Congregação Judaica Shaarei Shalom – שערי שלום

Tempo de leitura: 15 Minutos

por: Rebbetzin Denah Weinberg

É um costume acender velas em jantares românticos. O Shabat, por si só, é como uma canção de amor. Olhe em volta. O mundo é um lugar escuro. As pessoas estão vagando à procura de significado.  Estão testando uma filosofia, esta religião. Elas procuram no escuro. Onde estão as respostas? Cadê a luz?

A luz foi criada no primeiro dia, e diz a Torá:” E foi bom.”

É uma mitzvá da mulher acender as velas de Shabat. É um privilégio da mulher trazer a “bondade” no mundo através da luz. Como duas pequenas chamas trêmulas de um candelabro pode trazer a luz e iluminar um mundo tão grande e escuro?

O acendimento das velas antecipa o Shabat. Deste modo, estas pequenas luzes  nos conduzem  a uma luz  ainda maior,  a do Shabat.

O SHABAT É UMA GRANDE LUZ – A luz no fim do túnel é brilhante e quebra a escuridão. O Shabat também é considerado um “rompimento” da escuridão. Não é somente o dia em que paramos de trabalhar. Shabat é o Dia das Velas, o Dia da Luz, quando podemos ver claramente nosso objetivo neste mundo. O Shabat é o dia em que percebemos que temos uma alma.

A alma propriamente dita é chamada de vela, a vela de D´us, e portanto, é a luz do mundo. Traz a espiritualidade ao corpo e ao materialismo. Sem esta, o mundo estaria num estado oficial de escuridão. É a alma que nos conecta a D´us. Semelhantemente, o Shabat é a alma da semana. Sem ele, o mundo é como um corpo sem alma. Quando as mulheres acendem as velas, damos as boas-vindas a uma luz extra no mundo.

Você sabia que no Shabat temos uma alma extra? Durante o resto da semana, uma alma é poderosa o suficiente para receber santidade. Mas, precisamos de duas almas para lidar com toda a santidade extra que entra no mundo durante o Shabat.

É muito fácil ignorar a alma e a espiritualidade extra que temos no Shabat, e passar o dia só comendo e dormindo. Devemos nos perguntar: “este é o modo mais eficiente de usarmos nossa alma extra?”.

Certa vez ouvi dizer que é muito mais fácil superar conflitos internos no Shabat do que nos outros dias da semana, pois durante a semana há somente uma alma, enquanto no Shabat são duas almas: duas almas versus um corpo. No Shabat, as chances de estarmos no controle são maiores.

ILUMINAR A ALMA – Acendemos velas em jantares românticos, não é? O que torna um quarto iluminado com velas um ambiente romântico? São as velas, elas juntam as pessoas num nível de alma. Vai além do ato de fazer uma refeição, que é mundano, físico. A conexão de duas pessoas está num nível espiritual e profundo. Isto é emocionante e romântico! E são as velas que fazem isto.

Assim também é o Shabat. As velas nos unem com o próximo e com D´us. Nossa alma vai até Ele e vice-versa. O Shabat é uma canção de amor. É romance. É o nosso compromisso com D´us . (Lembre-se, no Shabat, não se concentre na comida e sim em seu compromisso com D´us!)

São as mulheres que acendem este romance com D´us. É isto que significam as velas de Shabat.

Então vamos dar a está mitzvá sua dimensão espiritual adequada. Você sente a luz de Shabat? Você sente sua alma se iluminar?

Nossa tradição nos dá diretrizes para que possamos sentir a dimensão espiritual ao acender as velas. Compre castiçais bonitos; tenha certeza de que tanto eles quanto a bandeja em que descansarão as velas estejam bem polidos para enfatizar a importância desta mitzvá. Acender as velas com óleo de oliva é considerado muito bom, pois produz uma luz intensa. Esteja vestido com roupas bonitas durante o acendimento da vela e, é claro, estar na hora certa (18 minutos antes do pôr-do-sol na sexta-feira à tarde). Prepare, pense, e esteja centrado nesta grande experiência.

