Congregação Judaica Shaarei Shalom – שערי שלום

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Neste ano de 5776, na diáspora, estudamos duas parshiot, Matot e Massei – Em Israel se estuda apenas a Parashat Massê.

1) Parashot Matót-Massê, Bamidbár/Números 30:02-32:42 – A Parasha Matot inclui as leis sobre como fazer/cancelar juramentos, o ataque surpresa a Midián em resposta à devastação causada pelos Midianitas aos Israelitas; a purificação, após a guerra, das pessoas e dos utensílios, dedicando uma parte dos espólios para o uso comunitário; a requisição, por parte das tribos de Reuven e Gad, de que suas terras ficassem do lado leste do rio Jordão. Moisés rejeita o pedido, porque pensou que estas tribos não queriam participar da conquista da Terra de Israel; as tribos lhe esclarecem que serão as tropas avançadas no ataque e, então, recebem permissão para se estabelecerem na área da Transjordânia.

Parashá Massê, Bamidbár/Números 33:1-36:13 – inicia-se com um resumo de toda a rota viajada pelo povo judeu durante seus 40 anos no deserto, começando com seu Êxodo do Egito e concluindo com sua chegada às margens do Rio Jordão. Após ordenar ao povo para expulsar todos os habitantes da Terra Santa, a Torá delineia as fronteiras exatas da terra de Israel. Já que os levitas não receberiam uma porção como os demais, cidades especiais foram separadas para eles. Alguns destes locais serviriam também como cidades de refúgio para alguém que, sem intenção, tenha matado uma pessoa, e então fugiria para uma destas cidades para buscar abrigo e evitar a vingança de um parente próximo da vítima, lá permanecendo até a morte do atual Cohen Gadol (o Sumo Sacerdote). Após estabelecer os parâmetros para as várias categorias de assassinato, o livro Bamidbar conclui com informação mais completa a respeito das filhas de Tslofchad e as leis sobre herança.

2) DvarTorá:   Baseado no livro “Ame Seu Próximo” do Rabino Zelig Pliskin: Depois de enfaticamente explicar queum assasino não pode resgatar com dinheiro sua própria pena de morte (ao ter cometido um assasinato intencional) ou se exilar numa Cidade Refúgio (por um assasinato não intencional), a Torá declara: “Vocês não devem poluir a terra onde estão … ” “deixando de fazer justiça” (Bamidbár-Números 35:33). A palavrapoluirem Hebraico é tachanífu, que também significabajulaçãoou adulação. O Sifrí (livro que explica nossas leis) nos explica que este versículo nos proíbe de bajular ou fazer elogios não sinceros. O Grande Rabino Sefaradi, Rabeinu Yoná (Espanha,?-f.1263 E.C.), autor do livro Shaárei Teshuvá (Os Portões do Arrependimento), um dos livros clássicos do Judaísmo, nos dá os seguintes enfoques sobre abajulação:  i) A pior forma de abajulação édizer a uma pessoa “Você não fez nada de errado”, sabendo que o sujeito cometeu uma transgressão. Isto leva à repetição dos maus atos. ii) É considerada bajulação dizer a uma pessoa ruim que ele (ou ela) é um bom sujeito. Mesmo não diz que seus crimes foram atos apropriados, é errado elogiá-lo. iii) Deixar de censurar alguém quando estamos em posição de fazê-lo é considerado bajulação e adulação. Se uma pessoa pode protestar contra malfeitores e não o faz, ele é considerado responsável por seu comportamento.

Nossa lição: Não devemos nos omitir, pensando que ‘não temos nada há ver com o assunto’.

A qualidade de nossa sociedade depende dos atos corretos de cada um de nós.

3) DvarTorá:   Reflexões sobre o mês de Tamuz –  Há alguns fatos que ocorreram nesta data e que merecem ser citados. O dia 17 de Tamuz é um dia de jejum em lembrança à 5 tragédias que assolaram o povo judeu em diversas épocas de sua história. O 1° destes foi o fato de Moises ter quebrado as Tábuas da Lei. Nas preces de Selichot, rezadas neste dia, há menção sobre a quebra das Tábuas, sem referência ao motivo (o bezerro de ouro). Isto porque a milagrosa escrita Divina gravada nas Tábuas nunca mais foi recuperada. Foi perdida para sempre esta forte revelação Divina cujas letras estavam gravadas de fora a fora, de forma legível sob qualquer ângulo e cuja mensagem podia ser claramente transmitida, sem qualquer possibilidade de distorção.

O número 21 (soma dos dias das Três Semanas) forma a palavra hebraica “Ach”, que significa apenas 17 (de Tamuz) tem o valor numérico da palavra hebraica Tov, bem. Ambas iniciam um versículo que diz: “Ach tov Leyisrael”, “Apenas o bem para Israel”. Isto mostra que, de modo mais profundo, os acontecimentos desagradáveis das Três Semanas, na realidade, levarão somente as coisas boas. O Número 3, no judaísmo, representa perfeição e eternidade. E assim está escrito: “A corda tríplice não se desmanchará facilmente”. De fato este número é recorrente: há 3 Patriarcas, 3s Festas de Peregrinação, a Lei Escrita é composta de 3 partes (o Tanakh, Torá, Neviim (os Profetas) e Ketuvim (Escritos Sagrados), entregue no 3° mês após a saída do Egito, ao povo judeu formado por 3 grupos (Cohen + Levi (o tribo das Levitas) e Yisrael (o tribo de Judá plus as remanescentes dos 10 tribos perdidas)… Se o número 3 é tão significativo, por que então tantas tragédias recaíram sobre o povo judeu durante as Três Semanas? A resposta é que todo este sofrimento são etapas que levam à Era Messiânica. Isto é aludido ao fato dos dois jejuns, 17 de Tamuz e 9 de Av, sempre coincidirem com o mesmo dia da semana do Sêder de Pêssach, quando comemoramos a saída do Egito e nossa libertação.



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