Congregação Judaica Shaarei Shalom – שערי שלום

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(Parte 2)

Eliyahu Hanavi, Eliyahu Hatishbi, Elyahu Hagiladi, Bimherá Yavo Eliênu Im Mashiach Ben David.Eliyahu o Profeta, Eliyahu o Tishbita, Eliyahu o Giladita, que ele logo venha à nós, com Mashiach filho de David. [1]

  1. Introdução – Eliyahu é o precursor do Messias, e ele é o único que irá restaurar os corações dos pais aos filhos e o coração dos filhos aos pais, unindo as gerações do povo judeu através de todas as idades… [2]
  2. As Três Visitas de Eliyahu Hanavi Por Rav Yaakov Brawer

Há vinte e oito anos, compareci a um farbrenguen (reunião chassídica) em Crown Heights, Brooklyn, e pude observar o Rebe pela primeira vez. O ano que se seguiu foi realmente um ano de milagres, um deles a visita de Eliyahu, o Profeta.

Na primeira noite de Pêssach minha família e eu, inundados pelas maravilhas de nosso recém-descoberto chassidismo, e repletos de inspiração, estávamos sentados ao redor da mesa do sêder. Eu jamais testemunhara um sêder com tanto deleite espiritual e tal ânsia pela redenção.

Ao final da refeição, a taça de Eliyahu estava cheia e meu filho de seis anos, uma vela na mão, foi enviado para abrir a porta da frente, uma estrutura antiga de madeira maciça, com uma pesada tranca de ferro. A porta podia ser avistada claramente do lugar onde eu estava sentado.

Entretanto, antes que meu filho pudesse dar um passo, a porta destrancou-se e abriu-se totalmente. Ninguém, pelo menos ninguém visível, estava ali. Meu filho deixou cair a vela e correu para a mãe. Hesitante, levantei-me e fui até a porta aberta. A noite estava clara e havia apenas uma suave brisa.

Naquele Pêssach estava conosco a empregada de meus pais, uma católica simples, devota e temente a D’us. Havia chegado uns dias antes e ficara para ajudar com as crianças. Durante o sêder, ela permaneceu em seu quarto, que ficava perto das escadas no segundo andar. Quando ela desceu na manhã seguinte, contou-nos que durante a noite, escutara a porta da frente abrir-se, e que fora súbita e inexplicavelmente dominada por um intenso e estranho sentimento de temor.

Meu segundo encontro com Eliyahu ocorreu no Pêssach seguinte. Neste ínterim, tínhamos mudado de Boston para Montreal. Com a aproximação de Pêssach, empenhamo-nos na aparentemente interminável azáfama de esfregar, casherizar, limpar e cozinhar; o esforço era suavizado pela antecipação do sêder. Além disso, tendo em vista a experiência do ano anterior, não era absurdo esperar que Eliyahu em pessoa, uma vez mais, viesse nos visitar.

Chegou a noite de Pêssach e o sêder foi conduzido com júbilo e expectativa. No seu devido tempo, a taça de Eliyahu foi enchida e enviei meu filho de (então) sete anos e seu irmão de quatro abrirem a porta. Nosso lar em Montreal ocupava o segundo andar de um dúplex, de modo que a porta da frente era no andar de baixo. Escutei as crianças abrirem a porta, e então ouvi gritos de terror e o som de seus passos subindo as escadas.

Irromperam na sala de jantar, os rostinhos brancos de medo, enquanto balbuciavam e se agarravam a mim como se suas próprias vidas estivessem sendo ameaçadas. Embora sua agitada algaravia fosse completamente ininteligível, perguntei-me se Eliyahu desta vez não havia aparecido em forma visível.

Afinal, fazia bastante sentido. Quando Eliyahu chegara no ano passado, eu ainda não era merecedor de contemplar sua presença. Agora, entretanto, após um ano inteiro estudando o Tanya, e usando o tefilin adicional “Rabeinu Tam” como é o costume chassídico, e após ter estado com o Rebe várias vezes – talvez eu tivesse atingido o grau de perfeição pessoal necessário para uma completa revelação de Eliyahu.

