Por: André Ranulfo
Com certeza, o leitor deve estar se perguntando: “De onde esse autor tirou essa pérola?”; depois de séculos de perseguições, pogrons, inquisição, etc. Como pode um judeu dizer tal coisa?
Bom, contarei uma história real, que foi contada pelo Rabino Berel Wein. Ele foi convidado para uma reunião com o editor do Detroit Free Press. Depois que as apresentações foram feitas, o editor contou-lhe a seguinte história.
O editor era filho de Mary, uma imigrante irlandesa que imigrou para os Estados Unidos nos tempos da Grande Depressão quando tinha apenas18 anos. Ao chegar nos Estados Unidos, Mary conseguiu emprego em uma casa de uma família judia. Até então, Mary nunca teve qualquer contato com judeus ou sequer conhecia detalhes do povo judeu, seus costumes, história, etc.
Quando chegou Dezembro, seus patrões foram viajar de férias e iam voltar no dia 24 de Dezembro. Ela percebeu que não havia nenhuma Árvore de Natal e qualquer outro enfeite natalino na casa. Foi então que Mary teve a brilhante ideia de fazer uma surpresa a família e usou o dinheiro que os patrões haviam deixado com ela, para comprar um pinheiro e vários enfeites.
Quando a família chegou, acharam que haviam errado o caminho de casa e chegaram a dar uma volta no quarteirão. Depois de perceberem que aquela casa era de fato a casa deles, não teve outro jeito senão entrarem na casa. Na cabeça deles, ficavam maquinando como explicar aos vizinhos judeus da comunidade? Afinal, todos tinham que passar na frente da casa deles, e ainda por cima, o chefe da família era o presidente da sinagoga!
Dentro da casa, estava Mary, que tentava conter a emoção de ter preparada tão linda surpresa naquela noite de Natal.
Depois que Mary explicou ao patrão o por quê de todos aqueles enfeites, ele a chamou em particular para seu escritório e disse: “Em toda a minha vida, ninguém já fez uma coisa tão bonita para mim como você fez”. Tirou do bolso uma nota de US$100,00 e a deu de presente. E na época da Grande Depressão, essa era uma quantia enorme.
Pois bem, Mary teve um filho, que cresceu e se tornou o editor do Detroit Free Press. E segundo ele, enquanto ele for editor do Detroit Free Press não haverá qualquer editorial criticando o Estado de Israel.
Pois bem. E no que essa história bem interessante e peculiar nos ensina?
Bom, desde que eu li sobre essa história pela primeira vez, fiquei me indagando o que fez com que o patrão tenha tido uma postura tão compreensiva? Com certeza ele não sabia que a Mary iria ter um filho, que ia crescer, que ia estudar jornalismo e ia acabar sendo o editor de um jornal de grande circulação e que iria defender o Estado de Israel (Que nem existia!). Se não foi isso, então o que ele estava pensando?
Foi quando um dia, eu sai para o shopping em Dezembro e vi toda aquela extravagância megalomaníaca natalina. Lojas enfeitadas, Papai Noel posando foto com crianças chorando, uma mega árvore de natal… Sem contar com vários amigos do trabalho e vizinhos me desejando com um sorriso nos lábios: “Feliz Natal”. Pois é… E é nesse exato momento, que todo judeu tem aqueles segundos de conflito interno e pensa consigo mesmo: “Como assim Natal? Eu sou judeu”. E foi assim, em um desses momentos que surgiu algo surpreendente na minha cabeça.
O Natal serve para que todo judeu reafirme sua identidade judaica. Somos um povo que vive na terra de estrangeiros com costumes diferentes dos nossos. E temos que saber lidar com isso. Ou afirmamos nossa judaicidade ou nos entregamos a assimilação? Daí então eu entendi. O Natal nos ajuda a saber quem somos, de onde vimos e para onde vamos.
E é isso que o Chanukah significa. Toda vez que aquelas luzes são acesas, significa que os Filhos de Israel vivem, ao contrário de tudo e todos. Ao contrário de todas as perseguições e tentativas de aniquilação de nosso povo e nossa cultura, essas luzes continuam sendo acesas.
Então, assim como o patrão judeu de Mary que a agradeceu pelos lindos enfeites de Natal, tenhamos os corações abertos quando alguém nos desejar sinceramente um “Feliz Natal”, pois eles acabaram de nos lembrar quem somos.
Chanukah Sameach!
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Muito bom! Excelente interpretação! Parabéns
Natal é aniversário de um judeu, que o mundo celebra.
Chag Chanucá Sameach!!!