Congregação Judaica Shaarei Shalom – שערי שלום

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  1. Introdução – Sucot, ou Festa das Cabanas, é a terceira festividade no mês hebreu de Tishrei e é um dos mais importantes feriados Judaicos. Este ano: 27 (ao entardecer) de setembro-04 de outubro 2015, 14 (ao entardecer) -21 de tishrei de 5776. Sucot é uma das três festas de peregrinação, em que todo o Povo Judeu vinha a Israel na Antiguidade, quando o Templo Sagrado estava lá, e ofereciam animais e cereais em sacrifício. Sucot é uma festividade particularmente alegre que combina religiosidade com elementos agrícolas. Sucot origina-se na Torá, e celebra as cabanas nas quais os Israelitas viveram no deserto depois do êxodo do Egito. A Sucá é uma moradia temporária, geralmente feita de madeira ou tecido em pelo menos três dos seus quatro lados e o teto feito de três galhos (tradicionalmente folhas de palmeiras) através dos quais pode-se ver o céu.

Um outro nome para Sucot é o Festival da Colheita, por ser comemorada no outono, depois da colheita do verão e antes da plantação da safra de inverno. Um tema central nas rezas desta festa é a chuva. Os agricultores agradecem a D’us pela colheita do ano e rezam por chuva no ano seguinte. Uma outra explicação para o costume de edificar cabanas é o de comemorar as cabanas construídas nos campos na época da colheita e proteger a safra já colhida.

Sucot dura sete dias, do 15º ao 21º dia do mês Hebraico de Tishrei (normalmente em meados de Outubro). O primeiro e último dia são particularmente festivos, sendo o primeiro dia sagrado, um dia de descanso quando nenhum trabalho produtivo é permitido, similar ao Shabat, portanto a maioria do comércio está fechada. Os dias intermediários são similares aos dias da semana. O oitavo dia desde o começo de Sucot é chamado de Shemeni Atseret, que é uma festa à parte.

Costumes da FestividadeConstruir uma Sucá – A Sucá é construída mantendo as rigorosas regras ditadas pela lei Judaica. A sucá deve ser construída embaixo de céu aberto, e não embaixo de um teto ou árvore, e é costumeiro decorar a sucá com várias frutas, recortes de papel e quadros. Você verá sucot construídas nos jardins (ou nas sacadas) de todas as casas onde moram Judeus religiosos, embora muitos Judeus laicos também gostem de construir sucot para alegrar as crianças. Durante os 7 dias de festa é uma obrigação religiosa comer apenas dentro da sucá e a lei Judaica ordena que se durma na sucá também. As quatro espécies – São quatro tipos de plantas (cidra, palma de tamareira, murta e salgueiro) que são usados na cerimônia de bênçãos em cada dia da festa, exceto no Shabat. Uma explicação comum para as quatro espécies é a de elas representam a variedade de características na natureza e nos homens. – cada árvore e fruta tem suas próprias qualidades, assim como as pessoas, e por isso agradecemos a D’us.

Informação Importante – À parte dos dois dias de descanso, quando o comércio está fechado, os dias intermediários são semi sagrados e muitos estabelecimentos, em particular os escritórios, funcionam apenas no período da manhã. Alguns estabelecimentos comerciais ficam fechados a semana toda. Leve em consideração que muitos locais de férias estarão cheios de Israelenses. [1]

