. Dizer que D’us assume forma humana torna D’us pequeno, diminuindo tanto Sua Unidade como Sua Divindade. Como diz a Torá: “D’us não é um mortal” (Bamidbar/Números 23:19). O Judaísmo diz que Messias nascerá de pais humanos, com atributos físicos normais, como qualquer outra pessoa. Não será um semi-deus, e não possuirá qualidades sobrenaturais. De fato, em cada geração vive um indivíduo com a capacidade de tornar-se o Messias. (veja Maimônides – Leis dos Reis 11:3).

c – Um intermediário para a oração? É uma ideia básica na crença cristã que a prece deve ser dirigida através de um intermediário – i.e., confessando-se os pecados a um padre. O próprio Jesus é um intermediário, pois disse: “Nenhum homem chega ao Pai a não ser através de mim.” No Judaísmo, a prece é assunto totalmente particular, entre cada pessoa e D’us. A Torá diz: “D’us está perto de todos que clamam por Ele” (Tehilim/Salmos 145:18). Além disso, os Dez Mandamentos declaram: “Não terá outros deuses DIANTE DE MIM,” significando que é proibido colocar um mediador entre D’us e o homem. (veja Maimônides – Leis da Idolatria cap. 1).

d – Envolvimento no mundo físico – O Cristianismo freqüentemente trata o mundo físico como um mal a ser evitado. Maria, a mais sagrada mulher cristã, é retratada como uma virgem. Padres e freiras são celibatários. E os mosteiros estão em locais remotos e segregados. Em contraste, o Judaísmo acredita que D’us criou o mundo físico não para nos frustrar, mas para nosso prazer. A espiritualidade judaica vem através do envolvimento no mundo físico de maneira tal que ascenda e eleve. O sexo no contexto apropriado é um dos atos mais sagrados que podemos realizar.

O Talmud diz que se uma pessoa tem a oportunidade de saborear uma nova fruta e recusa-se a fazê-lo, terá de prestar contas por isso no Mundo Vindouro. As escolas rabínicas ensinam como viver entre o alvoroço da atividade comercial. Os judeus não se afastam da vida, elevam-na.

  1. JESUS NÃO PERSONIFICA AS QUALIFICAÇÕES PESSOAIS DO MESSIAS

a – Messias como profeta – Jesus não foi um profeta. A profecia apenas pode existir em Israel quando a terra for habitada por uma maioridade de judeus. Durante o tempo de Ezra (cerca de 300 AEC), a maioria dos judeus recusou-se a mudar da Babilônia para Israel, e assim a profecia terminou com a morte dos três últimos profetas – Chagai, Zecharyá e Malachi. Jesus apareceu em cena aproximadamente 350 anos após a profecia ter terminado.

b – Descendente de David – O Messias deve ser descendente do Rei David pelo lado paterno (veja Bereshit/Gênese 49:10 e Yeshayáhu 11:1). Segundo a reivindicação cristã que Jesus era filho de uma virgem, não tinha pai – e dessa maneira não poderia ter cumprido o requerimento messiânico de ser descendente do Rei David pelo lado paterno!

c – Observância da Torá – O Messias levará o povo judeu à completa observância da Torá. A Torá declara que todas as mitsvot permanecem para sempre, e quem quer que altere a Torá é imediatamente identificado como um falso profeta. (Devarim 13:1-4). No decorrer de todo o Novo Testamento, Jesus contradiz a Torá e declara que seus mandamentos não se aplicam mais. (veja João 1:45 e 9:16, Atos 3:22 e 7:37).

  1. VERSÍCULOS BÍBLICOS “REFERINDO-SE” A JESUS SÃO TRADUÇÕES INCORRETAS – Os versículos bíblicos apenas podem ser entendidos estudando-se o texto original em hebraico – que revela muitas discrepâncias na tradução cristã.

a – Nascimento virgem – A ideia cristã de um nascimento virgem é extraído de um versículo em Yeshayáhu descrevendo uma “alma” que dá à luz. A palavra “alma” sempre significou uma mulher jovem, mas os teólogos cristãos séculos mais tarde traduziram-na como “virgem”. Isto relaciona o nascimento de Jesus com a ideia pagã do primeiro século, de mortais sendo impregnados por deuses.