CONEXÃO  DA ALMA – Nossa tradição também nos conta algo notável. Para ajudar seus filhos a cumprirem seu potencial no mundo, a mulher deve estar tremendamente feliz ao acender as velas de Shabat. O que os pais não fariam para ter bons filhos? Pagam caro para que estudem nas melhores escolas; lhes dá atividades extracurriculares, passatempos e férias para estimular suas mentes e fortalecer seus corpos; os alimenta muito bem com comidas saudáveis; e lhes compra roupas boas. Porém, fontes judaicas dizem que uma das coisas mais importantes que podemos fazer por nossos filhos é sermos cuidadosos e felizes ao acender as velas de Shabat. Este é nosso investimento para que nossos filhos mereçam tudo de bom, sabedoria e satisfação espiritual.

As velas de Shabat também trazem paz na casa. Como? As pessoas apreciam a comida de Shabat com uma luz extra. E existe algo mais profundo. As velas conectam as pessoas num nível espiritual. As almas não lutam, os corpos lutam. A luz das velas desperta uma conexão de alma entre as pessoas, que traz uma verdadeira paz dentro de casa.

O Shabat nos lembra que existe a criação e o Criador. Da mesma maneira que o Shabat vem após seis dias de trabalho, nossa conexão fundamental com D´us estará no Mundo Vindouro, após muitos e muitos anos de trabalho! Isto é um fato lúcido e nos traz sanidade.

Os seres humanos perguntam “por que estamos vivendo, qual nosso objetivo?” As luzes de Shabat respondem: para uma eternidade de luz, calor e proximidade com  D´us.

O Shabat é o propósito da semana, não é somente uma parada para descansar para a próxima semana. Na verdade, trabalhamos a semana toda ansiando por este dia de prazer. Existe até uma tradição de contar os dias que antecedem o Shabat. “Estamos chegando lá… Estamos quase lá… Finalmente chegou!” É como uma noiva que conta os dias para o seu casamento; não porque o casamento marcará o fim de suas preparações, e sim porque é um objetivo, uma meta.

Shabat é o nosso objetivo e destino. No Shabat todas as dificuldades da semana que passou vão para uma nova realidade. No Shabat, toda dor se transforma em beleza, em novos desafios.

Que possamos acender a vela alegre, cuidadosamente e com muita felicidade, até que o mundo todo esteja iluminado com as luzes de Shabat.

Reimpresso com permissão de: ”Jewish Women Speak About Jewish Matters”– . Publicado por: Targum Press,Inc. 16 de maio de 2004. (1)

  1. GUIA PARA GUARDAR O SHABATPor: Reb Zalman Schachter Shalomi
  2. A mente deve ser tomada por uma urgência. Logo será Shabat! Você deixa de comer uma refeição completa no almoço para Ter a chance de ficar com fome e não so-mente com apetite. E também sua a camisa. Segundo alguns autores espirituais, este suar da camisa é considerado uma forma de purificação.
  3. Limpe a casa, mesmo que já esteja limpa ou com pouca coisa para arrumar. Tome um banho em honra do Shabat, barbeie-se ou arrume o cabelo. Se puder, dê um mergulho no mar, num lago ou numa piscina.
  4. Agora, desacelere deliberamente. Cantarole uma melodia devagar. Mude suas rou-pas, escolha coisas que você nunca usa a não ser no Shabat. Reserve algum dinheiro para tsedaká (doação) para ser dado numa esquina, como quiser, antes de acender as velas de Shabat.
  5. Sente-se num lugar onde possa ficar sozinho, sem falar. Faça uma teshuvá (retorno a D’us) pela semana. Deixe os eventos da semana desfilarem perante os olhos de sua mente. Separe o que foi bom do que foi ruim, apresente o que foi ruim a D’us e peça perdão. Se há alguém com quem você tenha se zangado durante, procure-o, peça desculpas, reconcilie-se com D’us e os humanos. Respire fundo, recorde um pouco mais e centralize-se no estado parassimpático de consciência. Tenha o cuidado de mudar seus sentidos para o clima de Shabat. Pratique o que A.J.Herschel chama de assombro radical: veja as coisas cotidianas com a aura de milagre que elas têm.
  6. Acenda as velas, estude um pouco de Torá. Se uma personagem histórica o intriga especialmente, imagine-a como uma convidada em espírito.
  7. Aceite sobre si a regra de não falar sobre coisas do dia-a-dia, sem formalidades e nem falas predeterminadas. Se possível, passe a falar em hebraico. Franz Rosenz-weig achava esta prática de “sem o discurso habitual” especialmente útil para o Shabat.
  8. Chegue cedo no trabalho e, antes de começar, reze para que tenha capacidade de servir a D’us durante o serviço.
  9. Sirva – participe – responda – leia para fora e para dentro. Dirija-se a Ele. Nos mo-mentos de silêncio fique passivo e não force nenhuma meditação sobre o Shabat. Es-te forçar você pode fazer durante a semana. Permita que a liturgia fale por você.
  10. Faça o kidush (santificação do tempo do Shabat sobre o vinho). Beba o vinho como um presente especial das mãos da Mãe Shabat. Quando se sentar à mesa, lave as mãos e coma um pouco de chalá (pão trançado) depois da bênção. Considere o ato de comer como uma mitzvá, um ato sagrado, mergulhando primeiro o pão em sal. Coma falando pouco, a não ser sobre coisas que tenham a ver com Shabat, a Torá e a oração. Cante vagarosa e agradavelmente. Durante a refeição, tenha a intenção de ser como um sacerdote que oferece os reinos minerais, animal e vegetal a D’us. I-magine que você é a oferenda e que a mesa é o altar. Aprecie a comida mastigando devagar e dê graças por este sentido de prazer que D’us nos deu.
  11. Cante algumas canções tiradas do livro de rezas. Então recite a bênção após as refei-ções devagar e com gratidão. Esteja presente em cada palavra que pronunciar. Dê um passeio silencioso com um amigo.
  12. Quando a noite terminar, faça suas preces de antes de dormir. Uma vez que você pronuncie as palavras “em Suas mãos”, não fale novamente até acordar na manhã seguinte. Em pensamento, dê graças a D’us pelo seu Shabat até agora. Deite-se para um sono relaxado e tenha a consciência, todo o tempo, de que você está sendo em-balado pelos “Braços Eternos”.

SIM

  1. Faça suas compras de gêneros básicos na quinta-feira. Reserve a Sexta-feira apenas para as compras de alimentos especiais de seu agrado e de sua família.
  2. Fique em casa. Passe tempo de qualidade com a família e os amigos íntimos.
  3. Celebre com outras pessoas à mesa, na sinagoga, com a comunidade/Havurah ou com aqueles com os quais melhor pode compartilhar seu apreço pelo mundo de Deus.
  4. Estude ou leia alguma coisa que lhe edifique, lhe desafie ou lhe faça crescer.
  5. Fique sozinho. Reserve algum tempo para si mesmo. Volte-se para dentro de si, revendo sua semana e perguntando onde você está em sua vida.
  6. Marque o início e também o final deste tempo sagrado com o acender das velas e o kidush na Sexta-feira à noite e a havdalah no Sábado à noite.

NÃO

  1. Faça qualquer coisa relacionada com sua vida profissional. Isto inclui leitura obrigatória, cumprimento de obrigações sociais indesejadas, deveres de casa para crianças, qualquer preparação para o trabalho, além do trabalho em si.
  2. Gaste dinheiro. O ambiente de Shabat é melhor preservado quando há completa separação da cultura comercial.
  3. Faça negócios. Não telefone para seu corretor, não responda a anúncios, não pague contas. Relaxe: tudo isto pode esperar.
  4. Viaje. Especialmente longas distâncias que envolvam aeroportos, hotéis e situações comerciais afins. Distancie-se de encontros onde as pessoas possam lhe desejar “Tenha um bom dia”.
  5. Utilize entretenimento enlatado comercial. Crie situações em que você fique cara a cara com aqueles à sua volta, ao invés de juntos mas defronte a uma tela onipotente. (2)

III. As Velas do Shabat – O acendimento das velas no shabat é  um costume que advém desde os tempos bíblicos, quando se acredita que a matriarca Sara acendeu uma lamparina que ardeu miraculosamente de Shabat a Shabat. Rebeca, por sua vez,  recitava a bênção sobre a mesma lamparina.  Assim, esta é a tradição de 3700 anos que as mulheres judias observam  na chegada do Shabat, trazendo mais luz ao mundo.

 

À hora do acendimento das velas sempre foi um momento muito especial. Através das gerações, a mulher judia elegeu este momento para recitar uma oração pessoal, pedindo saúde, bem-estar físico e espiritual para sua família. Pois a base da vida judaica é a vida no lar, pelo acender das velas introduzem-se no ambiente da casa a santidade do Shabat.

 

Compreendemos porque as mulheres piedosas de todas as épocas cuidaram tão escrupulosamente desta Mitzvá. Seus candelabros lhes eram mais preciosos que as jóias e preparavam-se a tempo para a hora de receber o Shabat: a casa estava impecável, os alimentos de Shabat antecipadamente prontos, a mesa arrumada com belos talheres e louças e toda a família vestida com suas melhores roupas.

 

Cada aspecto colaborava para que a luminosidade do Shabat fosse perfeita. Este brilho que iluminou os lares judaicos de semana a semana através dos anos, continua perpetuando e recordando-nos a futura Redenção, como expressaram nossos sábios:  “Se cuidarem do acender das velas de Shabat, terão o mérito de ver as luzes de Tzion na Redenção do povo judeu.”

 

Algo extraordinário acontece cada vez que você acende as velas em homenagem ao Shabat, além disso, a mulher se sente vinculada ao seu povo. Acredita-se que este ato pode iluminar e inspirar uma futura paz eterna para o mundo e para todo o povo de Israel.

 

O Shabat também é um dia que serve como fonte de bênção, uma preparação e inspiração para os próximos seis dias de trabalho da semana.

 

O motivo das duas velas em comparação a Torah – Cada Mitzvá da Torá é comparada a uma vela: “Ki Ner Mitsvá Vetorá Or” (“Uma Mitzvá é uma vela e a Torá é luz”).

 

Cada Mitzvá cria uma luz espiritual e a luz, ou sua chama, elevando-se, aproxima a pessoa da Divindade. A chama é comparada à alma; da mesma forma que uma chama sempre se direciona para cima, a alma quer conectar-se com D’us.

 

Esta mensagem de luz, símbolo universal de claridade, visão, conhecimento e verdade, encontram-se intimamente ligada à mensagem do Shabat.

 

No mínimo duas velas são acesas correspondendo às duas expressões “Zachor” e “Shamor” que são mencionadas nos Dez Mandamentos.

 

“Zachor” – “Recorda o dia de Shabat para santificá-lo” (Êxodo 20:8)

“Shamor” – “Guarda o dia de Shabat para santificá-lo” (Deut. 5:12), refere-se a abster-se de qualquer categoria de trabalho (Melachá) inadequado a este dia especial.

 

Local apropriado para o acendimento

 

  • As velas devem ser colocadas no recinto onde a família faz a refeição de Shabat, para evidenciar que foram acesas em sua honra. Elas não devem ser acesas em um lugar e depois transportadas para outro.

 

  • As velas devem ter um tamanho mínimo que permita estarem acesas pelo menos até o final da refeição de Shabat.

 

  • Após acesas as velas, é proibido mover os candelabros até o final do Shabat; esta é a razão pela qual a maioria das mulheres prefere acendê-las próxima à mesa, mas sob um balcão, mesa auxiliar, aparador, etc. certifiquem-se de acender em local conveniente para deixar os castiçais por toda a duração do Shabat.

 

Quem acende as velas

 

  • Esta obrigação recai principalmente sobre a mulher. Ela deve acender as velas com alegria, pois pelo mérito desta Mitzvá terá filhos iluminados pela Torah e tementes a D’us, o que trará paz ao mundo, e proporcionará a seu marido vida longa.

 

  • Se o homem vive só, deve acender as velas pronunciando a devida benção.

 

  • Há um costume citado no Talmud, que o marido também pode participar deste importante Mitzvá, auxiliando na preparação das velas, queimando antes os pavios, facilitando seu acendimento posterior. Porém, no dia de Yom Tov isto não pode ser feito, uma vez que não é permitido apagar as velas.

 

  • Caso haja várias mulheres na casa, cada uma delas deve acender suas próprias velas no mesmo local e recitar a bênção devida, desde que o façam em candelabros separados..

 

  • Meninas com mais de 3 anos também devem acender uma vela.

 

Número de velas

 

  • As mulheres casadas devem acender pelo menos duas velas referentes a “zachor” (lembra) e “shamor” (guarda) – as duas expressões usadas por D’us ao proclamar a santidade do Shabat nos Dez Mandamentos.