Livrei-me de meus histéricos rebentos e desci as escadas para saudar o profeta. O que vi, entretanto, foi outra coisa. Lá, na entrada, estava não a figura angelical de Eliyahu, mas dois enormes cães sentados no pórtico dianteiro. Agora eu entendia o delírio das crianças. Meus filhos atravessavam a rua caso avistassem um poodle miniatura na coleira e com o dono a duas quadras.

À distância de um quarteirão eles começavam a tremer e choramingar. Estes dois cães eram realmente grotescos. Pareciam-se com aqueles carnívoros pré-históricos cujos restos fossilizados povoam nossos pesadelos.

Sentavam-se placidamente em meu pórtico, contemplando-me com vaga curiosidade. Eu não tinha a menor ideia do que eles faziam ali. Fechei a porta e desalentadamente subi as escadas. Como poderia explicar à minha família que após seis viagens até o Rebe, um ano de estudo do Tanya, e a colocação de tefilin de Rabeinu Tam além do par costumeiro exigido, eu merecia receber a visita, na noite de Pêssach, de um par de cães?

Aconteceu, entretanto, que não eram cães comuns.  Na manhã seguinte na sinagoga, fui abordado por um dos administradores da yeshivá, que perguntou-me se eu poderia aceitar um hóspede para o almoço. Um dos patrocinadores da yeshivá tinha um filho que estudava Direito em uma escola americana, e enquanto estava lá, fora atraído ao estudo de Torá e à observância dos costumes judaicos.

Ele estava agora em casa, visitando os pais em Pêssach, e este administrador pensou que seria uma boa ideia se eu falasse com ele. Concordei prontamente. Fomos apresentados, e após as preces matinais, meus filhos, meu convidado e eu fomos para casa. Quando lá chegamos, meu hóspede entusiasmou-se e gritou: “Não acredito! Isso não pode ser real!”

Perguntei-lhe qual o motivo de tanta empolgação. Ele me disse que tinha chegado a Montreal um dia antes de Pêssach. Com ele, estavam seus dois cães de estimação. Pouco antes do sêder na casa de seus pais, os cães escaparam e correram para a rua. Quando a ausência deles foi notada, não estavam mais por perto, e meu hóspede foi para as ruas à procura deles. Horas depois, encontrou-os muito longe de casa, num bairro estranho, sentados na porta da frente de alguém.

Este alguém era eu. A Providência tinha guiado aqueles monstros, seus “cãezinhos de estimação,” até minha casa. A experiência deixou uma profunda impressão em todos nós, e eu, especialmente, senti-me enaltecido. Se Eliyahu não viera exatamente em pessoa, pelo menos tinha enviado seus cães.  Meu convidado e eu ficamos amigos e por sua vez, ele abraçou completamente a Torá, casou-se, e criou uma maravilhosa família chassídica.

A terceira visita, que ocorreu no ano seguinte e tem se repetido desde então, é algo menos dramático. Depois dos agradecimentos após a refeição, a taça de Eliyahu é enchida, e meus netos vão até a porta, velas na mão. A porta é aberta, são recitados os versículos apropriados e isso é tudo. Embora seja inadequado e incorreto referir-se a isso como “comum”, é uma visita deste tipo.

Na verdade, apesar da intuição, esta terceira visita é a mais significativa de todas, mas é preciso saber como apreciá-la. No ano anterior, enquanto eu passava Pêssach com meu filho mais velho (aquele de seis e sete anos nos relatos anteriores), ele narrou uma história sobre o Rebe de Kotsk, que coloca esta terceira visita sob a correta perspectiva.

Certo ano, o Kotsker Rebe prometeu a seus chassidim que o Profeta Eliyahu seria revelado em seu sêder. Na primeira noite de Pêssach, a sala de jantar do Rebe estava apinhada com chassidim. O ar estava elétrico de expectativa e entusiasmo. No decorrer do sêder, a taça de Eliyahu foi enchida e a porta se abriu. O que aconteceu em seguida deixou os chassidim sem fala. Nada. nada aconteceu. Não havia ninguém lá.

Os chassidim estavam desolados. Afinal, o Rebe havia lhes prometido uma revelação de Eliyahu. O Kotsker, a face irradiando sagrado júbilo, percebeu o amargo desapontamento deles e perguntou qual era o problema. Eles lhe contaram. “Tolos!” trovejou ele. “Acham que o Profeta Eliyahu entra pela porta? Eliyahu entra pelo coração.”