b – Crucificação – O versículo em Tehilim 22:17 afirma: “Como um leão, eles estão em minhas mãos e pés.” A palavra hebraica ka’ari (como um leão) é gramaticalmente semelhante à palavra “ferir muito”. Dessa maneira o Cristianismo lê o versículo como uma referência à crucificação: “Eles furaram minhas mãos e pés.”

c – Servo sofredor – Os cristãos afirmam que Yeshayáhu (Isaías) 53 refere-se a Jesus. Na verdade, Yeshayáhu 53 segue diretamente o tema do capítulo 52, descrevendo o exílio e a redenção do povo judeu. As profecias são escritas na forma singular porque os judeus (Israel) são considerados como sendo uma unidade. A Torá está repleta de exemplos de referências à nação judaica com um pronome singular.

Ironicamente, as profecias de perseguição de Yeshayáhu referem-se em parte ao século 11, quando os judeus foram torturados e mortos pelas Cruzadas, que agiram em nome de Jesus. De onde provêm estas traduções erradas? S. Gregório, Bispo de Nanianzus no século IV, escreveu: “Um certo jargão é necessário para se impor ao povo. Quantos menos compreenderem, mais admirarão.”

  1. A CRENÇA JUDAICA É BASEADA NA REVELAÇÃO NACIONAL

Das 15.000 religiões na História Humana, apenas o Judaísmo baseia sua crença na revelação nacional – i.e., D’us falando a toda a nação. Se D’us está para iniciar uma religião, faz sentido que Ele falará a todos, não apenas a uma pessoa. O Judaísmo,é a única entre todas as grandes religiões do mundo que não confia em “reivindicações de milagres” como base para estabelecer uma religião. De fato, a Torá afirma que D’us às vezes concede o poder de “milagres” a charlatães, para testar a lealdade judaica à Torá (Devarim 13:4).

Maimônides declara (Fundações da Torá, cap. 8): “Os Judeus não creram em Moshê (Moisés), nosso mestre, por causa dos milagres que realizou. Sempre que a crença de alguém baseia-se na contemplação de milagres, tem dúvidas remanescentes, porque é possível que os milagres tenham sido realizados através de mágica ou feitiçaria. Todos os milagres realizados por Moshê no deserto aconteceram porque eram necessários, e não como prova de sua profecia. “Qual era então a base da crença judaica? A revelação no Monte Sinai, que vimos com nossos próprios olhos e ouvimos com nossos ouvidos, não dependendo do testemunho de outros… como está escrito: ‘Face a face, D’us falou com vocês…’ A Torá também declara: ‘D’us não fez esta aliança com nossos pais, mas conosco – que hoje estamos todos aqui, vivos.’ (Devarim 5:3).” O Judaísmo não são os milagres. É o testemunho da experiência pessoal de todo homem, mulher e criança.

  1. JUDEUS E GENTIOS – O Judaísmo não exige que todos se convertam à religião. A Torá de Moshê é uma verdade para toda a Humanidade, seja judia ou não. O Rei Salomão pediu a D’us para considerar as preces de não-judeus que vão ao Templo Sagrado (Reis I, 8:41-43). O profeta Yeshayáhu refere-se ao Templo Sagrado como uma “Casa para todas as nações.” O serviço no Templo durante Sucot realizava 70 oferendas de touros, correspondendo às 70 nações do mundo. De fato, o Talmud diz que se os Romanos tivessem percebido quantos benefícios estavam conseguindo do Templo, jamais o teriam destruído. Os judeus nunca buscaram ativamente converter as pessoas ao Judaísmo, porque a Torá prescreve um caminho correto para que os gentios o sigam, conhecido como “As Sete Leis de Nôach (Noê).” Maimônides explica que qualquer ser humano que observe fielmente estas leis morais básicas recebe um lugar apropriado no céu.
  2. TRAZENDO O MESSIAS – De fato, o mundo está desesperadamente necessitado da Redenção Messiânica.

