- Introdução: O papél dos judeus em suas famílias e sinagogas mudou com o tempo. O papel dos homens judeus que são voltados para suas famílias e comunidades permanece virtualmente inalterados há mais de 100 anos, até dois momentos: o movimento feminista, e o movimento a favor das formas progressivas do Judaísmo (reformista, conservadora, reconstrucionista). Hoje, o papel do judeu depende de sua região no mundo, se ele for Ortodoxo ou pertença a outra vertente do Judaísmo, sua idade, a influencia de outras culturas e de sua própria família.
Como judeus – Virtualmente, todos os mandamentos bíblicos, como honrar pai e mãe, não roubar, observar o Sabá, aplicam-se aos homens. As mulheres são isentas de muitos rituais religiosos (apesar de poderem realizá-los se desejado) então, de uma visão bíblica, homens têm mais obrigações religiosas que mulheres. O efeito mais controverso é a diferença em que, no judaísmo clássico, apenas homens podem ser contados no quórum mínimo de dez pessoas (um “minyan”) necessários para orações públicas, uma vez que suas obrigações religiosas são maiores que das mulheres. Sinagogas ortodoxas contam apenas homens para um minyan. Outras vertentes do Judaísmo tratam homens e mulheres igualmente nesse ponto.
Como maridos – As leis judaicas dizem que um homem judeu casado deve fornecer à sua esposa alimentação adequada, roupas e sexo prazeroso. Culturalmente, os judeus encorajam os homens a tratar suas esposas com respeito e gentileza. Até o ano 1000 CE, a poligamia era praticada em todas as comunidades Judias. Desde então, ela foi banida por Ashkenazitas (aqueles de descendência Alemã e do Leste Europeu), e mais recentemente foi banida também no mundo Sefardi (de descendência Espanhola, do Oriente Médio e Norte-Africana).
Como pais – As leis judaicas requerem que pais deem a seus filhos educação religiosa, aulas de natação e, no caso de um menino, a circuncisão. Na ausência de um pai para fazê-lo, a responsabilidade geralmente recai sobre a mãe. Culturalmente, os judeus darão à seus filhos a melhor educação que estiver disponível para prepará-los para profissões futuras.
Como estudiosos e lideres religiosos – Tradicionalmente, homems são encarregados da responsabilidade (e privilégio) de estudar o Talmud, texto que forma a base do Judaísmo rabínico. Historicamente, apenas homens podem se tornar rabinos ou presidentes de sinagoga, apesar disso ter mudado em várias vertentes do judaísmo. No mundo ortodoxo de hoje, algumas sub-seitas encorajam as mulheres a aprenderem o Talmud também, e dá a elas posições de liderança (exceto o título de “rabino”). Em algumas comunidades ultra-ortodoxas das décadas passadas, a expectativa de estudo de um homem subverteu seu papel tradicional de ganhadores de pão. Em vez de trabalhar no comércio ou profissão, eles estudam tempo integral, e as esposas ganham o dinheiro necessário para a família.
Mudanças na sociedade moderna – Judeus não moram em um vazio, e as responsabilidades do homem em casa e no mundo do trabalho são altamente influenciadas pela expectativa da cultura que o cerca. Expectativas sobre cuidado com crianças, serviços de casa ou sustento da família variam para cada região e geração. Membros de vertentes judaicas progressivas pegam pistas de suas direções na cultura do Oeste. As comunidades ortodoxas estão intencionalmente mais imunes a tal influência, mas, ainda lá, as expectativas mudaram, particularmente entre o Ortodoxo Moderno nas sociedades ocidentais. [1]
- Casamento judaico – É muito mais do que uma troca de alianças. Trata-se de aprender seu profundo significado, bem como imprimir uma cópia para os convidados do seu casamento!
O casamento judaico é repleto de rituais significativos, dando sentido ao propósito e significado mais profundo do casamento. Esses rituais simbolizam a beleza do relacionamento entre marido e mulher, bem como suas obrigações para com outro e com o povo judeu. A cerimônia de casamento acontece embaixo de uma chupá (pronuncia-se hupá e quer dizer toldo), o símbolo da casa a ser construída e dividida pelo casal. É aberta de todos os lados, assim como era a tenda de Abraham e Sarah a fim de receber todos os amigos e parentes com incondicional hospitalidade. A chupá é geralmente montada ao ar livre, sob as estrelas, como um sinal de benção dada por D-us ao patriarca Abraham, que seus filhos serão como estrelas do céu. Embaixo da chupá, a noiva dá sete voltas ao redor do noivo. Uma vez que o mundo foi criado em sete dias, metaforicamente é como se a noiva estivesse construindo as paredes da nova casa do casal. O número sete também simboliza a totalidade e integridade que eles não podem atingir separadamente.
Duas taças de vinho são servidas no casamento judaico. O vinho é um símbolo de alegria na tradição judaica e está associado com o Kidush, a reza de santificação recitada no Shabat e nas festividades. O Casamento, que é chamado de Kidushin (Sagrado), é a santificação do homem e da mulher um para o outro. A aliança deve ser feita de ouro puro, sem desenhos ou ornamentos (ex. pedras) – isso porque se espera que o casamento seja de uma beleza simples. No casamento, o noivo aceita para si algumas responsabilidades matrimoniais que são detalhadas na Ketubá (contrato nupcial).