A verdadeira luz da redenção vem do interior. Os milagres fornecem inspiração e fazem com que dirijamos nossa atenção e esforços a verdades espirituais. O milagre supremo, porém, não é a anulação da natureza, mas a transformação do natural em Divino. Embora a redenção do Egito viesse “sem” – foi orquestrada e produzida inteiramente pelo Todo Poderoso.

Nossos Sábios nos dizem que a futura e suprema redenção será o resultado de nosso próprio esforço. De fato, o propósito de nossa libertação do Egito foi dotar-nos da oportunidade de refinar a nós e ao mundo ao nosso redor, a tal ponto que a Vontade Divina que é a fonte oculta, e raiz de toda nossa existência, manifeste-se abertamente. É isso que conseguimos quando lutamos para sobrepujar a inércia egoísta da vida mundana. Cada passo, seja pequeno, particular ou interior, rumo à espiritualidade e bondade, é um passo rumo à Redenção. O estudo de Torá, as boas ações, e o refinamento de caráter com os quais nos ocupamos durante o ano inteiro abrem a porta do coração para Eliyahu, o Profeta, e tudo que ele representa.

Quando a taça de Eliyahu for servida neste Pêssach, e a porta da frente for aberta, não se concentre na entrada. Se perscrutar em seu coração, há uma grande chance de que você possa contemplar o santo profeta sorrindo de volta para você. [3]

III. Cabalá e misticismo judaico Pelo Rabino Moshe Miller

Meditação fazer com é que seus pensamentos fendem-se Acima.

Meditação: ESTRUTURADA E NÃO ESTRUTURADA. Há dois tipos gerais de meditação – estruturada e não estruturada. Meditação não estruturada permite que a mente vague livremente, enquanto você se separa de seus pensamentos, observando eles objetivamente. Meditação estruturada usa uma estrutura fixa de meditação, geralmente um discurso cabalístico ou chassídico, mas às vezes também a imagem de um objeto sagrado, como um dos Nomes Divinos.

O OBJETIVO DA MEDITAÇÃO Rabi Chaim Vital, o maior dos estudantes de Rabi Yitzchak Luria (que é comumente conhecido como o Ariz’l) discute vários estados de consciência intensificada em seu livro Sha’arei Kedusha (parte 3 shaaar 7). Tendo feito a distinção entre a Profecia Divina (Nevu’a) e a Inspiração Divina (Ruach Hakodesh), ele prossegue para explicar que em nossos tempos, ou seja, desde a destruição da Beis Hamikdash, a Profecia não está mais disponível para nós. No entanto, a “Inspiração Divina é disponível a todos, Judeu ou Gentio, homem ou mulher, etc., dependendo de suas ações.” (citado de Tanna D’vei Eliyahu cap 9, 1). Inspiração Divina pode manifestar-se em cinco maneiras diferentes, ele explica:

[Pergunta do editor ao Rabi] Os ensinamentos do Rabi Chaim Vital sobre “Inspiração Divina”, podemos entender que Ruach Hakodesh nós podemos alcançá-lo fazendo boas ações com profunda sinceridade e toda a intenção é pela causa do Céu. Com um coração puro e santificando o corpo através da observância das mitsvót?

[Resposta do Rabino] Sim, ele diz isso explicitamente em Shaarei Kedusha. Através dos sonhos: Esta é considerada a forma mais baixa de Ruach Hakodesh. Através de uma revelação de Eliyahu HaNavi (Elias, o Profeta). Dependendo do nível de espiritualidade do indivíduo, esta revelação pode ser com o seu conhecimento (ou seja revelado), ou sem o seu conhecimento (oculto). Eliyahu pode revelar-se para a pessoa, mesmo uma única vez, a fim de salvá-lo de uma determinada situação, ou para revelar um segredo, ou para dirigi-lo em seu caminho do serviço Divino, etc. Alternativamente, Eliyahu pode tornar-se o professor da pessoa, revelando-lhe ensinamentos (místico)  da Torá, como foi o caso com o Rashbi (Rabi Shimon bar Yochai, autor do Zohar), e com o próprio Ariz’l.

Através de um Maggid: Um Maggid é um professor espiritual que aparece para a pessoa que é digno, a fim de ensinar-lhe o caminho da Torá. O Maggid mais conhecido foi quem ensinou o Rabi Yosef Caro, autor do Shulchan Aruch. Ele relata suas experiências e as instruções de seu guia espiritual na obra intitulada “Maggid Meisharim”.

Através da revelação da raiz da alma. Através do Serviço Divino, contemplação, purificação e oração, (bem como outros meios menos acessíveis,) a alma-raiz de uma pessoa revela-se a ele. Ele então torna-se “quem ele realmente é”, por assim dizer. (Veja Yonati em Likkutei Torá Shir HaShirim; VeAtah Tetzave 5752).

Através Ibbur Nishmat haTzaddik: A alma de um Tsadic, vivendo neste mundo, ou no mundo da Verdade, que está relacionado com a sua alma, quer intrinsecamente ou devido ao seu desempenho de certas mitsvót, ou através de certos tipos de contemplação, ou através de certos aspectos do Serviço Divino, como Hiskashrus (apegado ao Tsadic ou para os seus caminhos, segundo o ensinamento de “unir-se a Presença Divina, aderindo a Talmidei Chachamim”, ver, por exemplo Tanya ch.2) e Mesirat Nefesh. (Veja Tanya final ch.14, ch.18, 25).

[Pergunta do editor ao Rabino] Os Tzaddikim, de abençoada memória, nós estaríamos “apegado ao Tsadic” quando sentimos uma ligação como faíscas de luzes em cada letra, em cada palavra nos ensinamentos do tsadic que inspira e influencia as nossas ações e alma?

[Resposta do Rabino] Não ao próprio Tsadic necessariamente, mas para a Divindade contida em suas palavras e ensinamentos. Na verdade, o Baal Shem Tov explica que cada palavra sagrada (e cada letra) tem três níveis – olamaot, neshamot, Elokut. Forma externa, a força vital interior e Piedade. Pode-se dizer que o aspecto neshamah de uma palavra ou letra é o kavanah do Tsadic nele. Mas o nível máximo que aspiramos para fender-se é Elokut. [4]

  1. Eliyahu HaNavi e Rabi Yitschac Luria– o Santo Ari – Rabi Yitschac Luria Ashkenazi ben Shlomo (5294-5332 (1534-1572 EC); Yahrtzeit (aniversario de falecimento): 5 de Av; Sepultado no Antigo Cemitério de Tzfat (Israel) – Rabi Yitschac Luria é conhecido como o Ari, um acrônimo para Elohi Rabi Yitschac, o Divino Rabi Yitschac. Nenhum outro mestre ou sábio jamais teve esta letra Alef extra, que significa Elo-hi (Divino), introduzindo seu nome. É um sinal daquilo que seus contemporâneos pensavam dele. Gerações posteriores, temerosas de que este apelido pudesse ser mal interpretado, disseram que este Alef era para Ashkenazi, indicando que sua família tinha origens alemãs. Porém o significado original é o correto, e até hoje, entre os cabalistas, Rabi Yitschac Luria é chamado apenas de Rabenu HaAri HaKadosh [o Santo Ari], ou Arizal [o Ari, Z”L de abençoada memória]. Os ensinamentos do Ari receberam o status de um Rishon [autoridade fundamental]. Todo costume do Ari foi escrutinizado, e muitos foram aceitos, mesmo que se opusessem a práticas prévias. O Maguen Avraham (Rabi Avraham Gombiner, 1635-1683) aceita os costumes pessoais do Ari como precedentes legais obrigatórios. Na decisão de disputas que permaneceram não-resolvidas durante séculos, ele cita com freqüência o costume do Ari como a autoridade final.

As Maravilhas do Ari – O Ari nasceu na Cidade Velha de Yerushaláyim/Jerusalem em 5294 (1534), onde agora fica o antigo Museu Yishuv Court. Diz-se que o próprio Eliyahu HaNavi foi o sandac no seu berit. O Sêfer HaKavanot U’Massê Nissim registra a seguinte história:

“Houve certa vez um chassid notável em Erets Yisrael, chamado Rabi Shlomo Luria… Um dia ele estava sozinho no Bet Knesset, estudando, quando Eliyahu HaNavi apareceu-lhe e disse: “Fui enviado a você pelo Todo Poderoso para trazer-lhe a notícia de que sua sagrada esposa conceberá um filho, e que você deve chamá-lo de Yitschac. Ele começará a libertar Israel das kelipot [forças do mal].