  1. Sucot – O feriado universal: A essência de Sucot é viver com D’us, não questionar, e sim, aceitar e confiar. O Talmud conta que, no futuro, quando os pagãos reclamarem com D’us sobre Seu modo preferencial de tratar os judeus, Ele lhes dirá que isso se deve ao fato dos judeus terem aceitado e seguido a Torá. Eles não se caracterizam por serem “O Povo Escolhido”, mas sim por terem escolhido seguir as leis de D’us. Os pagãos, então, alegarão: “Ofereça-nos a Torá novamente e nós a seguiremos”. “Como vocês são tolos”, Deus responderá, “aquele que prepara com antecedência o Shabat pode comer no Shabat, já aquele que não fez nenhuma preparação, o que ele poderá comer? Entretanto, eu tenho um mandamento fácil chamado Sucá, vão e cumpram-no…” Por que é um mandamento fácil? Pois não possui nenhuma despesa. Imediatamente cada um construirá uma barraca, uma Sucá, em seu telhado, e D’us fará o sol brilhar como se fosse o solstício de verão. Então, cada um chutará sua Sucá, e partirá… Logo após, D’us rirá, como está dito, “Ele que fica no céu e ri”. (Talmud – Avoda Zara 3a). Embora esta passagem seja difícil por várias razões, gostaria de focalizar um de seus temas principais: os pagãos não conseguirão cumprir o mandamento da Sucá. É algo estranho pois, de todos os feriados, Sucot foi visto como o mais universal, rodeando todas as nações do mundo. O Talmud ensina: Rabi Eliezer disse: “Por que são oferecidas 70 oferendas em Sucot? Para o (mérito das) 70 nações do mundo”. (Sucá 55b).

Rashi comenta: Para trazer perdão a eles (às 70 nações que estão no mundo), de forma que a chuva cairá por toda parte da Terra. Os Sábios enfatizam que Sucot tem um elemento universal que está claramente ausente nas outras festas: a Páscoa representa o êxodo do Egito e o surgimento da nação judaica; Shavuot celebra a entrega da Torá aos judeus. Parece ser paradoxal esta expressão de incapacidade dos pagãos em se relacionar com D’us, especificamente no contexto de Sucot.

Indo para Jerusalém – Podemos pensar que especificamente em Sucot, quando os judeus se preocupam com o bem-estar de não judeus, seria o momento dos pagãos se relacionarem diretamente com D’us. Existe, porém, outra passagem que faz desta abordagem algo insustentável. Todos os que restarem de todas as nações que vierem contra Jerusalém subirão de ano em ano para adorar o Rei, o Eterno e para celebrar a festa das cabanas. Se alguma das famílias da terra não subir a Jerusalém, não virá chuva sobre ela. (Zacarias 14:16) Esta passagem da profecia de Zacarias descreve o resultado das batalhas apocalípticas, quando as nações derrotadas celebrarão Sucot. Esta aumenta a dificuldade do que foi citado no Talmud previamente. Embora o Talmud contenha muitas explicações de ensinos bíblicos, ele não apresenta nenhum mandato para discutir com os profetas. Nossa pergunta, então, é bastante simples: Como o Talmud pode nos dizer que, no futuro, os pagãos não poderão cumprir os mandamentos de Sucot, sendo que o Profeta nos diz claramente que eles sim o farão?

Eu acredito que na resposta desta contradição está a essência de Sucot. Existem dois aspectos distintos para o feriado de Sucot, representados por dois mandamentos da Torá: “E falou o Eterno a Moisés: Fala aos filhos de Israel, dizendo: aos quinze dias deste sétimo mês, Festa das Cabanas (Chag Hasucot) será por sete dias ao Eterno.

No primeiro dia haverá santa convocação, nenhuma obra servil fareis (…) no oitavo dia, haverá santa convocação para vós (…) é uma Festa de Reunião (“atseret”), nenhuma obra servil fareis”. (Levítico. 23,33-36).

“…o primeiro dia será dia de descanso (“Shabaton”). E tomareis para vós, no primeiro dia, o fruto da árvore formosa (etrog), palmas de tamareiras e ramos de murta e de salgueiro de ribeiras, e vos alegrareis diante do Eterno, vosso D’us por sete dias” E celebrareis esta como Festa ao Eterno, por sete dias cada ano, estatuto perpétuo, pelas vossas gerações (…). Nas cabanas habitareis por sete dias (…) para que as vossas gerações saibam que fiz habitar os filhos de Israel em sucot, quando os tirei da terra do Egito. Eu sou o Eterno vosso D’us. (Idem23, 39-43).

A Torá fala, por um lado, em levar quatro espécies de fruta em tempos de colheita e, por outro, de sentar-se na Sucá, como as pessoas que deixaram o Egito fizeram. Vemos, então, dois mandamentos: 1) pegar as quatro espécies e 2) viver em barracas. Um mandamento tem ímpeto agrícola e o outro, histórico. O aspecto agrícola do feriado é claramente universal, enquanto o aspecto histórico é particular aos judeus.