 

  • Em algumas comunidades costuma-se acender uma vela a mais para cada filho. Por exemplo, uma mãe com três filhos acenderá cinco velas. Uma das razões deste costume é que a luz simboliza a neshamá (alma) e para cada alma acrescenta-se uma nova chama.

 

  • Meninas e moças solteiras devem acender uma só vela.

 

O procedimento e costumes

 

  • Acende(m)-se a(s) vela(s). Se solta o fósforo aceso para que se apague sozinho (uma vez que o Shabat já foi recebido): o palito não é jogado e sim depositado cuidadosamente para que se extinga por si só.
  • Em Yom Tov também não é permitido grudar as velas, esquentando a cera na base. As velas podem ser encaixadas com ajuda de pedaços de papel-alumínio, cortados na véspera.

 

  • Logo em seguida cobrem-se os olhos com ambas as mãos para não fitá-las.

 

  • Recita-se a benção:

 

A bênção na véspera de Shabat – Baruch Atá A-do-nai, E-lo-hê-nu Mêlech haolam, asher kideshánu bemitsvotav, vetsivánu lehadlic ner shel Shabat kôdesh.

 

Bendito és Tu, ó Eterno, nosso D’us, Rei do Universo, que nos santificou com Seus mandamentos, e nos ordenou acender a vela do santo Shabat

 

  • Descobrem-se os olhos e ao ver a chama, desfruta-se do brilho e do calor das velas.

 

Shabat Shalom

 

  1. Shabbat – Série fazendo um dia sagrado

 

SHABAT EM CASA – Todas as sextas-feiras à tardinha, começamos a nos aprontar para viver o Shabat, com o aparecimento da 1° estrela inicia o Shabat – dia de descanso, um dia sagrado. Aquele dia que espiritualmente os diferentes mundos espirituais se unem. D´us desce e a o homem sobe. Abrimos os braços para receber a Noiva Shabat – a manifestação da divindade – a Shechiná.

 

Normalmente vivemos este dia sagrado através dos rituais da sinagoga, mas nossas casas são tão importante como, pois são consideradas como Templos, onde D´us deve residir. Logo, nossas casas devem ser preparadas para o Shabat, e podemos viver este belo dia em casa.

 

Este é um dia especial, onde o relaxar significa o RECEBER, estar aberto, onde buscamos não desejar, isto é sair de nossas ansiedades e inseguranças, que nos colocam a fazer sem parar. Agora, no Shabat é hora de parar e viver um outro estado de prazer – prazer para o corpo e prazer para a alma. “Muitas pessoas tendem a pensar no Shabat como um dia completo de “não faça” – não funcione, não cozinhe, não vá fazer compras, não dirija um carro, e assim por diante.” Mas muito mais do que não fazer o comum dos 6 dias, que nos parece um monte de restrições, na verdade o Shabat é um convite para estarmos numa outra consciência, estar em unidade. É quando podemos ir experimentando a cada shabat uma consciência divina, unindo céu e terra.

 

Os cabalistas dizem que no shabat tudo o que desejamos está ali, pronto para que nós possamos receber, então devemos parar de desejar. … (4)

 

Fontes:

(1) Aish Brasil: http://www.aishbrasil.com.br/new/artigo_velas_de_shabat.asp

(2) CJB, Barra de Tijuca: http://www.cjb.org.br/khokhma/shabat/shabat_guia.htm

(3) Postado por  Marion Vaz Brazil: http://eretzisraelmv.blogspot.com.br/2011/05/as-velas-do-shabat.html : http://www.chabad.org.br/shabat_novo/shabat_sub04.html

(4) Ecola de Kabbalah: http://escoladekabbalah.com/site/1/blog/?page_id=27

 

Coordenador: Saul Stuart Gefter



2 Responses

  1. Shalom,

    Nao sou judia, mas estou entendendo a palavra de Deus e comecei guardar os sabádos. Posso seguir esses ritos descritos acima, ja que nao sou judia? Isso é para todos que querem estar na obediencia a palavra de Deus?

    grata

    1. Antes de qualquer palavra em resposta às suas perguntas, que as bênçãos de Hashem lhe caiam sobre si por buscar o entendimento e seguir as Suas palavras. Que a vida lhe seja cada vez melhor e mais doce na medida do avanço neste caminho do aprimoramento espiritual e material.

      As mitsvoth contidas na Thoráh referem-se apenas às obrigações dos judeus. Infere-se, portanto que um gentio não possui nenhuma obrigação em cumprir as mitsvoth, sejam elas negativas ou positivas, pois elas têm um peso de dever. As únicas exceções são as Shev’a Mitsvoth Benê Nôaḥ [Sete Mandamentos dos Filhos de Nôaḥ], cujo cumprimento é obrigatório a todo e qualquer ser humano independentemente de fé (ou de ausência desta) ou nacionalidade, pois se referem às regras mínimas para a coexistência pacífica de toda humanidade.

      Entretanto, suas palavras apontam em uma direção que vai além dessas obrigatoriedades mínimas, indicando que seu coração despertou para um desejo maior. Mazal tov por isso.

      Na última festividade judaica que vivemos esta semana, Shavu’oth, comemoramos a Outorga da Thoráh ao povo judeu por Hashem. Dentre as mitsvoth e costumes judaicos desta festa, destacamos a mitsváh de ouvir as ‘Assereth HaDivroth [Dez Afirmações, que infelizmente foi mal traduzido para “Dez Mandamentos”]. Estas Afirmações contêm um elevadíssimo e inédito código de conduta ética que tornam as ‘Assereth HaDivroth nos pilares fundamentais para que uma sociedade torne-se justa, próspera e funcional. Entretanto, centrarei meus comentários apenas sobre a Quarta Afirmação, que segue abaixo.

      Lembre-se do dia de Shabath e santifique-o. Seis dias você trabalhará e fará todo o seu trabalho, mas o sétimo dia é o Shabath do teu Deus, o Eterno; não farás nenhum trabalho, nem tu, nem o teu filho, nem a tua filha, nem o teu escravo, nem a tua escrava, nem o teu gado, nem o estrangeiro que está nas tuas moradas. Porque em seis dias o Eterno fez o céu, a terra e o mar, e tudo o que neles há, e no sétimo dia repousou; por isso o Eterno abençoou o dia do Shabath e o santificou.” (Shemoth/Êxodo 20:8-11)

      De forma muito curiosa, percebe-se que de todas as Dez Afirmações, esta é a mais longa em número de versículos e também com o maior detalhamento. Isso mostra de forma inequívoca a sua grande importância para os judeus, assim como é um importante fator para a criação de uma sociedade justa.

      Aprofundando no estudo desta mitsváh, arriscaríamos afirmar que guardar o Shabath é uma das chaves para o estabelecimento desta almejada sociedade, pois pela primeira vez na História da humanidade, o ser humano foi elevado de forma prática à condição de um ser que foi feito à Sua Imagem e à Sua Semelhança, como podemos ler na última frase da citação acima. Podemos resumir que Hashem quer que nos elevemos à Sua condição, que entremos em equivalência de forma com Ele, pois está escrito, “sejais santos porque santo Eu sou”.

      De fato, até a outorga da Thoráh, os homens eram pouco mais que bestas de carga que trabalhavam interruptamente até o dia de sua morte. No caso do nosso povo, essa condição era agravada porque éramos escravos no Egito. E neste ponto, destaco o segundo aspecto ético desta mitsváh: o ser humano destina-se a ser livre, pois livre é Hashem. Como também está escrito, “nem teu escravo, nem tua escrava”, essa mitsváh ajudou a destruir a escravidão, tão comum naquela época e que manchou a nossa sociedade brasileira até o fim do Séc XIX e.c. Ao obrigar os então proprietários a dar um dia de descanso aos seus escravos, inoculava neles o “vírus da liberdade” que fatalmente os levariam a desejar a liberdade plena ao mesmo tempo em que reprimia o desejo e à necessidade de escravizar outras pessoas, destruindo gradativamente essa terrível e milenar chaga.

      Essa almejada liberdade não se limita apenas ao direito de locomoção, mas a todas as suas manifestações, inclusive de não ser escravo das paixões e das inclinações. Escravos não têm liberdade ou descanso. Escravos apenas obedecem aos seus senhores, sejam eles pessoas, desejo por poder, ideologias, vícios ou paixões.