Por meio dele numerosas almas receberão seu ticun. Ele está destinado também a revelar muitos mistérios da Torá e a explicar o Zôhar. Sua fama se espalhará pelo mundo. Tome cuidado para não circuncidá-lo antes que eu venha para ser o Sandac [que se senta na Kisey Eliyahu e segura a criança durante a cerimônia].” Terminando de falar, ele desapareceu. Rabi Shlomo Luria foi para casa mas não revelou seu segredo a ninguém, nem mesmo à mulher.

Quando o Ari nasceu, a casa ficou repleta de luz, e no oitavo dia eles o levaram ao Bet Knesset para circuncidá-lo. Seu pai procurou em toda parte para ver se Eliyahu tinha vindo como prometera, mas não o encontrou.  Todos insistiam com ele para que desse prosseguimento, mas ele replicou que ainda não tinham chegado todos os convidados. Passou-se uma hora, mas Eliyahu ainda não viera. Então ele pensou consigo mesmo, amargamente: “Meus pecados devem tê-lo impedido de cumprir sua promessa.”

Mas enquanto chorava, Eliyahu apareceu e disse: “Não chore, servo de Hashem. Aproxime-se do altar e ofereça seu filho como um sacrifício puro dedicado inteiramente ao Céu. Sente-se em minha cadeira e eu sentarei sobre você.” Então, invisível a todos os presentes exceto Rabi Shlomo, Eliyahu sentou-se sobre ele, recebeu a criança nos braços e segurou-a durante toda a circuncisão. Nem o Mohel nem aqueles reunidos viram outra coisa além do pai que segurava o bebê. Após o berit milá, ele prometeu novamente a Rabi Shlomo que o menino traria grande luz ao mundo inteiro, e desapareceu.

Rabi Shlomo faleceu quando Ari ainda era criança. Em 1541, incapaz de sustentar a família, sua mãe decidiu viajar ao Egito, onde foram viver com o irmão dela, Mordechai Frances, um rico coletor de impostos. Seu brilhantismo continuou a reluzir em pilpul [dialética] e lógica. Seus mestres foram Rabi David ben Zimra (Radbaz) e Rabi Betzalel Ashkenazi, autor de Shitá Mekubetzet.

Quando tinha quinze anos, seu conhecimento em Talmud tinha superado todos os sábios no Egito. Embora tivesse se casado com a filha do tio nesta época, ele passou sete anos em quase total hitbodedut [auto-reclusão] com Rabi Betzalel Ashkenazi. Foi mais ou menos nessa época que um inestimável volume do Zohar chegou às suas mãos. Com este Zohar, ele ficou recluso por mais seis anos. Ele então atingiu níveis ainda mais elevados de kedushá – santidade. Isso ele fez durante dois anos, numa casa perto do Nilo. Ali ele permaneceu totalmente isolado, não falando com nenhum ser humano.

Ele voltaria para casa na véspera do Shabat, pouco antes do anoitecer. Mas mesmo em casa, ele não pronunciava uma palavra, nem mesmo com a esposa. Quando era absolutamente necessário dizer alguma coisa, ele o fazia com o menor número possível de palavras, e então, falava apenas no Idioma sagrado.

Ele progrediu dessa maneira até tornar-se digno de Ruach HaCodesh. Ás vezes, o próprio Eliyahu HaNavi se revelava e ensinava a ele os mistérios da Torá. Ele também teve o privilégio de sua alma ascender toda noite [aos reinos celestiais].

Hostes de anjos o saudavam para guardar seu caminho, levando-o às academias celestiais. Estes anjos lhe perguntavam que academia desejava visitar. Ás vezes ele escolhia a de Rabi Shimon bar Yochai, e outras vezes visitava as academias de Rabi Akiva ou Rabi Eliezer, o Grande.