Os dois mandamentos de Sucot – Analisemos estes dois mandamentos. A relação entre o ajuntamento das frutas e as quatro espécies parece clara: Depois de juntar as frutas novas, a fim de expressar nossa gratidão a D’us, pegamos as quatro espécies. As espécies que juntamos são usadas para oração, a fim de agradecer a D’us pelo produto que acabamos de colher e pedir por uma quantia generosa a ser colhida no próximo ano. Nossos rabinos ensinam que a distribuição da água do ano acontece em Sucot: No feriado de Sucot, somos julgados no que diz respeito à água. (Talmud – Rosh Hashana 16a) De fato, toda celebração que acontecia em Jerusalém em Sucot estava conectada à água, incluindo as orações para a chuva e a cerimônia de Simchat Beit HaShoevá. Esta também era uma cerimônia conectada à água, sobre a qual a Mishná diz: Quem não viu Simchat Beit HaShoevá nunca teve alegria em sua vida. (Mishná Sucá 5:1). O verso fala em “alegrar-se perante D’us”, referindo-se ao Templo em Jerusalém. Sucot era celebrada somente em Jerusalém. Junto com as quatro espécies, os judeus vinham para o Templo e rezavam por mais chuva e generosidade. [As quatro espécies eram usadas no Templo em todos os sete dias de Festa. No restante da Terra de Israel, elas só eram usadas no primeiro dia. Os rabinos legislaram o uso das quatro espécies para a duração total de Sucot até fora do Templo]. Mas então qual é o significado do outro aspecto de Sucot, morar em barracas? Somos ordenados a morar em barracas, porque D’us nos entregou em barracas. Mas, qual é o simbolismo destas barracas?

O simbolismo de barracas – O Talmud relata duas opiniões. De acordo com Rabi Eliezer, a palavra “sucot” refere-se às nuvens de glória com que D’us protegia os judeus. Rabi Akiva diz que se refere às barracas reais. Ambas as opiniões concordam que “sucot”, nuvens ou barracas, significa a relação especial que os judeus desfrutavam para com D’us. A diferença está na realidade histórica. Nós éramos protegidos metafisicamente por uma nuvem, ou por uma entidade física, uma Sucá? De qualquer forma, os judeus se aventuraram no deserto, vulneráveis aos elementos, colocando sua fé em D’us. Isto é o que comemoramos hoje. Esta fé em D’us é a chave para Sucot. Para os judeus, deixar os confortos de suas casas e viver em uma barraca, um domicílio temporário, é a essência da experiência de estar na Sucá. Fomos ordenados a fazer estas cabanas temporárias em nossas casas durante os sete dias de Sucot.

Isto serve como lembrança da natureza temporária de nossa existência, ajudando-nos a focalizar melhor nossa relação  entre o físico e o espiritual. Porém, o mais importante, a Sucá é uma expressão de confiança. A confiança que tivemos no deserto e a confiança que esperamos ter hoje. Talvez possamos, agora, solucionar a contradição relativa à habilidade pagã de observar Sucot, como indicado nos versos em Zacarias, e a inabilidade, de acordo com o Talmud.

Existem dois lados para Sucot: a necessidade física e a necessidade de substituir o físico por confiança em D’us. A necessidade física é real e nada como a chuva para representá-la. A palavra hebraica para chuva é gueshem, o que significa “físico” e a fonte de chuva são as nuvens das quais Rabi Eliezer falou: nuvens de glória, simbolizando o espiritual, o metafísico. As nuvens são etéreas, além de nossos sentidos e compreensão. A reza para a chuva – Especialmente em Sucot rezamos para que chova. Depois de Rosh Hashaná e Iom Kipur, quando rezamos por nossa existência, em Sucot nos preocupamos com a “qualidade de vida”. Rezamos, então, para o físico; para que chova. Com elegância dialética uma síntese é criada. Fomos comandados a deixar nossas casas, o refúgio físico em nossas vidas, e entrar numa casa debaixo das nuvens, protegida por nossa confiança em D’us. Nossa existência física é contrastada com nossa vida espiritual, e os dois aspectos de Sucot coexistem.

Agora retornamos à pergunta original: Os pagãos poderão observar o feriado de Sucot? Seguramente a resposta deve considerar cada aspecto do feriado separadamente. A passagem em Zacarias fala da observância de Sucot pelos pagãos enfatizando ser em Jerusalém, “perante D’us”. Este aspecto de Sucot encontra uma expressão inigualável em Jerusalém; esse é o aspecto do agradecimento e da oração para a chuva. De fato, os versos dizem explicitamente: E quem não vier (…) para Jerusalém (…) não haverá  chuva sobre eles. A razão para vir a Jerusalém era para receber a bênção da chuva. Este aspecto seguramente pode ser cumprido pelos pagãos. É, em essência, um reconhecimento de causa e efeito; é pragmático. Os pagãos podem fazer este tipo de serviço, embora Zacarias declare depois (14:18-19) que não todas as pessoas do mundo estarão dispostas a cumprir Sucot em Jerusalém.  Porém, o outro aspecto de Sucot, a construção da Sucá, algo que o Talmud chama de uma “simples mitzvá”, é o que a experiência religiosa pagã achou tão estranho. Aqui não há nenhum pragmatismo, somente confiança. Confiança e amor. “Vai e clama aos ouvidos de Jerusalém: Assim diz o Eterno: Lembro-me de ti, da tua afeição quando eras jovem e do teu amor quando noiva, e de como me seguias no deserto, numa terra em que se não semeia.” (Jeremias 2:2) A Sucá é a testemunha daquele amor, expressado simplesmente estando “com D’us”, transcendendo o físico. Talvez se minizarmos o físico a idéia se torne estranha para a mente pagã. Os pagãos estavam acostumados a ordens difíceis que envolviam o ato de dar, sacrificar algo querido, com o objetivo de causar a generosidade dos deuses. Reciprocamente, o Talmud relata o que D’us disse: Eu tenho uma simples mitzvá, uma “mitzvá fácil,” que não envolve nenhuma despesa. Isto foi o que os pagãos acharam estranho: O que é um d’us que não pede nada?

O Talmud continua: Mas o Rabino não diz que quem está aborrecido (pela Sucá) é livrado da obrigação dela? De acordo com a lei judaica, alguém extremamente aborrecido pela Sucá está isento; então os pagãos que se achavam aborrecidos na Sucá foram tecnicamente isentos. Isto é o aspecto mais estranho para as idéias pagãs: se um d’us pede algo difícil, você está isento? A resposta dos pagãos foi chutar a Sucá, como se falassem: “Chega.

Como um homem espera se relacionar com este tipo de d’us?”. Por isso, então, Sucot é uma experiência exclusivamente judaica: viver com D’us, lembrar os dias de nossa juventude, quando seguíamos D’us como noivos cegos de amor, não questionando, e sim, aceitando e confiando. [2]

III. Shemini Atseret e Simchát Torá – O dia imediatamente após Sucot, o oitavo dia desde o início de Sucot é chamado de Shemini Atseret (05 de outubro, 2015, 22 de Tishrei 5776), e também é um dia sagrado. É um dia sagrado à parte, ordenado na Torá e rezas especiais mencionam a antecipação de chuvas vindouras. Nos tempos Talmúdicos (século 3 EC) essa data também foi estabelecida como as festividades de Simchát Torá – Dia do Júbilo com a Torá (06 de outubro, 2015, 23 de Tishrei 5776). Neste dia o ciclo de leitura da Torá nas sinagogas é terminado e iniciado novamente (veja Shabat com relação à leitura da Torá). Simchát Tora é realmente uma festa de muita alegria, particularmente entre a população religiosa, e existem muitos costumes diferentes que expressam a alegria neste dia santificado.