A guerra e a poluição ameaçam nosso planeta; o ego e a confusão estão erodindo a vida familiar. Na mesma extensão em que estamos conscientes dos problemas da sociedade, é a extensão em que ansiamos pela Redenção. Como declara o Talmud, uma das primeiras perguntas que um judeu recebe no Dia do Julgamento é: “Você ansiou pela vinda do Messias?” Como podemos apressar a vinda de Mashiach? A melhor maneira é amar generosamente toda a humanidade, cumprir as mitsvot da Torá (da melhor maneira que pudermos) e encorajar outros para que as cumpram também. O Mashiach pode chegar a qualquer momento e tudo depende de nossas ações. D’us estará pronto quando estivermos. Pois, como disse o Rei David: “A Redenção chegará hoje – se derem atenção à Sua voz.” [1]

  1. Visão do judaísmo sobre Jesus – A religião judaica atual geralmente vê Jesus de Nazaré como um de uma série de falsos messias que apareceram ao longo da história. Jesus é visto como tendo sido o mais influente e, consequentemente, o mais prejudicial entre todos os falsos messias. No entanto, a crença judaica é de que o Messias ainda não chegou e que a Era Messiânica ainda não está presente; a total rejeição de Jesus como sendo o verdadeiro Messias ou divindade nunca foi uma questão central para o judaísmo. No coração do judaísmo está a Torá, seus mandamentos, o Talmude e o monoteísmo ético como descrito na Shema – que precedeu a época de Jesus.

Visão Oficial – O Judaísmo nunca aceitou nenhuma das realizações reivindicadas da profecia de que o cristianismo ortodoxo atribui a Jesus. O judaísmo também proíbe a adoração de uma pessoa como uma forma de idolatria, já que a crença central do judaísmo é a unidade absoluta e singularidade de D-us. A escatologia judaica tradicional sustenta que a vinda do Messias será associada a um específico série de eventos que ainda não ocorreram, incluindo o retorno dos judeus à sua terra natal e da reconstrução do Templo de Jerusalém, a Era Messiânica de paz e compreensão durante o qual “o conhecimento de D-us” encherá a Terra e desde que os judeus acreditam que nenhum desses eventos ocorreu durante a vida de Jesus (nem tenham ocorrido mais tarde, exceto para o retorno de muitos judeus à sua pátria em Israel).

Por esses motivos, o judaísmo afirma que ele não é um candidato a messias. Entretanto, alguns judeus compartilham a ideia dos cristãos e muçulmanos de que Jesus de Nazaré seja o messias (veja Judaísmo messiânico). A crença de que Jesus é D-us, ou filho de D-us, ou uma pessoa da Trindade, é incompatível com princípios filosóficos judaicos. O mesmo vale para a crença em Jesus como o Messias ou um profeta de D-us, essas crenças são igualmente rejeitadas aos pontos de vista tradicionais judaicas. A ideia de Messias do moderno Judaísmo é diferente da visão de Messias do Cristianismo porque os judeus acreditam que Jesus não cumpriu as profecias messiânicas que estabelecem os critérios para a vinda do Messias. Segundo a interpretação do Judaísmo em relação a textos do Antigo Testamento, Jesus como D-us, o Ser Divino intermediário entre os seres humanos e D-us, o Messias ou santo é inaceitável.

A crença na Trindade também é considerado incompatível com o judaísmo, assim como uma série de outros princípios do cristianismo.

Visões Alternativas – Fora da visão oficial do judaísmo, uma pequena minoria de rabinos têm uma visão mais positiva de Jesus, afirmando que ele próprio não abandonou a religião judaica e que ele beneficiou os não-judeus. Entre estes estão Jacob Emden, Moisés Mendelssohn (bem como alguns outros pensadores religiosos do movimento Haskalah), e Elias Benamozegh. Alguns rabinos ortodoxos hoje, incluindo Irving Greenberg têm opiniões semelhantes. Embora esses autores apresentem posições que variam de vista dominantes no judaísmo, eles ainda não consideram Jesus como o Messias judeu.[2]

Fontes: [1] WebJudaica|: http://webjudaica.com.br/religiao/textosDetalhe.jsp?textoID=22&temaID=4#

[2] Wikipédia, a enciclopédia livre: https://pt.wikipedia.org/wiki/Vis%C3%A3o_do_juda%C3%ADsmo_sobre_Jesus

Coordenador: Saul Stuart Gefter



Uma resposta

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *