A Parashat Ha’azinu é uma das porções semanais da Torá e pode ser encontrada no livro de Devarim/Deuteronômio, capítulo 32, versículos 1 a 52. Ela é única em muitos aspectos, pois é apresentada em forma de uma canção poética entoada por Moisés, momentos antes de sua morte, quando ele reúne os filhos de Israel para transmitir uma mensagem de admoestação e esperança.
Resumo da Parashat Ha’azinu
Nesta parashá, Moisés convoca os céus e a terra como testemunhas de suas palavras e canta uma canção que serve como testemunho perante D’us e o povo de Israel. A canção começa com a invocação “Ha’azinu hashamayim v’adabeirah, v’sishma ha’aretz imrei fi” (Ouça, ó céus, e falarei; e que a terra ouça as palavras da minha boca). A canção é uma narrativa poética que traça a história de Israel desde sua criação até seu relacionamento com D’us e os eventos que se desenrolaram ao longo do tempo.
Moisés destaca como D’us escolheu Israel como Seu povo e os protegeu, mas também como o povo frequentemente se afastou Dele, provocando Sua ira. Moisés adverte sobre as consequências da apostasia e como D’us, em Sua justiça, pode punir Israel, mas também promete que D’us se lembrará de Sua aliança e redimirá Seu povo.
O que dizem os sábios
Sábios sefaraditas, como Rashi e Ramban, ofereceram percepções valiosas sobre a Parashat Ha’azinu. Rashi, por exemplo, destaca a palavra “Ha’azinu” como uma chamada especial à atenção, ressaltando a importância das palavras de Moisés. Ele também comenta sobre as referências às asas do “shor,” o boi, e como elas simbolizam a proteção divina sobre Israel.
Ramban, por outro lado, enfatiza a relação especial entre D’us e Israel e como a história de Israel é uma prova da fidelidade divina. Ele também comenta sobre a promessa de D’us de vingar o sangue de Seus servos, indicando que Ele não esquece as injustiças cometidas contra Seu povo.
Comentários Talmúdicos e Midrashim
O Talmude e os Midrashim oferecem insights adicionais sobre a Parashat Ha’azinu. Por exemplo, o Talmude Babilônico (Tratado Sotah 49b) discute o uso da metáfora da chuva como doutrina, destacando como a Torá é uma fonte de vida espiritual para o povo de Israel.
O Midrash Rabbah (Deuteronômio Rabbah 1:29) discute a relação entre D’us e Israel, enfatizando como D’us “carrega” Seu povo como uma águia carrega seus filhotes. Essa imagem simboliza a proteção divina e a relação de cuidado com Israel.
Visão Cabalística
Comentários cabalísticos sobre a Parashat Ha’azinu frequentemente se concentram na interpretação mística e esotérica do texto. A Cabala destaca a relação simbólica entre os elementos do texto e a esfera divina.
Por exemplo, a canção de Moisés é vista como uma expressão das dez emanações divinas na Cabala, cada uma representando aspectos diferentes de Deus. Os versículos são vistos como expressões de diferentes níveis espirituais e como um chamado para elevar a consciência espiritual.
Conclusão
A Parashat Ha’azinu é uma obra-prima poética e espiritual que captura a história e a relação entre D’us e Israel. Os sábios sefaraditas, o Talmude, os Midrashim e os comentaristas cabalísticos oferecem uma visão rica e multifacetada desse texto sagrado.
Rashi e Ramban destacam a importância das palavras de Moisés e a fidelidade de D’us à Sua aliança. O Talmude e o Midrash fornecem insights sobre a simbologia por trás das metáforas utilizadas por Moisés. Os comentários cabalísticos elevam a compreensão do texto para um nível espiritual mais profundo.
Em última análise, a Parashat Ha’azinu nos lembra da relação especial entre D’us e Seu povo e da importância de permanecer fiel à aliança divina. É uma canção de admoestação, mas também de esperança, mostrando que, apesar das falhas humanas, D’us é sempre fiel e redentor. É uma mensagem atemporal que continua a ressoar na vida dos que buscam uma conexão mais profunda com o divino.
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