Costumes da Festa – Hakafot – Dançar em círculos com a Torá. Nas sinagogas, os rolos da Torá, que são sempre mantidos em um local especial chamado de Aron Kodesh, ou Arca Sagrada, são tirados de lá e os homens dançam com eles ao redor da sinagoga. Durante o serviço de reza noturna é costumeiro dançar com os rolos da Torá fora da sinagoga, para que toda a congregação possa compartilhar da atmosfera alegre. A Leitura da Torá – Durante os serviços matutinos todos os homens da congregação, incluindo as crianças, são chamados até o púlpito onde a Torá é lida, para fazerem uma oração de graças sobre a Torá. Bandeiras de Simchat Torá – São dadas às crianças bandeiras contendo símbolos da festividade, os símbolos religiosos são freqüentemente intercalados com símbolos sionistas ou nacionalistas. Informação Importante – Simchat Torá é uma festa significativa principalmente para os Judeus religiosos. Vale a pena visitar uma sinagoga neste dia e vivenciar um dos dias sagrados mais alegres do Judaísmo. [1]

  1. Sucot e um ano de alegrias – Em Rosh Hashaná e Yom Kipur, o clima era sério. Em Sucot, nós conseguimos a mesma intimidade e introspecção com alegria, tingida com a paz e o prazer do Shabat, estendendo-se ao longo do ano. As Festas Judaicas nesta época do ano formam uma série. De Rosh Hashaná ao fim de Sucot, uma por uma, cada festa nos faz mais próximos de cumprirmos nosso objetivo de ser um judeu neste mundo. Em Rosh Hashaná, nós nos dirigimos a D’us, proclamando-O um Rei sobre nós. Em resposta, D’us derrama um novo fluxo de força vital sobre o mundo para dar vida a cada detalhe para o próximo ano. Em Yom Kipur, cada um de nós se aproxima de D’us, entrando no santuário interior, como o Cohen Gadol fazia ao entrar no Santo dos Santos com um incensário. Esta grande intimidade com D’us leva à pureza e ao perdão espirituais. Então, vem a Festa de Sucot (este ano com início dia 19 de setembro).

Como Sucot se relaciona aos especiais dias anteriores? Bem, vejamos como nós cumprimos o mandamento de Sucot. Existem dois Mandamentos essenciais. Um é o de morar em uma Sucah, a tradicional tenda ou cabana com telhado feito de galhos e folhas. O segundo é o de agitar as quatro espécies de vegetais: o ramo da palma (Lulav), a fruta cítrica (Etrog), a mirta e o salgueiro. Estas duas formas de observância de Sucot estão conectadas entre si. A Sucah representa a abrangente Presença Divina que envolve a todos nós. D’us está em todo lugar e dá vida a tudo. A Sucah expressa a atmosfera de Santidade Divina na qual vivemos. Assim, nós entramos na Sucah, sentamos nela, comemos nela. É o único mandamento que nos envolve inteiramente.

Entretanto, às vezes acontece que ser envolvido até mesmo pelo mais desejável dos ambientes pode nos tornar frios e desinteressados. Aí chegamos ao segundo Mandamento de Sucot. Ao agitarmos as quatro espécies de vegetais, nós expressamos a idéia de que estamos tocando a poderosa força de D’us que envolve a todos nós, trazendo-a para o nosso mais íntimo interior. Isto também é expresso pela forma com que agitamos o Lulav e o Etrog. A forma com que tradicionalmente agitamos o Lulav é vibrando-o gentilmente, movendo-o para frente e para trás em nossa própria direção a partir de todas as seis direções (1). Alguns enfatizam que o movimento deve ser feito em direção ao coração. A ação expressa trazer vida e o brilho Divino para nós mesmos, desde todas as direções, em direção ao nosso coração e ao nosso ser. Existe o costume de agitar o Lulav na Sucah, enfatizando a idéia de que o brilho envolvente expressado pela Sucah é trazido para o nosso mais íntimo ser ao agitarmos o Lulav: um fluxo de bênçãos Divinas, trazendo sucesso a todo aspecto de nossas vidas. Assim, Sucot dá continuidade ao tema que começou em Rosh Hashaná e Yom Kipur. A força de vida renovada obtida de D’us graças às nossas orações e o Shofar de Rosh Hashaná é agora trazida ao nosso próprio ser através do agitar do Lulav e do Etrog. E, sentando na Sucah, nós sentimos a intimidade com D’us que nós vivenciamos em Yom Kippur. Os Sábios nos dizem que os galhos e as folhas que cobrem a Sucah se relacionam à nuvem de incenso perfumado no Santo dos Santos.