      De acordo com o raciocínio acima, também podemos inferir que pessoas que se dedicam exclusivamente ao trabalho, sem dar-se pelo menos um dia de descanso semanal, são escravo do trabalho e do dinheiro. Ainda que essa pessoa seja dona do seu próprio negócio e que ganhe muito dinheiro, ela é escrava do seu desejo por dinheiro. É apenas um escravo rico que, ao longo de sua vida acumulará muita riqueza, mas que inexoravelmente a perderá em sua velhice com médicos e remédios para curar mazelas corpóreas e mentais que em grande parte poderiam ser evitadas se elas se permitissem a um repouso semanal verdadeiro e pleno junto à sua família e à sua comunidade e aos que lhe são caros. Durante a vida foi um escravo da ganância; durante a velhice, será escravo da doença e dos cuidados de pessoas cujo afeto foi prejudicado com sua negligência afetiva.

      A guarda do Shabath nos dá a oportunidade ímpar de criar as condições de aprofundar os nossos laços afetivos com nossa família, amigos e com a nossa comunidade. Aos nos afastarmos do trabalho por um dia, nós, judeus, podemos ir à sinagoga e estreitar laços com nossos amigos e familiares. Temos o dia para brincarmos com nossos filhos, visitar nossos pais e de estar todo o dia com nossos cônjuges. Podemos “recarregar nossas baterias” com alegria, boa comida, boa bebida, descanso e prazer sadio. Quem possui um cônjuge viciado em trabalho compreenderá a importância e a urgência dessas do espírito do Shabath como ninguém.

      Também está escrito “nem o teu gado”. Salvo fato desconhecido por este shaliaḥ, a Quarta Afirmação foi a primeira lei nacional em toda a História da humanidade que reconhecia o direito dos animais à dignidade. Durante o Shabath, esses mesmos animais não já não mais poderiam ser utilizados para transporte de carga ou trabalho agrícola, nem tampouco abatidos, ainda que fossem destinados ao consumo, sendo essa uma das melakhoth (trabalhos proibidos). Isto também levou o povo judeu a abster-se de tratar seus animais com crueldade durante os outros dias de semana, contribuindo para seu o refinamento espiritual individual e coletivo.

      Face ao exposto e após um mergulho ainda que não tão profundo nas dimensões éticas do Shabath, podemos agora responder às suas perguntas.

      1) “Posso seguir esses ritos descritos acima, já que não sou judia?” Resposta: A guarda do Shabath em toda sua integralidade é obrigação exclusiva dos judeus, não caindo sobre sua pessoa nenhuma obrigação de cumprir detalhadamente essa mitsváh. Desse jugo, a senhora está totalmente isenta. Quanto aos ritos de Shabath, não se preocupe tanto com eles, pois como a própria palavra sugere, ritos são cerimônias ou procedimentos que tem por objetivo criar um costume, um hábito ou uma rotina. Ritos não são conjunto de “palavras mágicas” que abrem “portais místicos” para as “energias do mundo espiritual”, halilah! Entretanto, se a senhora decidiu incorporar à sua vida os valores da dimensão ética da guarda do Shabath, bem como usufruir desses benefícios materiais e espirituais que advém de sua prática, irradiando-a para a sua família, seja no sábado ou em qualquer outro dia da semana, ḥazaq ubarukh. Parabéns! Apenas recomendamos que a senhora faça isso de modo gradativo e consciente de cada um desses aspectos éticos que destacamos acima.

      2) “Isso é para todos que querem estar na obediência à palavra de Deus?” Resposta: Não necessariamente. Como foi exposto acima, guarda do Shabath como cumprimento de mitsváh é exclusiva do povo judeu. Entretanto qualquer pessoa não judia pode trazer essa luz para sua vida, pois como foi exposto, o estabelecimento de uma sociedade justa, próspera e funcional não é tarefa exclusiva dos judeus, mas de todo ser humano. Isso independe de práticas religiosas ou até mesmo na crença em um Único Deus Universal. Esta é uma obrigação para todas as pessoas, sejam religiosas ou não. Portanto, até mesmo ateus carregam a ética como uma obrigação.

      Por fim, nós agradecemos a sua excelente participação. Convidamos ainda que, após um ano, a senhora retorne aqui neste espaço e nos conte os resultados dessa experiência. Tenho fé perfeita que a senhora e as pessoas de sua família perceberão melhorias em suas vidas assim como a senhora terá coisas boas para nos relatar.

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