1) Parashá Vayêlech (Devarim/Deuteronômio 31:1-30) – Inicia-se com Moshê/Moisés caminhando pelo acampamento do povo judeu no último dia de sua vida, para despedir-se de seu amado povo. Em seguida, ele ensina-lhes a mitsvá de hakhel, a reunião da nação inteira a cada sete anos para ouvir o rei ler certas passagens da Torá, e D’us dirige-se a Moshê e Yehoshua (Josué) (que receberá o manto da liderança) na Tenda da Assinação, ordenando-lhes copiar a Torá e continuar ensinando-a ao povo judeu. A parashat conclui com a preocupação de Moshê de que o povo judeu possa desviar-se da Torá após sua morte, acarretando-lhes punições.
2) D‘ Var Torá – Mensagem da Parashá – Teshuvá – por Rabino Shmuel M. Butman
Um dos temas principais em Yom Kipur é teshuvá, arrependimento. Como é explicado no místico livro, O Zohar, uma das muitas “atribuições” do Rei Mashiach (Messias) é que ele trará até os justos (tsadikim) ao arrependimento. Na superfície, isso parece contraditório. Se eles são realmente tsadikim, por que precisariam se arrepender? E se eles realmente têm algo de que se arrepender, como podem ser chamados de justos?
A filosofia chassídica resolve este problema explicando que quando Mashiach vier, os justos não terão de expiar quaisquer pecados. Ao contrário, ao fazer teshuvá (literalmente, retornar a D’us), ele combinarão simultaneamente a vantagem da pessoa justa que nunca pecou com a vantagem de alguém que retorna em penitência.
Explicando: Um tsadic (um justo) vive sua vida exatamente como D’us deseja que ele o faça, observando Torá e mitsvot sem jamais cometer qualquer transgressão. Sua vida inteira é passada no âmbito da santidade e pureza. Um báal teshuvá (penitente), em contraste, tem a vantagem de poder realmente transformar a escuridão em luz. Exatamente porque ele se afastou tanto, seu desejo de apegar-se a D’us é ainda maior que o do tsadic. Seu amor por D’us é tão intenso que até seus pecados deliberados são transformados em méritos.
Quando Mashiach vier, o justo fará teshuvá no sentido de ascender a níveis ainda mais altos de conexão com D’us. Quando toda a humanidade, incluindo os tsadikim, testemunhar a infinita santidade da Era Messiânica, até os níveis espirituais mais elevados que já foram atingidos parecerão ser nada, e serão alçados a alturas nunca vistas, com a energia e vigor dos baalei teshuvá. Isso, evidentemente, será realizado por Mashiach, que abrirá os olhos do mundo inteiro à subjacente realidade Divina da existência. Que possa ocorrer em breve.
3) Para Contemplar – “Biologia Ao Contrário”, Adaptado por Rabino Yanki Tauber, de uma palestra do Rabino Menachem Mendel Schneerson – Uma pessoa consiste de um corpo e uma alma – um invólucro físico de carne, sangue, tendões e ossos, habitado e vitalizado por uma força espiritual descrita pelos mestres chassídicos como “literalmente uma parte do D’us acima”.
A sabedoria comum acredita que o espírito é mais elevado que a matéria, e a alma, mais sagrada (i.e., mais próxima do Divino) que o corpo. Este conceito parece ter sua origem no fato de que em Yom Kipur, o dia mais sagrado do ano – quando atingimos o auge da intimidade com D’us, seja ordenado pela Torá como dia de jejum, no qual aparentemente abandonamos o corpo e suas necessidades para nos devotar exclusivamente às atividades espirituais de arrependimento e prece.
Na verdade, no entanto, um dia de jejum faz aflorar um relacionamento mais profundo com o corpo. Quando uma pessoa se alimenta, é nutrido pela comida que ingere. Num dia de jejum, a vitalidade vem do próprio corpo, da energia armazenada em suas células. Em outras palavras, em dias menos sagrados, é uma força externa (a energia do alimento) que mantém o corpo e alma juntos; em Yom Kipur, a união do corpo e alma deriva do próprio corpo.
Yom Kipur, assim, oferece um sabor do supremo estado da criação, conhecido como o “Mundo Vindouro”. O Talmud nos diz que “no Mundo Vindouro, não é preciso comer nem beber” – uma declaração que às vezes é entendida como implicado que em seu estado mais perfeito, a criação é totalmente espiritual, sem corpos e todas as coisas físicas. O ensinamento cabalista e chassídico, no entanto, descreve o Mundo Vindouro como um mundo no qual a dimensão física da existência não é anulada, mas preservada e elevada. O fato de não haver “comida e bebida” no Mundo Vindouro não se deve a uma ausência de corpos e vida física, mas ao fato de que neste mundo futuro, “a alma será nutrida pelo próprio corpo”, e a simbiose de matéria e espírito que é o homem não exigirá quaisquer fontes externas de nutrição para sustentá-lo.
4) Tanto o físico como o espiritual são criações de D’us. Ambos foram criados por Ele a partir do nada total, e cada qual tem a marca de seu Criador nas qualidades específicas que o definem.
O espiritual, com sua transcendência de tempo e espaço, reflete a infinitude e sublimidade de D’us. O espiritual é também naturalmente submisso, prontamente reconhecendo sua subserviência a uma verdade mais elevada. São estas as qualidades que fazem o “sagrado” espiritual e um veículo de relacionamento com D’us.
O físico, por outro lado, é tátil, egocêntrico e imanente – qualidades que o classificam de “mundano”, que o marcam como uma ofuscação, em vez de uma revelação, da verdade Divina.
Pois o inequívoco “Eu sou” do físico desmente a verdade que “não há ninguém mais além d’Ele” – de que D’us é a única fonte e fim de toda a existência.
Em última análise, porém, tudo vem de D’us; todo aspecto de Sua criação tem sua fonte n’Ele e serve para revelar Sua verdade. Portanto, num nível mais profundo, as qualidades que tornam o físico “profano” são as qualidades que o fazem mais Divino. Pois o que é o “Eu sou” do físico, se não um eco do inequívoco ser de D’us? O que é a tactilidade do físico se não uma intimação do absolutismo de Sua realidade? O que é a “abnegação” do físico se não uma demonstração da exclusividade de “Não há ninguém mais além d’Ele”?
Atualmente, o mundo físico nos mostra apenas sua face mais superficial, na qual as características Divinas estampadas nela são corrompidas como uma ocultação da Divindade. Atualmente, quando o objeto físico nos transmite “Eu sou”, não transmite a realidade de D’us, mas uma existência independente que desafia a Divina verdade. Porém no Mundo Vindouro, o produto do trabalho de uma centena de gerações para santificar o mundo material rumo a um fim Divino, a verdadeira face do físico, virá à luz.
No Mundo Vindouro, o físico, em muitos respeitos, superará o espiritual como transmissor da Divindade. Pois enquanto o espiritual expressa várias características Divinas, o físico expressa o ser de D’us. Hoje em dia, o corpo deve olhar para a alma como seu guia moral, como sua fonte de consciência e avaliação de tudo que é Divino. Mas no Mundo Vindouro, “a alma será nutrida pelo corpo”. O corpo físico será uma fonte de identificação mais elevada que a própria visão espiritual da alma.
Yom Kipur é um sabor do mundo futuro de biologia ao contrário. Assim, é um dia no qual somos “sustentados pela fome”, derivando nosso sustento do próprio corpo. No mais sagrado dos dias, o corpo torna-se uma fonte de vida e nutrição, em vez de seu recipiente.
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Muito explicativos os ensinamentos do Ion Kipur.
Não sou judia (atualmente não sou nada, não frequento nenhuma igreja), mas gosto muito dos ensinamentos judaicos.
Shalom.