A sua obrigação principal é prover alimentos, abrigo e roupas para sua esposa, e ser atencioso com relação às suas necessidades emocionais. A proteção dos direitos de uma esposa judia é tão importante que o casamento só pode ser formalizado após a leitura completa do contrato. São recitadas sete bênçãos (Sheva Brachot). O tema dessas bênçãos ligam o noivo e a noiva para nossa fé em D-us como Criador do mundo, Maior Benfeitor da alegria e do amor, e Redentor final do nosso povo. Um copo é colocado no chão, e o noivo quebra com o seu pé. Esse ato serve como uma expressão de tristeza com a destruição do Templo em Jerusalém, e proporciona ao casal sua identidade de povo judeu. Um judeu, mesmo no maior momento de sua alegria, tem em mente sua vontade maior ainda de reerguer Jerusalém ao seu mais alto jubilo. [2]
III. Educação e Talmud – uma Releitura da Ética dos Pais…
… A Torá (Bíblia), base do judaísmo histórico, é a religião do povo judeu que, em conjunto com os preceitos da Halakhá (Lei Rabínica), contidos no Talmud (Lei Oral), e das Mitsvót, (regras de conduta obrigatória, de essência divina) são entendidas como um todo indissociável, partindo, portanto, do princípio de que ambas foram transmitidas por Deus a Moisés.
Nesta concepção se encontra o dogma fundamental e único do judaísmo, segundo o qual, a revelação divina tem duas vertentes: uma escrita e outra oral que não são nada mais que dois aspectos da mesma Lei, transmitida a Moisés no Monte Sinai. A aceitação desde dogma é de tal importância, a ponto de que o próprio Maimônides [1] , em seus escritos, se refere à importância do homem escolher para sua moradia um lugar onde a Lei Escrita e a Lei Oral sejam estudadas, para preservar a manutenção dos estudos e de sua conseqüente prática.
O judaísmo é constituído pela memória de gerações, em que os mais velhos têm a obrigação de transmitir os conhecimentos para os mais novos. Tal fato, por si só, demonstra a importância que se atribui no judaísmo à questão do ensino e da educação de um modo geral. Encontramos na própria Bíblia, em Deuteronômio [2] uma alusão à importância do recebimento e da transmissão de conhecimentos por herança. Também Maimônides, em seus mandamentos, afirma o dever de ensinar e estudar a Torá e o de honrar os eruditos e idosos que nela são versados.
Na realidade, esta iniciação deve se dar desde a mais tenra idade, pela repetição de alguns versículos bíblicos, cabendo ao pai a responsabilidade por esta tarefa. Em seguida, a criança de três anos é encaminhada ao Heder (escola judaica em idiche), instituição característica da educação judaica tradicional no este europeu, destinada a ensinar às crianças a prática religiosa judaica e da língua hebraica.
… Ao destacar a importância do estudo desde cedo, os Sábios estão se referindo aos ensinamentos dados em casa pelos familiares, pais e avós da criança. Cabe ao pai, ainda em casa, iniciar seu filho no estudo da Torá, para depois encaminhá-lo à escola.
Consiste em um movimento que atribui um valor muito grande à presença familiar na vida da criança, em uma integração harmoniosa entre lar e escola, assunto freqüentemente estudado e debatido entre os educadores dos dias atuais.
… É possível encontrar no tratado de Pirkei Avot. – “A Ética dos Pais”, uma das mais completas sínteses dos princípios essenciais da prática judaica com base na Torá,
“A Torá é superior ao sacerdócio e à realeza, pois a realeza requer trinta qualidades, o sacerdócio vinte e quatro, mas a Torá requer quarenta e oito coisas. E elas são: estudo, atenção pelo ouvido, repetição em voz alta, inteligência do coração, respeito, temor, humildade, alegria, pureza, convívio com Sábios, aproximação dos companheiros, debate com os discípulos, bom senso, conhecimento da Escritura, conhecimento da tradição… paciência, bom coração, confiança nos Sábios, resignação no sofrimento, conhecer o seu lugar, contentar-se com a sua porção, medir suas palavras, não exigir créditos para si, ser amado, amar o Todo-Presente, amar o seu próximo, amar a retidão, prezar as críticas, afastar-se das honrarias, não inflar o coração por causa do desconhecimento, não se deleitar em dar ordens, ajudar o próximo a carregar o seu jugo: julgá-lo com indulgência, pô-lo no caminho da paz; estudar com método, perguntar conforme o assunto e responder conforme a regra, ouvir e aumentar o conhecimento, aprender para ensinar, aprender para praticar, estimular a sabedoria do mestre, raciocinar sobre o que ouvir e dizer coisas em nome de quem as disse. Sabe-se que todo aquele que diz uma coisa, citando o nome de quem a disse, traz a redenção ao mundo, pois foi dito: “E disse Ester ao rei em nome de Mordekhai” (Livro de Ester, 2:22.) [3]
…O Judaísmo mantém uma visão extremamente alta da dignidade e importância do indivíduo – em oposição às massas, à multidão, à nação, ao império. Não acreditamos que somos manchados pelo pecado original, ou que o destino está totalmente nas mãos da Providência. D’us nos habilita, como um pai sábio capacita seu filho, a crescer, desenvolver-se e exercer responsabilidade. Estamos aqui para fazermos uma diferença… [4]
Fontes:
[1] Escrito por Sarah Bronson: http://www.ehow.com.br/papel-homem-judeu-sobre_15839/
[2] Visão Judaica Online: http://www.visaojudaica.com.br/Julho2006/artigos/15.html
[3] Escrito por Ana Szpiczkowski, Profa. Dra. de Língua, Literatura e Cultura Judaicas, DLO, USP, SP: http://www.hottopos.com/mirand15/anaszp.htm
[4] A Ética da Responsabilidade Judaica, Chabad: http://www.pt.chabad.org/library/article_cdo/aid/608805/jewish/A-tica-da-Responsabilidade-Judaica.htm
Coordenador: Saul Stuart Gefter
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