Parashat Ki Tavo (Devarim /Deuterônomio 26:1 – 29:8)
Resumo da Parashat – É ordenado que sejam levadas para Yerushalaim as primícias (Bikurim) de toda a produção dos frutos das 7 espécies. São dadas instruções sobre o maasser (dízimo) Moisés pede que o povo continue no caminho das Mitzvot (mandamentos) e enumera todas as bênçãos que viriam como conseqüência do cumprimento destas. A seguir enumera as conseqüências do não cumprimento das Mitzvot e encerra lembrando as maravilhas que D’us fez para o povo ao longo dos 40 anos no deserto e ordenando que o povo guarde as Mitzvot para que tenham sucesso em tudo o que fizerem. A Parash até única porque ela contém 98 maldições esperando pelo povo judeu se ele se recusar a servir a D’us. O leitor inteligente provavelmente se perguntará, “Porque tantas maldições?” Porque D’us não pode simplesmente fazer apenas uma maldição como: “Se vocês não obedecerem os meus mandamentos eu farei coisas terríveis”? Porque detalhes tão mórbidos? E ainda mais; na Parashat Bealotechá D’us já nos deu 49 maldições! Por que precisamos de mais o dobro? Pensa sobre estas questões durante estas dias sagradas.
2) D’Var Torá – Renova dentro de mim um espírito inabalável – “Tendes visto tudo quanto o Senhor fez perante vossos olhos.” (Devarim/Deuteronômio cap. 29, v.2) Neste grande evento, Moisés lembra ao povo de Israel “Tendes visto”. Apesar que todos viram e nenhuma pessoa poderá negar aquilo que viu com seus próprios olhos, porque aparentemente o esquecimento não prevalece sobre aquilo que os olhes vêm, e ainda mais na geração de Moisés. Porém, temos aqui uma grande lição para todas as gerações. Pode uma pessoa ver com seus próprios olhos eventos de uma magnitude sem par, revelações maravilhosas como ainda não foram vistas por ninguém e, mesmo assim, não ver “Porém o Senhor não vos deu coração para entender, nem olhos para ver, nem ouvidos para ouvir…” (Devarim cap. 29 v.4) Certamente D’us, seja louvado Ele, deu para o homem os olhos para ver e os ouvidos para ouvir, e o coração para entender e saber – disse o Rabi Elimelech Bar Shaul, o rabino mor de Rechovot – mas é a pessoa que precisa ver e ouvir – a pessoa é que deve entender para saber. D’us, seja louvado Ele, revela maravilhas, mas cabe ao homem abrir muito bem seus olhos para ver em toda sua amplitude estas revelações; Não é suficiente abrir simplesmente os olhos para poder perceber todas as revelações – mas precisa-se abrir todo o coração para entender e saber o que os olhos estão vendo e os ouvidos o que estão ouvindo. Se a pessoa vir somente com seus olhos verá então muito pouco. E mesmo se ela se emocionar – esta emoção não será a mesma elevação espiritual que é esperada da pessoa.
Os olhos e os ouvidos, pela sua própria natureza, devem ser os meios que levam ao coração e suas profundezas. Porém, se os olhos e os ouvidos mudam a direção e não vão ao coração e querem ser independentes, neste caso eles lesam toda a sua missão, todo seu sentido e toda sua vitalidade – eles se tornam como se fossem portões abertos para palácios fechados por dentro. Na realidade eles se tornam somente como se fossem desenhos de portões e não portões. Portões, que não estão conjugados ao palácio para servirem como meios de entrar e sair, mesmo sendo feitos de ouro não são portões.
Os olhos e ouvidos de um judeu foram destinados pela graça divina, a transmitir estas impressões para o coração – também para extrair do coração os sentimentos de santidade, alegria pelo criar algo de novo, pureza de fé, e o amor pelo cumprimento de uma mitzvá (mandamento religioso) e com tudo isso perfumar toda a amplitude da vida. Somente assim os olhos e ouvidos preencherão seu destino como portões reais para o coração.
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