Numa ocasião ele visitou também as academias dos antigos Profetas. Em 1570, após ter atingido um nível extremamente elevado de santidade no Egito, Eliyahu lhe disse que tinha chegado a hora de ascender a Tzfat. Ali, ele encontraria Chayim Vital, o homem a quem ele estava destinado a transmitir as chaves para a sabedoria antiga (Shiv’chey HaAri; Toledot HaAri).

Os ensinamentos do Arizal explicados por Rabi Chayim Vital (introdução a Sha’ar HaHakdamot): O Ari transbordava de Torá. Ele era completamente versado em Tanach, Mishná, Talmud, Pilpul, Midrash, Agadá, Maassê Bereshit e Maassê Merkavá. Era especialista na linguagem das árvores, das aves, e na fala dos anjos. Podia ler os rostos da maneira delineada no Zohar (2:74b).

Ele podia discernir tudo que qualquer indivíduo tinha feito, e podia ver o que faria no futuro. Podia ler o pensamento das pessoas, antes mesmo que o pensamento lhe entrasse na mente. Ele conhecia os eventos futuros, sabia tudo que estava acontecendo aqui na terra, e o que era decretado no céu. Ele conhecia os mistérios de Gilgul [reencarnação], quem tinha nascido previamente, e quem estava aqui pela primeira vez. Ele podia olhar para alguém e dizer-lhe como ele estava conectado a D’us, e como estava relacionado a Adam.

Podia ler coisas assombrosas [sobre as pessoas] à luz de uma vela ou na chama de uma fogueira. Com os olhos ele perscrutava e podia ver as almas dos justos, tanto aqueles que tinham morrido recentemente quanto os que tinham vivido nos tempos antigos. Com estes ele estudou os verdadeiros mistérios. Pelo odor de uma pessoa ele podia dizer tudo que ela tinha feito, uma habilidade que o Zohar atribui à sagrada Yenuka [criança] (3:188a).

Era como se todos estes mistérios estivessem concentrados dentro dele, esperando para ser ativados sempre que ele quisesse. Ele não precisava isolar-se para fazê-los aflorar. Tudo isso vimos com nossos próprios olhos. Estas não são coisas que ouvimos de outros. Eram coisas maravilhosas que ainda não tinham sido vistas na terra desde a época de Rabi Shimon bar Yochai.

Nada disso era conseguido por meio de magia, D’us não o permita. Há uma forte proibição contra estas artes. Em vez disso, tudo vinha automaticamente, como resultado de sua santidade e ascetismo, após muitos anos de estudo dos textos cabalistas antigos e novos.

Ele então intensificou sua piedade, ascetismo, pureza e santidade, até que atingiu um nível no qual Eliyahu constantemente se revelava a ele, falando-lhe “boca a boca”, ensinando-lhe estes mistérios. Isso é o que acontecia a Raavad, como declara Recanati. Embora a profecia completa não exista mais, Ruach HaKodesh ainda está aqui, manifestada através de Eliyahu.

É como se Eliyahu HaNavi ensinasse seus alunos, comentando o versículo “Devora era uma profetisa” (Shofetim/Juizes 4:4). “Eu chamo céu e terra como testemunhas, que nenhum indivíduo, homem ou mulher, judeu ou gentio, livre ou escravo, pode ter Ruach HaKodesh concedido sobre ele. Tudo depende de suas ações” (Rabi Chayim Vital, introdução a Sha’ar HaHakdamot, impresso no início de todas as edições de Etz Chayim). [5]

Fontes: [1] Chabad: www.pt.chabad.org/library/article_cdo/aid/1807646/jewish

[2] Comunidade Mística No Deserto: http://comunidadedodeserto.blogspot.com.br/2010/07/o-segredo-de-gilad-shalit_18.html

[3] Chabad: http://www.pt.chabad.org/library/article_cdo/aid/1155664/jewish/As-Trs-Visitas-de-Eliyahu-Hanavi.htm

[4] Jornal Mitzvah -http://jornalmitsva.blogspot.com.br/2013/05/meditacao-1.html

[5] Chabad, Cabalaterapiá -: http://www.chabad.org.br/tora/cabalaterapia/biografia_cabalistas/cab002.htm

Coordenador: Saul Stuart Gefter



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