Este ano, assim como nós não tocamos o Shofar no primeiro dia de Rosh Hashaná, também não agitamos o Lulav no primeiro dia de Sucot, pois estes dias coincidem com o Shabat. Shabat é um dia de prazeres, oneg. O próprio Shabat representa o fluxo de espiritualidade exaltada, do mais alto nível até aqui bem embaixo, para o nosso divertimento físico. No Shabat, nós não precisamos tocar o Shofar, nem agitar o Lulav. O fluxo que vem de cima os substitui automaticamente através do poder do Shabat. Este senso de prazer se espalha desde Rosh Hashaná, através de Sucot, e por todo o ano à frente. Em Rosh Hashaná e Yom Kipur, o clima era sério. Em Sucot, nós conseguimos a mesma intimidade e introspecção com alegria, tingida com a paz e o prazer do Shabat, estendendo-se ao longo do ano (2). Possa tudo isto trazer bondade e bênçãos concretas a todos!

Referências: (1) O costume geral é 3 vezes em cada direção: Leste, Sul, Oeste, Norte, para cima e para baixo (Kitzur Shulchan Aruch sec. 137). O costume Chabad é: 3 vezes cada para Sudeste, Nordeste, Leste, para cima, para baixo, 2 vezes Sudoeste e, finalmente, 1 vez para Oeste. (2) Ver o Hitva’aduyot 5743 do Lubavitcher Rebbe vol.1, 159. [3]

III. Sucot – Alegria e Reflexão Combinam?Ecologia

Durante cada um dos dias de Sucot recitam-se preces especiais para que o novo ano traga prosperidade para a terra e saúde aos homens. Hoshana (daí o Hoshaná cristão) = salva-nos: no sétimo dia da festa, Hoshana Rabá, agitam-se, durante a oração da manhã, ramos de salgueiros, árvore que cresce à margem dos rios e que simboliza a água que corre em abundância. São renovados os pedidos a Deus que lave as faltas, que ajude no ano que começou. Quando o templo existia celebrava-se a festa da água (Simchat Beit Ha-Shoevá). Hoje, em Israel, são feitas festas populares e campestres. Um aspecto particular de Shmini Atzeret é a oração por chuva, porque nesta época o mundo é julgado em relação à água. Nas orações se introduz a frase, que será recitada até Pessach: meshiv há-ruach u morid ha-gueshem (faz com que o vento sopre e a chuva caia). Esta reza dá expressão à natural ansiedade que se sente em Israel durante a estação das chuvas, já que a ausência delas significa fome, sede e enfermidade. Esta oração é feita para o dia final da festividade, para não invocar a chuva justamente quando se necessita de um bom tempo para habitar a Sucá.

Depois de todas estas considerações (ou devaneios) o que você me diz: reflexão e alegria não combinam bem? Afinal, que maior alegria pode haver do que quando encontramos, dentro de nós mesmos a unidade, a integridade? Shalom (hebraico) e Salam (árabe), que todos sabem que significa paz (embora não tenhamos ainda conseguido aprender como fazê-la), significa em sua raiz, inteiro, completo. E se conseguirmos ficar inteiros, podemos encontrar a paz (interior); se conseguíssemos ficar inteiros, unidos na diversidade, não teríamos encontrado a paz? E esta não seria o maior motivo de alegria ? o melhor modo de festejarmos zman simchatenu (o tempo da nossa alegria) ? Chag HaSucot Sameach! Viva o Judaísmo! Judaísmo faz bem! Judaísmo é alegria! [4]

Fontes: [1] Ministério do Turismo de Israel – Estado de Israel: http://www.goisrael.com.br/Tourism_Bra/Discover%20Israel/Holidays/Paginas/Sukkot.aspx

[2] Aish.Brasil, Festas Judaicas: http://www.aishbrasil.com.br/new/artigo_sucotferiado.asp

[3] Dr. Tali Loewenthal – Diretor do Chabad Research Unit, Londres, Tradutor: Moishe (aka Maurício) Klajnberg, 15 de setembro de 2013: http://glorinhacohen.com.br/?p=9708

[4] http://sinedrion.ning.com/profiles/blogs/sucot-alegria-e-reflex-o-combinam

Coordenador: Saul Stuart Gefter



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