Congregação Judaica Shaarei Shalom – שערי שלום

Tempo de leitura: 4 Minutos

A MÚSICA DOS JUDEUS SEFARADIM

 

Os sefaradim são os Judeus originários da Península Ibérica onde se estabeleceram desde a destruição de Primeiro Templo que data do Século VI  AC .

A partir do ano 711 os mouros conquistaram a Espanha colocando um fim da dominação da Península pelas tribos Germânicas dos visigodos sob cujo governo os Judeus sofreram terrivelmente.

Com a dominação árabe os califas muçulmanos deram aos Judeus liberdade religiosa e autonomia interna tendo, surgido a partir desta época em Granada, Toledo e outras cidades espanholas grandes comunidades Judaicas independentes.

Os contatos íntimos da comunidade judaica e comunidade árabe resultou numa civilização elevada que projetou a Espanha através desta cultura na Europa Medieval.

O período de ouro entre os séculos XI e XIII se caracterizou por um extraordinário intercâmbio entre as três religiões: Cristianismo, Islamismo  e Judaísmo promovendo um renascimento das artes e da literatura, ciência e filosofia jamais visto anteriormente.

A partir do século XIV alterações profundas ocorreram no relacionamento entre judeus e cristãos que afetaram a estabilidade das comunidades dos judeus sefaraditas.

Depois da expulsão da Espanha em 1942 os sefaraditas se dispersaram em várias direções criando novas comunidades na Europa, oriente médio e norte da África levando consigo a cultura acumulada durante séculos em Sefarad.

A temática principal das composições musicais era o Romanceiro embora também outras fossem abordadas como canções de bodas, canções infantis, bem como temática litúrgica e para litúrgica.

As letras das canções foram recuperadas através de manuscritos encontrados e preservados, porem as melodias somente foram transmitidas por via oral de pai para filho e tiveram que ser reconstituídas através de pesquisas exaustivas que foram realizadas nestes últimos cem anos por diversos pesquisadores com entrevistas a pessoas da comunidade sefaradita que conheciam as canções e que foram posteriormente transcritas..

No começo do século XX folcloristas e etnomusicólogos começaram a pesquisar e registrar as canções tradicionais e músicas  de seus compatriotas: Cecil  Sharp, na Inglaterra; Béla Bartóck, e Zóltan Kodály, na Hungria; John Lomax, nos Estados Unidos.

Nas comunidades sefaraditas, entre 1911 e 1916, Manuel Manrique de Lara foi o primeiro que fez um estudo extenso do repertório sefaradita. Ele coletou cerca de 2.000 letras e 400 músicas, preservando assim  um grande número de canções que poderiam ter desaparecidas.

A pesquisadora argentina Eleonora Kleinbort, cantora e musicóloga realizou pesquisas junto a judeus sefaraditas de Buenos Aires e outra cidades argentinas, bem como no Chile, Uruguai, e Paraguai entre 1968 e 1979, complementando os trabalhos dos pesquisadores que a antecederam.

Ela apresentou os resultados de sua pesquisa num Congresso sobre a Inquisição realizado em S.Paulo, em 1987.

La Rondinela é um conjunto musical fundado em Washington por quatro músicos, em 1987 que se dedicaram por muitos anos, explorando a rica tradição das músicas sefaraditas. Alice Koslovski é a cantora do conjunto. No CD  Songs of the Sefaradim, que eles lançaram em Nova York em 1993, encontram-se entre outras, as músicas bastante conhecidas, como  Ala Uno Yo Nací e Cuando El Rey Nimrod, que abaixo apresentamos:.

 

Cuando el rey Nimrod                                            Quando o rei Nimrod

 

Cuando el rey Nimrod al campo salía,                      Quando o rei Nimrod ao campo saia,

Mirava en el cielo y en la estreyeria,                         Ele olhava o céu e as constelações,

Vido una luz santa en la giuderia,                             Ele viu uma luz santa no quarteirão judeu,

Qua havia de nacer Avraham avinu.                         Onde Avram nosso pai haveria de nascer.

 

Avram Avinu, padre querido,                                  Nosso pai Avram querido pai,

Padre bendicho, luz de Israel.                                  Bendito pai, luz de Israel.

 

Saludemos agora el senhor parido,                            Saudemos agora  nosso recém nascido,

Que le seabesimman-tov este nacido,                       Que seja abençoado este nascimento,

Eliahu hanavi nos sea aparecido,                               Eliahu Hanavi apareceu diante nós,

E daremos loares al verdadeiro.                                E daremos  louvações ao verdadeiro.

 

Avram Avinu, padre querido,                                  Nosso pai Avram querido pai,

Padre bendicho, luz de Israel.                                  Bendito pai, luz de Israel.

 

Saludemos al compadre y también el moel,              Saudemos o padrinho e também o moel,(1)

Que por su zekhuty nos venga el goel,                      Por sua virtude Messias virá a nós

Y ri’hma a todo Israel            ,                                              Para redimir a todo Israel,

Cierto loaremos al verdadero.                                   Certamente louvaremos o verdadeiro.

 

Avram Avinu, padre querido,                                  Nosso pai Avram querido pai,

Padre bendicho, luz de Israel.                                  Bendito pai, luz de Israel.

 

  • Aquele que faz a circuncisão

 Praga : Bairro Judeu – Josefov

A comunidade judaica de Praga é a mais antiga da Europa e o Bairro Judeu existiu desde 1179, ano em que o Papa Inocêncio III decretou que cristãos deveriam afastar-se de judeus. A comunidade judaica viveu durante 700 anos confinada em um gueto cercado por um muro que só foi derrubado em 1848, sem contudo por fim aos conflitos. Mas, nada disso se comparou a pior de todas as tragédias, o Holocausto.

Enquanto lugares judaicos no resto da Europa eram sistematicamente destruídos, o Bairro Judeu, Josefov, foi preservado pelos nazistas que pretendiam usá-lo como um museu sobre o povo que exterminaram. Este bairro é hoje o ponto principal do turismo em Praga, com suas sinagogas e seu velho cemitério impregnados por séculos de história. Um dos pontos mais interessantes do Bairro Judeu de Praga é o antigo cemitério, que funcionou como tal até o séc. XVIII e junto ao qual se encontram algumas sinagogas.



Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *